Blast from the Past

Shaman King: Master of Spirits (GBA): um divertido metroidvania recheado de fanservice

Relembre a jornada do jovem Yoh em busca das páginas de um poderoso livro.

Criado por Hiroyuki Takei, Shaman King é um mangá que conta a história de Yoh Asakura, um menino de 13 anos que possui a capacidade de incorporar espíritos e usá-los em diversas atividades, principalmente em combates.

Além do mangá principal e alguns spin-offs, Shaman King recebeu duas séries em anime e alguns  jogos. Dentre os games lançados, um dos mais interessantes é Shaman King: Master of Spirits, publicado pela Konami em 2004 para o Game Boy Advance. Além de combinar elementos de ação e plataforma, o título apresenta aspectos de metroidvania.

Magister e Mephias

Um torneio denominado Shaman Fight acontece a cada 500 anos para decidir quem será o Xamã capaz de utilizar o espírito mais poderoso e se tornar o Shaman King. Com tal poder, essa pessoa poderá ditar as regras que governam o mundo. Com uma personalidade relaxada, Yoh Asakura deseja se tornar o Rei Xamã para poder viver uma vida sossegada e sem preocupações.

O enredo de Master of Spirits se passa durante o período do torneio. Em um dia qualquer, Yoh e sua noiva Anna são surpreendidos por um indivíduo chamado Magister. Após tentar roubar o Tome of the Shaman, um livro capaz de invocar almas poderosas, o antagonista acaba dividindo o manuscrito em algumas partes, dispersando-as em várias regiões.

O objetivo de Magister é ressuscitar Mephias, um poderoso Rei Xamã do passado, e utilizar seu poder. Neste contexto, cabe a Yoh recuperar o livro antes do vilão e impedir uma grande catástrofe.

Convenientemente, cada página acaba caindo em posse de algum dos personagens principais da obra original. O roteiro não é tão primoroso e segue por um caminho com diversas conveniências para que cada amigo do herói tenha um motivo para enfrentá-lo.

Elementos de metroidvania e muito fanservice

A despeito do enredo despretensioso, o maior acerto de Shaman King: Master of Spirits está no fanservice, pois o título entrega ao jogador a oportunidade de batalhar contra os personagens da série, além de permitir o uso de variados seres conhecidos.

O mundo de Master of Spirits se divide em fases que vão se conectando até se tornar um grande mapa. Durante os primeiros cenários, é tudo muito simples e fácil, com apenas alguns obstáculos e inimigos para pular e derrotar; no entanto, com o decorrer da campanha, as fases vão ficando cada vez mais complicadas.

Como um bom metroidvania, Master of Spirits apresenta numerosos locais bloqueados que só podem ser acessados com o uso de uma habilidade específica, e é aí que as almas entram. 

Além de desferir golpes com a espada, o jogador pode equipar dois espíritos que utilizam técnicas ativas, sejam de combate ou exploração, e mais três que fornecem efeitos passivos, como aumento de energia, vida ou velocidade. Desta forma, existe uma enorme variedade de construções para realizar em Yoh.

Para citar alguns exemplos, com Tokageroh, parceiro de Ryu Umemiya, podemos empurrar objetos; já com Corey, parceira de Horohoro, conseguimos congelar e quebrar paredes de fogo e adversários comuns. Vale destacar que as habilidades de ação requerem uma certa quantia de energia para ser utilizadas, e a barra é restaurada conforme os oponentes vão sendo derrotados.

São mais de 60 almas coletáveis, cada uma possuindo uma utilidade diferente. Enquanto algumas podem ser encontradas através da exploração, outras são adquiridas após derrotar algum boss. Na maioria das vezes, eles são os personagens da série, que, por alguma situação criada por Magister, se tornaram momentaneamente hostis ao protagonista.

Além da possibilidade de encontrar novos parceiros totalmente opcionais, a exploração também recompensa os curiosos com itens que servem para aumentar a barra de vida e energia de Asakura.

Apesar de os adversários que andam pelo mapa não serem tão complicados, as batalhas contra chefes são extremamente divertidas e punitivas, pois cada um deles possui movimentos diferentes e se comporta de forma surpreendentemente imprevisível. Por diversas vezes, esses inimigos passam a sensação de estarem sendo controlados por outro jogador.

Um ponto que acaba deixando as lutas desnecessariamente mais difíceis é o uso de itens de cura. Esses objetos são difíceis de conseguir, podendo ser raramente derrubados por inimigos abatidos ou comprados em uma loja no mapa geral por um valor elevado.

Um outro aspecto que deixa a desejar é a ausência de uma maneira de se transportar entre as fases. Caso o jogador esteja em uma ponta do mapa e deseje chegar na outra, deverá atravessar todos os cenários que estiverem entre os dois pontos. Na maioria das vezes isso não irrita, mas existem algumas fases que são bem chatinhas para ficar repetindo, o que pode acabar afastando pessoas que não gostam de backtracking.



A melhor forma de conhecer esse mundo

Para aqueles que desejam conhecer melhor o universo criado por HIroyuki Takei, recomendo fortemente a leitura do mangá de Shaman King. Digo isso porque nenhum dos dois animes foi capaz de entregar uma experiência à altura da fonte principal.


A primeira versão animada possui 64 episódios e foi transmitida pela primeira vez na TV Tokyo entre 2001 e 2002. Apesar de ser competente e ter um início semelhante ao presente no material original, o desfecho foi bem diferente. Essa versão está atualmente disponível no catálogo do Prime Video.


Primeira versão animada
Com a promessa de ser fiel ao mangá e contendo apenas 52 episódios, a nova animação estreou na TV Tokyo em 2021 e está atualmente disponível no catálogo da Netflix. O grande problema é: como adaptar 300 capítulos em tão poucos episódios?

Infelizmente, o resultado não foi eficiente, pois tudo é excessivamente corrido e sem emoção. Não há desenvolvimento suficiente dos personagens e as situações dramáticas não possuem nenhum peso ou urgência. Nem mesmo as lutas conseguem animar, sendo realizadas através de cenas quase estáticas.


Segunda versão animada
A obra em quadrinhos não é adulta ou complexa, mas certamente possui um bom desenvolvimento de relações e personagens. Nela, é possível entender o que move e o que pensa cada um dos indivíduos. Ademais, as mortes que acontecem possuem impactos que as animações não conseguiram transmitir.

Um dos melhores jogos de Shaman King

Lamentavelmente, o fanservice relacionado aos personagens e espíritos não se estendeu à trilha sonora. Acredito que teria sido extremamente positivo se tivessem utilizado as músicas do primeiro anime nesse jogo. 

Master of Spirits ainda recebeu uma continuação no Game Boy Advance, denominada Shaman King: Master of Spirits 2. Seguindo a premissa do anterior, essa entrada trouxe  alguns novos espíritos e inimigos. 

Mesmo não possuindo o melhor dos roteiros, Shaman King: Master of Spirits entrega uma jogabilidade eficiente. A grande variedade de almas oferece muitas possibilidades de builds para Yoh e recompensa o desejo de explorar. Somado a isso, a maioria dos chefes fornecem batalhas bastante desafiadoras, fazendo do título uma boa experiência para os entusiastas desse universo.




Revisão: Davi Sousa

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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