Análise: Remorse: The List (Switch) traz boas ideias, mas parece ter sido lançado antes de estar pronto

O título da Feardemic se inspira em clássicos para trazer um survival horror promissor, mas problemático.

em 02/03/2023
Inspirado em obras clássicas como Silent Hill e Resident Evil, Remorse: The List é um jogo de survival horror publicado pela Feardemic. Apesar de apresentar diversas boas ideias, o título também traz alguns problemas que são impossíveis de ignorar.

Em certo lugar da Hungria

A história se passa em uma cidade húngara chamada Hidegpuszta. Após despertar em um galpão estranho, o jogador encontra uma lista descrevendo três itens que devem ser encontrados. Mais adiante, vemos uma mensagem informando que devemos seguir o sangue no chão.

Obedecendo à sugestão, o protagonista chega a uma casa com um grande portão trancado. Na sua frente, há uma espécie de altar com espaços para posicionar os três objetos descritos no documento coletado anteriormente. 

Já nos momentos iniciais, podemos ver que algo muito grave aconteceu nessa cidade. Todo o enredo de Remorse gira em torno de descobrir o que aconteceu nesse local e qual a relação do personagem principal com tudo isso. Ainda que a narrativa não seja extraordinária e inovadora, ela consegue criar alguns mistérios e atiçar a curiosidade.



Um survival horror com todas as letras

Remorse: The List é um survival horror com tudo o que tem direito: diversos inimigos perigosos; inventário limitado; puzzles; e munição relativamente escassa. O grande diferencial fica por conta da sua não linearidade e, para chegar à área final, é necessário conseguir três objetos espalhados pela cidade. Nesse sentido, possuímos liberdade para navegar livremente por esse mundo e adquirir os artefatos em qualquer ordem.

Além do objetivo principal, a exploração é benéfica ao premiar os curiosos com novas armas, munições, mochilas que aumentam o inventário e alguns consoles portáteis que servem como colecionáveis. Vale destacar que se trata de um jogo curto, sendo possível terminá-lo em cerca de três horas.

Os desenvolvedores tiveram êxito em entregar uma ambientação sombria e assustadora. A maioria dos locais da cidade é escura e possui diversos elementos, como corpos, sangue, ferramentas e objetos, posicionados de uma maneira que aumenta o mistério e reforça que algo muito trágico aconteceu ali.

Para auxiliar no meio da escuridão, contamos com a ajuda de uma lanterna que precisa de bateria para funcionar. Os itens de recarga podem ser encontrados em diversos lugares, mas o holofote descarrega muito rápido, obrigando que o jogador faça um bom gerenciamento e o utilize apenas quando necessário.

Outro ponto que intensifica o terror é o ótimo uso do som que o título faz. Apesar de ter algumas músicas pontuais, em diversos momentos os únicos sons que conseguimos ouvir são os passos do protagonista, os insetos e os gritos de algum oponente aparecendo de repente.  

Conforme avança nas áreas da cidade, o jogador se depara com alguns puzzles criativos e satisfatórios de se resolver. Na maioria das vezes, as instruções ou dicas para resolvê-los se encontram em algum documento que pode ser coletado nas proximidades. Desse modo, a ausência de legendas em português se apresenta como um problema, pois impede que as pessoas que não entendem o idioma tenham dificuldade em compreender totalmente a história e os puzzles.




Como também é comum no gênero, o backtracking está presente, ou seja, em alguns momentos, devemos voltar para locais já visitados anteriormente, com um novo item ou ferramenta que permita o acesso a um novo caminho que antes era inacessível. No geral, as ruas e demais locais que o jogador percorre são bem construídos e possuem algum aspecto que facilita a memorização, como placas, árvores e até mesmo um cachorro.

Infelizmente, o combate não possui o mesmo brilho da exploração. Isso ocorre porque a sensibilidade da mira é horrível, fazendo com que acertar os tiros nos adversários seja um verdadeiro pesadelo. Somado a isso, temos o problema de alguns inimigos deslizarem pelo chão ou voarem em uma velocidade que deixaria o Sonic com inveja.



Os problemas impedem a experiência completa

Eu gostaria muito de dizer que os pontos negativos se limitam ao combate e a falta de tradução, mas infelizmente experienciei uma situação mais grave. Na parte final de Remorse, no caminho para o último chefe, o jogo simplesmente travou e fechou sozinho. Reiniciei algumas vezes, mas o erro sempre persistia.

Na data em que essa análise é escrita, Remorse ainda está em sua primeira versão no Switch, sem nenhuma atualização que resolva o problema. Por conta disso, tive que assistir os momentos finais por meio de uma gameplay da versão de PC no YouTube.

Remorse: The List possui potencial para ser uma boa adição à biblioteca de terror do Switch, pois entrega um enredo misterioso, puzzles satisfatórios de se resolver e uma exploração livre que se encaixa muito bem no gênero. Lamentavelmente, essa versão parece não estar completa, me impedindo de progredir nos minutos finais. Assim sendo, o que resta é torcer para que uma futura atualização resolva essa questão.



Prós:

  • Liberdade para explorar e adquirir os objetos em qualquer ordem;
  • Ambientação sombria, composta por diversos cenários e elementos que reforçam a tragédia na cidade;
  • Presença de puzzles satisfatórios de se resolver;
  • Boa utilização dos efeitos sonoros, aumentando a tensão que o local transmite;
  • Regiões bem construídas, permitindo que o jogador se localize sem grandes dificuldades.

Contras:

  • Ausência de legendas em português;
  • A sensibilidade terrível da mira faz com que os combates sejam irritantes;
  • Em minha experiência, o jogo parece ter sido lançado no Switch antes de estar pronto, pois travava e fechava sozinho na reta final.
Remorse: The List — PC/XSX/Switch — Nota 5.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Feardemic
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