Análise: Little Witch Nobeta (Switch) é um shooter capaz de ser fofo e frenético ao mesmo tempo

Além da amabilidade, seus traços soulslike proporcionam ótimos desafios para quem curte um bom jogo de ação.

em 03/03/2023
Little Witch Nobeta conta a história de uma bruxa com amnésia que investiga um castelo amaldiçoado ao lado de um pequeno gato preto. Os jogadores devem soltar feitiços e exterminar espíritos para descobrir a verdadeira origem da protagonista. 


Apresentando uma estética adorável e controles dinâmicos que desfrutam de uma perspectiva em terceira pessoa, o título cativa por sua capacidade de oferecer uma jornada envolvente no estilo shooter. Ainda assim, é preciso apontar que alguns de seus momentos são permeados por eventuais problemas de performance e fragilidades narrativas.

Uma bruxinha, um gato e um castelo

Em uma cena cinematográfica inicial, assistimos à bruxinha Nobeta se aproximar de um castelo que lhe provoca uma sensação de familiaridade, muito embora ela esteja completamente sem memória. Com determinação, a moça decide entrar e encontra um gato preto que imediatamente chama sua atenção por se tratar de um animal falante. 


O felino de pequeno porte conta que ela deve explorar a localidade até encontrar um trono, que poderá lhe ajudar na tarefa de recuperar as suas lembranças. Sem titubear, Nobeta e o bichano começam a explorar o castelo e descobrem que ele está cheio de perigos, incluindo monstros sombrios e bonecas amaldiçoadas que tentam matá-los. Assim, a bruxinha deve revidar com seu cajado, que é capaz de lançar poderosas magias em forma de projétil. 

Essa característica faz com que Little Witch Nobeta se torne um jogo de ação em terceira pessoa que alterna momentos de combate no melhor estilo shooter com trechos de exploração que consistem em desbravar os andares do castelo. Conforme progredimos, adquirimos novos poderes e conhecemos personagens que ajudam a elucidar os mistérios da trama. 

Durante os trechos iniciais, este enredo é forte o bastante para nos manter intrigados, incentivando as explorações pelas masmorras. Porém, com o tempo, a narrativa torna-se lenta e subdesenvolvida, raramente exibindo acontecimentos interessantes. Infelizmente, isso cria um certo contraste com a própria jogatina, que se destaca por ser envolvente do início ao fim, graças à sua intensidade.

Os encantos de um poderoso cajado

Nos ambientes sombrios do castelo, podemos controlar Nobeta em uma movimentação tridimensional bastante livre, o que inclui uma câmera controlável por meio do analógico direito. Quando o assunto é repertório de movimentos, a bruxinha se mostra capaz de correr, rolar e pular, conseguindo assim resolver inclusive pequenos trechos de plataforma que surgem em nossa trajetória.

É preciso enfatizar que os principais desafios realmente se apresentam dentro da vertente shooter da aventura. Com os gatilhos dos Joy-Con, podemos mirar e atirar com o cajado, que basicamente opera como uma espingarda, capaz de lançar diferentes magias elementais, como gelo e fogo. Assim, temos que derrotar os inimigos em batalhas que são divertidamente frenéticas, seja pela presença de chefes imponentes ou pela multiplicidade de inimigos simultâneos.

Tanto em termos de exploração quanto de embates, Little Witch Nobeta assume uma interface soulslike. Em outras palavras, isso significa que os ambientes incentivam a investigação dos cenários, com elementos ambientais e singelos quebra-cabeças, enquanto as batalhas costumam ser difíceis, pois exigem precisão nos tiros e rapidez na execução de esquivas.

Por conta de sua complexidade, é comum que a nossa jornada seja caracterizada por diversas mortes, mas não acredito que esses desafios sejam capazes de afugentar jogadores novatos — até porque, antes de iniciarmos a campanha, podemos escolher entre diferentes níveis de dificuldades, o que torna a jogatina mais acessível.

Outro facilitador para os embates está no robusto sistema de upgrades do jogo, que é acessível através das estátuas de checkpoint e possibilita diversas melhorias em nossos status, como pontos de vida, mana e ataque. 

Além disso, é bacana notar que o título possibilita variadas personalizações para os controles. Eu, por exemplo, estava passando dificuldades com a velocidade padrão da câmera, que é bastante rápida, então logo troquei para uma movimentação mais suave.

Nesse quesito, a única customização da qual senti falta foi a opção de ativar controles de movimento e o giroscópio, que são recursos usuais em jogos de tiro e poderiam se encaixar bem na jornada.

Uma fofura eventualmente imperfeita

Se a gameplay de Little Witch Nobeta impressiona por sua ferocidade, a sua direção de arte encanta com muita fofura. Apresentando visuais cartunescos vibrantes e trilhas pacatas, é admirável contemplar os personagens e os cenários desbravados. Junto a isso, destaca-se também a dublagem da obra em japonês, que anima as cenas cinematográficas.

Há, contudo, um pequeno problema relacionado à performance do título, que são as ocasionais quedas na taxa de quadros por segundo. Apesar de manter uma frame rate estável em boa parte da jogatina e das cutscenes, temos diversos momentos que manifestam pequenas falhas, com animações que deixam de ser fluidas e que estão sujeitas a acontecer nos modos portátil e docked do Switch. 

Ainda que isso não afete a jogabilidade, esses problemas ocorrem com frequência, sem apresentar, necessariamente, um padrão. Por exemplo: em certos combates com muitos elementos na tela, sentimos algumas quedas de fps que, honestamente, até fazem sentido. Porém, essas mesmas falhas também ocorrem em trechos simples, como quando estamos apenas transitando entre os ambientes, o que causa uma estranheza.

Outro detalhe que me deixou insatisfeito foi a escassez de recursos de localização. Por se tratar de um jogo com desafios de exploração, a falta de um mapa e de outros sinalizadores geográficos, como indicadores de quais portas já passamos, pode ser frustrante, ainda mais se levarmos em conta que os ambientes do castelo são obscuros e, às vezes, similares.

Além desses problemas, sinto a necessidade de comentar outra peculiaridade do título, que é o seu preço na loja digital da Nintendo. Custando R$ 260, temos um valor quase cinco vezes maior do que o encontrado na Steam, que é de R$ 49,00. Logo, imagino que muitos jogadores darão preferência para o PC, o que é uma lástima, pois se trata de uma aventura que se encaixa e roda muito bem no modo portátil do Switch.

A jornada que faz mágica no Switch

Mesmo com imperfeições, Little Witch Nobeta não perde o seu brilho característico; afinal, ter um castelo inteiro para explorar com os poderes de um cajado que detona incontáveis inimigos é uma sensação incrível de se experienciar. Com isso, a aventura de Nobeta consegue encantar de forma majestosa conforme seguimos os passos de um misterioso gato preto, rumo ao desconhecido. 

Prós

  • Fantástica experiência shooter em terceira pessoa; 
  • A jogabilidade é divertida e pode ser personalizada no menu;
  • Boa variedade de golpes, movimentos e upgrades;
  • Com a vertente soulslike, temos trechos desafiadores com embates intensos;
  • Uma criativa direção de arte que brilha com sua fofura.

Contras

  • A trama poderia ser melhor desenvolvida e ter um ritmo mais envolvente;
  • Ocasionais quedas na frame rate, sujeitas a ocorrer em qualquer momento;
  • A ausência de mapas e localizadores dificultam a exploração;
  • O preço no Switch é elevado em comparação às demais plataformas.
Little Witch Nobeta — Switch/PS4/PC — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Idea Factory
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Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
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