Advance Wars: Days of Ruin (DS): 15 anos do último combate da franquia

O último e mais sombrio jogo da série Advance Wars.

em 11/02/2023

Há 15 anos a Intelligent Systems resolveu repaginar a série Advance Wars, devido às vendas tímidas e reclamações de que os três jogos anteriores eram muito parecidos entre si. Com isso em mente, a equipe de desenvolvedores decidiu fazer mudanças radicais em seu próximo título.

Em 21 de janeiro de 2008 foi lançado Advance Wars: Days of Ruin, também conhecido como Advance Wars: Dark Conflict na Europa e Austrália, introduzindo um cenário e personagens completamente novos, adotando um tom muito mais realista e sombrio e fazendo mudanças profundas nas artes e mecânicas de jogo. Era a aposta da empresa para revitalizar a franquia visando a um público mais maduro.

Um mundo sem Sol

Days of Ruin não segue o enredo dos jogos anteriores, apresentando uma campanha totalmente independente. O game é ambientado num cenário pós-apocalíptico em que uma chuva de meteoros colidiu com a Terra, contaminando a atmosfera com pesadas nuvens de poeira e cinzas, bloqueando a luz do Sol e acabando com a vegetação, que depende da luz solar para sobreviver. Os incêndios e explosões dos impactos, seguidos pela fome e doenças, dizimaram quase toda a humanidade.

A campanha conta a história do 12⁰ Batalhão de Rubinelle, conhecido como Brenner's Wolves, uma unidade militar que dedica-se a ajudar sobreviventes e restaurar a ordem nos territórios devastados. Rubinelle encontrava-se em um conflito militar centenário com seu vizinho Lazuria, e mesmo após os incidentes causados pela natureza, as animosidades entre países se mantêm, muitas vezes resultando em conflitos armados.

Para piorar ainda mais esse cenário catastrófico, uma doença incurável causada por um vírus espalha a morte e o terror entre as pessoas. O vírus comporta-se como um parasita, desenvolvendo raízes por baixo da pele e dos olhos das vítimas e eclodindo flores pelo seu corpo, levando-as à morte.


Advance Wars: Days of Ruin contrasta com seus antecessores ao apresentar uma atmosfera muito mais realista e sombria. Aqui a guerra não é uma festa, mas sim um ambiente cruel em que a morte e o sofrimento rondam os campos de batalha. Durante toda a campanha o jogador tem a sensação de estar encurralado, em posição de severa desvantagem em relação aos oponentes.

Apesar de contar com um elenco mais complexo que os jogos anteriores, alguns personagens pecam pela planicidade: Will e Brenner são caricaturalmente bons, enquanto Caulder e Greenfield são caricaturalmente maus. Ainda assim, a apresentação gráfica mais realista e os conflitos apresentados são muito bem trabalhados e esse é, de longe, o Advance Wars com o roteiro mais bem elaborado da série.

Novidades no front

Além da radical mudança no tom da campanha, o time de desenvolvimento apostou em alterações nas mecânicas táticas, tornando os poderes dos COs menos relevantes e apresentando uma série de novidades.

Entre as novas unidades podemos destacar o Rig, uma versão aprimorada do APC que possui a capacidade de construir instalações temporárias, capazes de reabastecer e regenerar unidades, embora não consiga fabricar novas tropas. A artilharia Anti-Tank é uma unidade de ataque indireto extremamente efetiva contra veículos blindados. No mar temos o Gunship, um navio que pode atacar e transportar outras unidades. Para aqueles que detestam mapas com Fog of War temos os Flare Rockets, que disparam mísseis que permitem visualizar grandes áreas do mapa.


Outras adições interessantes são o Duster, um pequeno caça que pode combater unidades aéreas e terrestres, e a Bike, infantaria motorizada com alta mobilidade. Essas adições conferiram grande aumento nas possibilidades de ataque e resposta rápida, possibilitando estratégias mais ágeis em diversos mapas clássicos.

Algumas unidades já presentes na série sofreram modificações, como os Battleships, que agora podem atirar no mesmo turno em que se movimentam, e os Aircraft Carriers, que podem produzir pequenos aviões Seaplanes, que possuem pouca capacidade de combustível mas podem atacar diversos tipos de unidades em terra, mar e ar. 

Oficial a bordo

Outra novidade nas mecânicas de combate está na possibilidade de embarcar seu CO em uma das unidades sob seu controle. Os COs podem conferir efeitos diversos no veículo em que estão embarcados e nas unidades próximas, mas seus poderes são bem mais discretos do que vimos nos jogos anteriores da série. Mecânicas que viravam o jogo como o Dual Strike do título anterior foram removidas em Days of Ruin.


Essa mudança fez com que os combates ficassem mais realistas e menos dependentes dos "efeitos mágicos" dos CO Powers. Agora é necessário planejar cada passo com muito mais cautela, o que torna a ação muito mais equilibrada e desafiadora. 

Foi introduzido um novo sistema em que as unidades ganham níveis de experiência ao abater inimigos, até um máximo de quatro níveis. Esse ganho de experiência confere bônus de ataque e defesa para a unidade, mas infelizmente as vantagens não são passadas de uma batalha para outra: todo combate começa com todas as unidades com nível de experiência zero. 


Além da arte e roteiro visarem aos jogadores mais adultos, também foram introduzidas algumas mudanças de qualidade de vida pensando nesse público. Por exemplo, as batalhas avulsas, que antes exigiam ser desbloqueadas com moedas ganhas in game,  agora são liberadas desde o início. Segundo o time de desenvolvimento, essa alteração foi feita pensando em "jovens executivos que não têm tempo disponível para desbloquear os mapas."

A última batalha

Infelizmente as mudanças não foram suficientes para alavancar as vendas e Advance Wars: Days of Ruin foi o último jogo da série desenvolvido pela Intelligent Systems, que preferiu focar seus esforços na franquia Fire Emblem após o sucesso de Fire Emblem: Awakening (3DS).


Apesar de perder o tom cartunesco característico dos jogos anteriores, eu considero que Advance Wars: Days of Ruin é o mais balanceado da série, com um gameplay mais sofisticado e uma campanha definitivamente mais marcante que a média da franquia. Espero que com a retomada do interesse na série Advance Wars as pessoas queiram revisitar Days of Ruin, um jogo que infelizmente não é tão apreciado quanto deveria. 

Revisão: Vitor Tibério

é engenheiro eletrônico e tem uma filha fofinha que tenta morder os controles do papai. Curte jogos de luta, corrida e ação.
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