Uma garotinha no submundo
A história começa com a pequena Meg chegando ao submundo, uma área em que monstros vivem. Sozinha nesse lugar perigoso, ela encontra dois monstros que a princípio não dão importância para ela e começa a chorar. Por algum motivo, esse ato simples parece dar início a um evento cataclísmico que é evitado por pouco quando um dos monstros consegue acalmá-la.
Ajudar Meg a encontrar sua mãe e voltar para casa é a motivação central da história, mas a trama possui uma boa variedade de reviravoltas. Conforme o jogador entende melhor as verdades escondidas por trás da história, é possível ver como o diretor e escritor Ryota Saito construiu um mundo bem amarrado que permite discussões para além da moral da história.
Embora o cerne do jogo seja a relação de Roy e Meg e o amadurecimento emocional do monstrengo durante a jornada, a forma como o mundo se estrutura é bem fascinante. Há algumas subtramas e eventos opcionais que o jogador pode explorar para saber mais. Infelizmente, esses momentos são poucos e o jogo é relativamente curto, o que acabou deixando alguns detalhes subdesenvolvidos.Vale destacar que Meg’s Monster conta com tradução para o português. Embora haja alguns errinhos ocasionais, a versão brasileira do texto é majoritariamente bem escrita. A tradutora, Marina Menezes, mantém o tom da escrita bem leve, utilizando-se de gírias comuns que se encaixam bem ao contexto da trama. Porém, em alguns trechos raros do jogo, as caixas de texto saem da tela, impedindo a leitura.
Um simulacro de RPG
Em termos de gameplay, Meg’s Monster segue um estilo que parece um RPG baseado em turnos. O combate é exatamente assim, mas é importante ter em mente que o jogo é muito mais linear que a média, não havendo batalhas opcionais. Com isso, não há espaço para melhorar os atributos de Meg e Roy, o que limita o jogador a sempre ter as mesmas condições para combater os inimigos.Roy é tão forte que seu HP é 99.999, mas Meg é muito mais fraca. Mesmo defendendo a personagem, sempre que Roy toma dano, Meg sente medo e fica mais próxima de chorar. Essa é a dinâmica principal do jogo, mas há algumas variações.
Quando Meg está em batalha, o jogador deve equilibrar o uso de três comandos: ataque, defesa e brinquedos. Embora na maior parte do tempo seja necessário atacar para poder avançar, Meg é muito frágil e é importante garantir que o seu “coração” não chegue a 0 para que ela não chore. Para isso, é importante brincar com ela entre os turnos de ataque. Já a defesa é especialmente útil quando o inimigo menciona que irá utilizar um golpe mais poderoso.
Com apenas Roy em algumas batalhas mais difíceis, o jogador já pode tomar muito dano e pode usar o Alcatrão Mágico para recuperar o seu HP, seguindo uma lógica de alternância similar. Após determinado ponto do jogo, são apresentadas algumas mecânicas de quick-time event e puzzle para incrementar o combate. São adições simples, mas que ajudam a dar um pouco de variedade às batalhas.
Outros detalhes que chamam a atenção no jogo são os seus aspectos audiovisuais. O visual 2D fofinho e bastante colorido é muito charmoso e ajuda a dar o tom de conto de fadas à obra. Ao mesmo tempo, a trilha sonora composta por Reo Uratani consegue ampliar as emoções das cenas, que é a parte central da experiência.
Um jogo singelo
Meg’s Monster é um jogo singelo que usa a aparência de RPG como mecanismo para contar sua história. Embora acabe sendo subdesenvolvido em alguns aspectos, é uma fácil recomendação para quem se emociona com histórias infantis com boas lições de moral.
Prós
- História emocionante sobre um monstro aprendendo sobre sentimentos em seu convívio com uma garotinha;
- Visual 2D fofinho e colorido;
- Trilha sonora que reflete bem a natureza de conto de fadas emocionante do jogo;
- Tradução para o português descontraída e majoritariamente boa;
- Curiosa utilização de mecânicas de quick-time event durante alguns trechos das batalhas.
Contras
- Gameplay demasiadamente simples e restritivo;
- Alguns detalhes da trama mereciam ser mais desenvolvidos;
- Raros momentos em que a caixa de texto acaba saindo dos limites da tela e cortando a fala.
Meg’s Monster — Switch/PC/XBO/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Odencat