Análise: Atelier Ryza 3: Alchemist of the End & the Secret Key encerra com excelência uma ótima trilogia

Ryza e seus amigos retornam em uma última aventura para investigar o surgimento de ilhas misteriosas.

em 29/03/2023
Após boas aventuras distribuídas em dois excelentes jogos, Reisalin Stout (ou Ryza, para os íntimos) encerra sua jornada em Atelier Ryza 3: Alchemist of the End & the Secret Key. O novo RPG desenvolvido pela Gust e publicado pela Koei Tecmo não apenas supera os seus antecessores, oferecendo duas novidades de destaque, mas também mostra que o Switch ainda tem lenha para queimar.

Novas ilhas, novo problema

Um ano após os eventos de Atelier Ryza 2: Lost Legends & the Secret Fairy, Ryza possui grande influência e importância em sua cidade natal, na ilha Kurken, sendo uma verdadeira fonte de ajuda para os moradores. Em determinado dia, a vida atarefada da alquimista é interrompida por um problema maior: diversos arquipélagos começam a surgir nos arredores da região, provocando tremores em sua ilha natal.

Começando a investigar esse novo contratempo, a protagonista e seus amigos encontram uma enorme ruína. Ao adentrar o local, uma voz estranha ecoa na mente dela, mencionando um suposto código do universo. Além disso, nossa heroína desenvolve uma súbita compreensão sobre como sintetizar uma chave misteriosa. É nesse cenário que Ryza, junto de antigos e novos aliados, parte em uma nova odisseia.

Já no menu inicial de Atelier Ryza 3, a Gust demonstra uma preocupação com novos jogadores, disponibilizando um filme opcional que contextualiza os acontecimentos dos dois títulos anteriores. Obviamente, esse prólogo não substitui a experiência de conhecer esse universo através do contato direto com os jogos, mas é uma boa forma de situar os estreantes sobre como a protagonista chegou até aqui.

A trama de Alchemist of the End & the Secret Key é satisfatória, conseguindo empolgar e entregar uma boa conclusão para a série. Esse aspecto é totalmente ligado ao fato de Ryza e os demais personagens serem carismáticos, com cada um deles gozando de personalidades interessantes e ótimas dublagens. Infelizmente, o jogo não possui legendas em português, o que seria um acréscimo incrível, tendo em vista os bons diálogos que ele contém.

Exploração e síntese andam de mãos dadas

Assim como nos demais jogos da série Atelier, a alquimia desempenha um papel fundamental em Atelier Ryza 3. Através dela, somos capazes de criar praticamente tudo o que usamos durante a jornada, como equipamentos, ferramentas, comidas e itens consumíveis. Para criar esses produtos, o jogador deve se aventurar pelo mundo e coletar diversos tipos de materiais.

É na exploração que a nova entrada da franquia mostra seu primeiro grande diferencial em relação aos seus predecessores, trocando os pequenos e conectados locais por três enormes regiões que podem ser exploradas de forma completamente livre. Aqui, as telas de loading se limitam aos momentos em que nos movemos de um mapa para o outro com um barco e alguns casos em que entramos em determinados ambientes. 

O mundo não chega a ser totalmente aberto como o de The legend of Zelda: Breath of the Wild, mas os três arquipélagos são gigantes e compostos por diversas zonas diferentes, como cidades, montanhas, florestas e lagos. A semelhança entre os dois títulos é vista nos mapas, pois assim como o de Zelda, o de Atelier Ryza 3 é inicialmente coberto, sendo revelado à medida que alcançamos e interagimos com algumas torres espalhadas pelas regiões, que servem inclusive para as viagens rápidas.

Além de ter a liberdade para correr, escalar e nadar, o jogador ainda dispõe de um arsenal de opções que ajudam na aventura, como montarias, cordas e tirolesas. Por conta dessas mecânicas, a busca por recursos se torna mais recompensadora, pois elas oferecem maneiras de andar mais rápido, cortar caminho e acessar alguns locais que não são possíveis de chegar andando.

Outro ponto positivo da exploração é o uso das ferramentas. Como dito anteriormente, através da alquimia, conseguimos construir diversos objetos. Dessa forma, usando diferentes utensílios, adquirimos produtos variados em uma mesma fonte. Para exemplificar, em uma mesma árvore, coletamos um tipo de matéria-prima usando um machado; outro ao utilizar uma marreta; e um terceiro ao usar uma foice.

A variedade de recursos impacta diretamente na síntese, que continua se apresentando com a criação em cadeia estabelecida nos jogos anteriores. Nela, cada etapa da receita requer materiais específicos e atribuem efeitos que vão fazer diferença no resultado final. Utilizando a alquimia, adquirimos pontos que são usados em uma árvore de habilidades, que por sua vez oferece aptidões que impactam na criação, na exploração e no combate.



Batalhas por turnos, mas extremamente dinâmicas

As terras exploradas por Ryza não são compostas apenas de matérias-primas, mas também de muitos monstros. Nesse sentido, o combate é admiravelmente dinâmico, mesmo sendo executado em turnos (com barras semelhantes ao ATB de alguns Final Fantasy). Controlando três personagens, podemos realizar combos individuais ou em grupo, mesclando ataques normais e habilidades especiais, com todas essas ações sendo realizadas de maneira manual como em um RPG de ação.

Conforme desfere golpes comuns, os personagens adquirem AP, que são pontos utilizados para realizar as skills. Usar habilidades também fornecem pontos que permitem o uso de itens, como bombas ou produtos de cura. Vale frisar que o uso desses objetos é infinito, desde que o jogador possua os pontos necessários. Ademais, há um botão específico para defesa que, quando usado no momento exato, reduz bastante o dano recebido.

Essas mecânicas fazem com que as batalhas sejam muito ágeis, mantendo o jogador sempre apertando algum botão e realizando alguma ação. Outro detalhe que dá mais opções ao combate é a presença de dois personagens reservas que podem substituir os titulares em qualquer momento do confronto.


Chaves que somam em todas as mecânicas

O segundo grande fator novo que Alchemist of the End & the Secret Key traz é o sistema das chaves. Após determinado ponto da história, Ryza ganha a capacidade de produzir chaves utilizando a energia de inimigos ou de locais específicos do mapa. Durante as batalhas, adquirimos um comando para “capturar” a essência do monstro e convertê-la em uma chave. A taxa de sucesso em realizar essa técnica é mostrada antes de o jogador usá-la, podendo ser aumentada conforme o inimigo recebe dano.

As chaves que criamos afetam diretamente as outras dinâmicas do jogo: na exploração, elas são utilizá-las para abrir baús e passagens; no combate, elas concedem bônus passivos e melhoram os status, além de poderem ser usadas de forma ativa e temporária, fornecendo aumento de dano ou aspectos elementais; já na síntese, elas são usadas para coletar recursos de qualidade superior e alterar e melhorar as propriedades dos itens criados.

Embora os confrontos e a síntese sejam bem parecidos com o que foi visto no passado, principalmente em Atelier Ryza 2, o sistema de chaves entrega um leque maior de opções ao jogador, fazendo com que batalhar tenha mais um objetivo além do aumento de níveis, pois a essência de cada monstro resulta em uma chave diferente. Somado a isso, o processo de síntese, que já é muito rico por si só, também é enriquecido e recebe alternativas que permitem a criação de produtos com mais efeitos e qualidades.

Tudo o que foi exposto até aqui é apenas uma fração do conteúdo que o jogo possui. Nesse sentido, o processo de adquirir gradativamente novas receitas, ferramentas, itens, habilidades, equipamentos e todos os demais recursos é um dos aspectos mais divertidos e satisfatórios em Atelier Ryza 3.


O desempenho e a interface são a cereja do bolo

A quantidade absurda de conteúdo que Atelier Ryza 3 possui é ainda mais impressionante quando somadas a outros dois importantes detalhes: uma interface eficiente e um desempenho excelente no Switch. 

Pela enorme variedade de materiais espalhados em um mundo absurdamente grande, é fácil imaginar que seja chato se lembrar de onde esses itens ficam; no entanto, Atelier Ryza 3 dispõe de um guia com informações de todas as matérias-primas já coletadas. Com poucos cliques, não apenas descobrimos onde achá-los, mas também viajamos rapidamente e diretamente para o local mais próximo.

Essa praticidade se estende aos outros menus do jogo, pois todos eles possuem uma interface simplificada e de fácil leitura. Um bom exemplo disso é o mapa, que não é poluído com informações desnecessárias, mas apresenta tudo o que é essencial, como os comerciantes, os inimigos poderosos, os pontos de viagem rápida, e os locais de missões principais e secundárias. O título ainda fornece tutoriais que vão direto ao ponto ao explicar sobre todos os recursos presentes.

Atelier Ryza 3 subverte as expectativas comumente associadas ao Nintendo Switch, pois não sofre com problemas técnicos, mesmo contando com uma quantidade enorme de conteúdo; pelo contrário, o desempenho é incrivelmente bom, com os poucos momentos de carregamento sendo efetuados rapidamente. O único detalhe que pode acabar incomodando algumas pessoas é o tamanho pequeno das letras nas caixas de texto; no entanto, esse ponto se limita ao modo portátil.

Um encerramento de ciclo com excelência em todos os aspectos

O terceiro jogo da jornada de Reisalin Stout não apenas traz de volta todos os pontos positivos que seus predecessores possuem, mas acrescenta novidades que agregam muito à franquia, com destaque para o sistema de chaves que adiciona camadas de complexidade e variações nas outras mecânicas.

Com Atelier Ryza 3: Alchemist of the End & the Secret Key, os veteranos desfrutam de uma conclusão merecida e prazerosa para a série; já os novos aventureiros, não ficam desamparados e recebem uma obra que os acolhe de braços abertos. Finalmente, trata-se de um título que se destaca positivamente entre os RPGs no geral, executando com maestria todas as idéias que se propõe a entregar em uma performance impressionante do Switch.

Prós:

  • História agradável, fornecendo uma ótima conclusão para a trilogia;
  • Personagens extremamente carismáticos que enriquecem bastante a trama;
  • Mundo extenso, composto por diversas regiões, recursos e inimigos diferentes;
  • Combate ágil e dinâmico, com muitas opções de combos, habilidades e itens;
  • A presença do filme de prólogo é útil para situar os novos jogadores sobre os acontecimentos passados;
  • A mecânica de alquimia permite a criação de inúmeros produtos diferentes que serão úteis ao jogador nos combates e na exploração;
  • A interface de todos os menus do jogo é simples e eficaz, entregando de forma prática todas as informações mais úteis;
  • Desempenho excelente no Nintendo Switch;
  • O sistema de chaves acrescenta novas opções em todas as outras mecânicas do título.

Contras: 

  • Ausência de legendas em português;
  • O tamanho da fonte nas caixas de texto pode incomodar algumas pessoas que utilizam o modo portátil.
Atelier Ryza 3: Alchemist of the End & the Secret Key — PC/PS4/PS5/Switch — Nota: 10.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: João Pedro Boaventura
Análise produzida com cópia digital cedida pela Koei Tecmo
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