Pokémon Diamond/Pearl/Platinum (DS): Curiosidades sobre a quarta geração dos jogos

Fique por dentro de segredos, detalhes e um pouco sobre os bastidores das versões Diamond, Pearl e Platinum.

em 18/02/2023

É com muito prazer que apresentamos as curiosidades sobre a quarta geração de Pokémon. Caso você, leitor, ainda não esteja ciente, este que vos escreve é fã incondicional dessa geração e de tudo que a acompanha.

As versões Diamond/Pearl (DS) marcaram uma parte significativa da minha vida. Graças a elas, conquistei amizades que duram até os dias de hoje e, muito provavelmente, não teria continuado a jogar essa franquia que tanto amo sem a presença delas.

Após as mudanças provocadas pela terceira geração, a chegada de Pokémon ao Nintendo DS elevou o nível da franquia a um patamar visto apenas em seu lançamento. Não é à toa que as versões Diamond/Pearl ocupam o quinto lugar na lista dos jogos de Pokémon mais vendidos de todos os tempos.

Interessado em saber mais sobre a melhor geração de todas? Abra seu Pal Pad, adicione nosso Friend Code e boa leitura!

Laboratório do Professor Rowan

O começo dos jogos da franquia Pokémon é conhecido por ter alguns padrões, como o professor da região apresentando o novo universo ou a escolha do personagem. Quando o jogo começa, estamos em nosso quarto e os primeiros movimentos são feitos a partir desse ponto.


Assim que saímos de nossas casas, o destino é o laboratório do professor a fim de obtermos nosso Pokémon inicial. Porém, na quarta geração, o centro de pesquisas do Professor Rowan não fica na cidade Twinleaf, mas sim, na cidade Sandgem, a segunda localização que visitamos no jogo.

A partir disso, outras regiões, como Kalos e Galar seguem esse modelo, e que parece ser a realidade atual da franquia, já que a sua mais nova aventura nas versões Scarlet/Violet também adotou essa característica.

Fator Gastrodon

Durante o desenvolvimento de uma nova geração, vários conceitos de monstrinhos são concebidos e muitos deles chegam ao corte final. O resultado disso é uma nova geração repleta de Pokémon com desenhos inovadores e, de certa forma, diferentes do que tínhamos até o lançamento.

O clássico exemplo disso é Munna, um Pokémon criado ainda na primeira geração, mas que foi apresentado ao mundo apenas em Black/White (DS), ou seja, quase 15 anos depois. Até então, nada demais. É evidente que alguns monstrinhos, quando criados, podem ou não atender ao tema principal da geração que será lançada.

Agora, e quando não dá tempo de lançar um Pokémon? Inicialmente, o monstrinho conhecido com Gastrodon, nativo de Sinnoh, foi planejado para ser inserido na terceira geração, que contempla a região de Hoenn. Como o tempo de desenvolvimento dos jogos era cada vez menor (e hoje é de praticamente um jogo por ano), não foi possível incluir o molusco nas versões Ruby/Sapphire (GBA).

Para nossa sorte, a presença de Gastrodon na quarta geração trouxe uma temática interessante envolvendo suas duas formas. Isso é porque a região de Sinnoh é dividida pelo Mt. Coronet e de acordo com essas localizações, a forma de sua linha evolutiva sofre alterações, algo inédito até então.


Os Shellos e Gastrodon que vivem a oeste de Sinnoh possuem uma coloração rosada e protuberâncias na cabeça que lembram chifres, enquanto que os que vivem a leste possuem uma coloração azul-esverdeada com os mesmos tentáculos de sua pré-evolução, só que maiores.

Ciclos do dia

Introduzidos na segunda geração, os ciclos do dia são parte importante da franquia Pokémon desde então. Com essa mecânica, tornou-se possível dividir quais Pokémon aparecem em um determinado período, agregando valor e, de certa forma, um nível de dificuldade para encontrar determinados monstrinhos.

Na quarta geração, esse conceito foi expandido para ter não um, nem dois, mas cinco períodos diferentes em um mesmo dia. Com isso, mudanças na coloração identificam qual período do dia estamos e, através de um recurso na Pokédex, podemos visualizar em quais momentos do dia é possível encontrar um Kricketune selvagem. Veja as diferenças abaixo:

Amanhecer

Período da Manhã

Entardecer

Anoitecer (repare na luz acessa na janela)

Madrugada (repare na luz apagada na janela)

Referências de The Legend of Zelda

Por vezes, uma franquia de jogos eletrônicos utiliza referências externas para compor seu universo, e essa prática tem o nome de Easter Egg, que, embora não seja um delicioso ovo de chocolate, acaba sendo tão bom quanto. Quando falamos da Nintendo, esse cenário ocorre com frequência.

O tema principal da quarta geração de Pokémon é a relação entre o tempo e o espaço. A franquia The Legend of Zelda, por sua vez, aborda o conceito do herói do tempo, que transita entre as eras. Cada personagem principal da franquia do menino de gorro verde possui um aspecto da Triforce, um objeto triangular divino que é o espelho das deusas que criaram o universo.  Quando passamos esse conceito para os monstrinhos de bolso, temos algo muito parecido.


Na região de Sinnoh, há três lagos posicionados em pontos estratégicos do mapa e, ao traçarmos uma linha para ligá-los, o desenho de um triângulo é formado. Cada lago possui um guardião que representa um aspecto específico da humanidade. São eles:

  • O Lago da Verdade (Lake Verity) possui como guardião Mesprit, o Pokémon Emoção do tipo PSYCHIC. Por representar as emoções, ser equilibrado em seus de atributos e ter como base o lago da verdade, vemos em Mesprit a figura de Link, o herói do tempo, que luta pela verdade e justiça;
  • O Lago da Bravura (Lake Valor) possui como guardião Azelf, o Pokémon Força de Vontade do tipo PSYCHIC. Representando a força, algo que se reflete nos atributos ofensivos do monstrinho, vemos em Azelf a representação de Ganondorf, que busca de forma implacável o domínio de Hyrule;
  • O Lago da Perspicácia (Lake Acuity) possui como guardião Uxie, o Pokémon Conhecimento do tipo PSYCHIC. A classificação deste Pokémon por si só aponta a peça que estava faltando: a sabedoria da princesa Zelda, qualidade essa que é a marca registrada da personagem que deu nome à franquia.

Flint, o especialista em… golpes do tipo FIRE?

A franquia Pokémon é repleta de treinadores especializados em determinados tipos, e nosso primeiro contato com eles ocorre quando desafiamos o líder de um ginásio. Porém, um grupo seleto intitulado Elite Four é composto pelos quatro melhores e mais fortes treinadores daquela região, e que normalmente também são especialistas.

Em Sinnoh, fazem parte do grupo Aaron, especialista no tipo BUG; Bertha, especialista no tipo GROUND; Flint, especialista no tipo FIRE e Lucian, especialista no tipo PSYCHIC. No entanto, nas versões Diamond/Pearl, a equipe de Flint é composta por apenas dois Pokémon do tipo FIRE,ou seja, menos da metade. Você sabe por que isso ocorre? A gente explica:

Time do Flint em Diamond/Pearl

A Pokédex regional das versões Diamond/Pearl possui apenas 151 monstrinhos e nem todos os 107 introduzidos em Sinnoh estão presentes na versão regional. Se fosse só isso, tudo bem, o problema é que dentre os 151 Pokémon da Pokédex regional, apenas dois deles são do tipo FIRE: Infernape e Rapidash.

Isso foi corrigido na versão Platinum, permitindo que Flint tenha, de fato, um time formado por cinco Pokémon do tipo FIRE, e não apenas Pokémon que saibam utilizar golpes desse tipo. Acredito que esse ponto poderia ter sido melhor elaborado, já que o tipo FIRE é muito querido entre os fãs da franquia e, por coincidência, é bastante eficaz durante nossa jornada por Sinnoh.

Time do Flint em Platinum

Imperador de Sinnoh

Até parece que uma matéria sobre a quarta geração (e escrita por mim) não incluiria nenhuma referência ao melhor Pokémon de todos: Empoleon. O inicial do tipo WATER da região de Sinnoh é fortemente inspirado em um imperador francês do século XIX chamado de Napoleão Bonaparte.

Para evitar dar mais spoilers sobre a origem do Empoleon, vamos nos ater apenas às referências entre o pinguim imperador e a personalidade francesa. Ambos têm a mesma altura (1,70m) e um peso próximo ao de Napoleão quando jovem (cerca de  80 kg). A ideia por trás de um pinguim imperador se alinha com o cargo ocupado por Napoleão na monarquia francesa da época.

Outra característica típica do século XIX são as roupas. Observando de perto o design de Empoleon, é possível notar que seu corpo parece estar envolvido em uma espécie colete, composto por pequenas esferas que lembram botões. Sobre o colete, há um sobretudo que se parececom um terno da época. Para finalizar, no centro é possível notar uma gravata, peça muito utilizada em trajes reais.

Naturalmente, os nomes dos Pokémon em japonês são diferentes dos nomes usados nas demais regiões, e esse não é exceção. Enquanto seu nome em inglês é Empoleon (uma combinação de Emperor + Napoleon), seu nome em japonês é Emperte (Emperor + Bonaparte). Ou seja, ambos utilizam o nome de Napoleão para compor o nome do monstrinho.

Nintendo DS e Game Boy Advance

Outro ponto clássico da franquia Pokémon é a retrocompatibilidade dos consoles da Nintendo, que permite jogarmos as versões da geração passada nos consoles da nova geração. Em 2004, ano de lançamento das versões Diamond/Pearl no Japão, esse processo era realizado através do compartimento inferior do Nintendo DS, que permitia inserir cartuchos de Game Boy Advance.

Dual-Slot do Nintendo DS
Pensando nisso, os desenvolvedores programaram as versões da quarta geração para reconhecer quando um cartucho de GBA específico estivesse presente, o que permitia que alguns Pokémon dessas versões — geralmente exclusivos — fossem encontrados em Sinnoh sem a necessidade de usar o Pal Park. Abaixo, segue relação de Pokémon liberados a partir de suas respectivas versões:

 VERSÃO RUBY
Seedot, Nuzleaf, Mawile, Zangoose e Solrock
VERSÃO SAPPHIRE
Lotad, Lombre, Sableye, Seviper e Lunatone
VERSÃO EMERALD
Pineco, Shuckle, Teddiursa, Ursaring e Gligar*
VERSÃO FIRERED
Caterpie, Metapod, Ekans, Arbok, Growlithe e Elekid*
VERSÃO LEAFGREEN
Weedle, Kakuna, Sandshrew, Sandslash, Vulpix e Magby*

*Removidos da versão Platinum pois fazem parte da Pokédex Regional dessa versão.

Além disso,  ao jogar as versões  Diamond/Pearl com qualquer cartucho inserido, é possível encontrar Haunter e Gengar no Old Chateau, que fica na floresta de Eterna. Já na versão Platinum, apenas Gengar está disponível através deste método.


Para encontrar Gengar, é necessário acessar o segundo andar da mansão mal assombrada e dirigir-se até o quarto com o quadro roxo na parede. Note que quando não estamos olhando diretamente para o quadro, ele parece ter um par de olhos que nos segue pelos demais cômodos. Quando nos viramos para a sua direção, os olhos misteriosamente somem.

Repare nas setas vermelhas

Conexão sem fronteiras

A cereja do bolo geralmente fica por último. Não há como falar da quarta geração sem mencionar o marco das batalhas online. O Nintendo DS surgiu em 2004 e, com ele, novas tecnologias foram aplicadas no portátil da Big N com o intuito de aprimorar a experiência dos jogadores.

No meu tempo, as batalhas e trocas de Pokémon eram feitas através de um acessório chamado Cabo Game Link, que permitia com que dois dispositivos se comunicassem entre si para a realização dessas atividades. Bons tempos…
 
 
Com a chegada do portátil de duas telas, esse panorama mudou e tudo era feito sem a presença de cabos ou fios. As conexões wireless e Wi-Fi eram novidade em meados dos anos 2000 e tanto a Nintendo quanto a Game Freak souberam aproveitar essas funcionalidades para a franquia Pokémon.

Não importa se você está nos Brasil e seu amigo na França: trocas ou batalhas agora são online. Seus colegas do prédio também jogam? Ótimo. Sem a necessidade de cabos, os jogadores puderam trocar e batalhar localmente, dispensando por completo o uso de acessórios extras.
 

E a Nintendo ainda foi além: a fim de permitir que todos os seus jogadores pudessem aproveitar os benefícios da conexão Wi-Fi mesmo sem um roteador dedicado, em 2005 foi criado o Nintendo Wi-Fi USB Connector
 
O acessório em forma de pendrive podia ser conectado nas portas USB dos computadores e operava sem fios como um ponto de acesso ao sistema rede da Nintendo e era bastante útil antes das redes Wi-Fi como as conhecemos hoje, uma vez que a tecnologia só chegou no Brasil por volta de 2008. 
 

Nota-se que, embora ainda funcionais até hoje, a Nintendo recentemente sugeriu que esse tipo de acessório deixe de ser usado por motivos de segurança, já que o padrão WEP utilizado na época é muito mais fácil de ser hackeado/invadido que o padrão WPA/WPS que veio a se tornar a norma com o tempo.
E você, caro leitor, sabia de tudo isso sobre a quarta geração? Você chegou a jogar as versões quando foram lançadas ou só depois de muitos anos? Algum tópico chamou sua atenção? Então manda ver aí embaixo nos comentários!
Revisão: João Pedro Boaventura
Referências: HoopsandHipHop


Fã de carteirinha da franquia Pokémon desde os oito anos de idade, teve seu primeiro contato com os monstrinhos de bolso no Game Boy Color e de lá para cá, são mais de 25 anos de alegria. Fanático por vídeo-games, gostaria de poder jogar mais tempo do que trabalha.
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