Uma história Gal Gun
Quando as irmãs Shinobu e Maya estão voltando para a escola após uma missão, elas se deparam com uma situação bizarra: o colégio se tornou um castelo macabro recheado de demônios. Agora, as duas terão que se esforçar para fazer com que as coisas voltem à normalidade.
Com essa premissa em mente, a obra então brinca com dois aspectos: um design que lembra bastante Castlevania clássico e o universo bem humorado da série Gal Gun. O resultado é como se fosse uma paródia, com uma história que não faz questão de ser levada a sério e faz várias piadas com as situações vividas pelas personagens.
Como parte da franquia Gal Gun, vemos as personagens encontrando velhas conhecidas no castelo e as conversas são bem casuais. Em um determinado ponto da história, é necessário encontrar itens especiais que “aumentam o poder dos feromônios”, usualmente objetos de fetiche, embora o jogo evite altos níveis de fanservice.
Revisitando o conceito de Castlevania clássico
Em termos do gameplay, a ideia é simples: explorar o castelo, derrotando monstros variados no caminho e chegando aos chefões. Cada área do castelo funciona realmente como uma fase separada e o seu design busca oferecer ramificações diferentes para a exploração. Embora não seja um metroidvania, a Inti se aproveitou do conceito de ter localidades que só podem ser acessadas com determinados poderes para fazer com que o jogador possa revisitar as áreas e encontrar coisas novas.Enquanto Shinobu utiliza uma metralhadora, Maya é uma especialista no uso de sua espada. Como tal, o alcance das personagens é bem diferente, sendo indicado usar a primeira para atingir os inimigos a distância enquanto os ataques da segunda são mais poderosos, mas exigem aproximar-se do perigo. Além disso, Maya tem uma vida menor por padrão, o que aumenta o fator de risco.
O jogador pode alternar entre elas no modo para um jogador só ou ter duas pessoas em tela no co-op. Além disso, para quem prefere uma experiência mais fácil e confortável, é possível optar pela dificuldade Casual em que as vidas são ilimitadas e tomar dano não empurra as personagens no mapa. Já quem quer mais desafio pode começar na Veterana e depois explorar uma opção desbloqueável até mais difícil, a Lendária, em que basta uma das personagens perder a vida para tomar um Game Over.
Além do golpe básico e do pulo, cada uma das garotas possui uma arma secundária e pode desbloquear novas opções ao derrotar os chefões de cada área. São várias opções, incluindo bombas, lançadores de mísseis e até mesmo um boneco do protagonista de Gal Gun: Double Peace, que pode destruir espinhos e bater no que estiver em sua frente.
Essas armas secundárias ajudam a dar mais maleabilidade ao leque de movimentos das personagens, tendo em vista que os seus ataques têm uma área de efeito propositalmente restrita. Por exemplo, o ângulo do tiro de Shinobu é reto, mas ela pode usar uma faca e bombas para atingir inimigos na sua diagonal.
Além de servir para causar dano aos inimigos, alguns desses itens são ferramentas muito interessantes para a exploração. Em particular, chamo a atenção para a sombrinha que Maya pode utilizar. Com ela em mãos, a personagem demora a cair e pode até mesmo realizar um golpe de investida contra inimigos.
Apesar do conceito de ter várias rotas para explorar ser interessante, o jogo acaba falhando em deixar a exploração convidativa. Primeiramente, o jogador só consegue ver o mapa enquanto está fora da área, não tendo uma forma de acessá-lo durante a fase propriamente dita. O resultado é uma tendência a não saber se um determinado lugar já foi visto ou não e se é possível que áreas e upgrades estejam escondidos lá. Isso dificulta desnecessariamente a exploração, fazendo com que o jogador fique perdido e confuso.
Além disso, a parte final do jogo força o jogador a revisitar as áreas, uma forma de incentivar a exploração de locais ainda não vistos. Infelizmente, isso acaba sendo mais um incômodo desnecessário que poderia ter sido colocado como um extra opcional.
Outros elementos do jogo que vale a pena mencionar são o modo desbloqueável Boss Rush, que adiciona um pouco de sobrevida à experiência, assim como a busca por upgrades opcionais. Além disso, há um sistema interno de achievements que pode servir como uma motivação extra para o jogador.
Mais um bom plataforma de ação da Inti Creates
Grim Guardians: Demon Purge consegue brincar com o formato de um dos grandes clássicos da plataforma de ação e mostrar novamente sua maestria no gênero. Embora alguns detalhes como a ausência de mapa durante a gameplay façam a experiência mais confusa e cansativa do que deveria, ainda é um título facilmente recomendado para quem gosta do gênero.Prós
- Level design bem executado, dando ao jogador múltiplas formas de progresso;
- Modalidades de dificuldade adequadas para novatos e veteranos do gênero;
- Áreas escondidas e modo Boss Rush aumentam o valor replay da obra;
- História bem humorada com tradução para o português de boa qualidade (de modo geral);
- Sistema interno de achievements.
Contras
- A impossibilidade de ver o mapa enquanto explora uma área dificulta desnecessariamente a exploração de todos os seus cantos;
- A parte final do jogo força o jogador a refazer as áreas anteriores para obter itens especiais.
Grim Guardians: Demon Purge — Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Análise produzida com cópia digital cedida pela Inti Creates