Resident Evil: Revelations (3DS) completa 10 anos de retorno à essência da franquia

Como a entrada de Resident Evil no 3DS conseguiu ser tão importante para o portátil e para a saga.

em 14/12/2022
No dia 26 de janeiro de 2012, foi lançado Resident Evil: Revelations para o 3DS, seguindo a tradição da Capcom de levar a saga Resident Evil aos portáteis da Nintendo. Lançado no mesmo ano que Resident Evil 6, Revelations se passa entre Resident Evil 4 e 5 (na cronologia), apresentando, pela primeira vez, a BSAA (Bioterrorism Security Assessment Alliance) e trazendo de volta a dupla do primeiro jogo: Jill e Chris.

Como retomaram a essência

Um dos pontos mais importantes e um dos motivos de ele ter sido tão aguardado foi o retorno do survival horror à saga. Retorno esse que não foi exatamente em relação aos clássicos, mas em relação a Resident Evil 4, que apesar de não ser um survival horror, ele ainda conserva (se comparado a Resident Evil 5 e 6) parte da essência da saga principalmente na atmosfera, ambientação e trilha sonora/audio design. Para retornar à essência, a Capcom tomou algumas decisões de level design e narrativa que remetem à trilogia original.

As decisões relativas ao primeiro fator se expressam no jogo através do lugar onde o jogo se passa, um navio cargueiro chamado Queen Zenobia. E ao segundo fator, relativas à escala da história. Enquanto Resident Evil 5 e 6 têm uma escala muito mais continental/mundial, Revelations retorna a uma escala menor: um navio. Mesmo que haja algumas situações na história que perpassam o navio, os acontecimentos ocorrem em períodos/lugares diferentes, porém toda a trama está em volta do Queen Zenobia.

Apesar do maior foco no horror, a falta de save room (em vez disso, temos salvamento automático) faz com que não haja sensação de perda, sendo assim, é difícil causar medo no jogador (mesmo tentando muito bem, tendo até a presença de um perseguidor), pois caso o jogador morra, ele vai voltar segundos antes da morte e vai poder continuar de onde parou. Esse, para mim, é o maior erro do jogo, pois todo o restante é muito bem feito.

Os responsáveis por trazer a essência de volta

O jogo foi dirigido por Kazuhisa Inoue e Koshi Nakanishi. Este segundo foi diretor de Resident Evil 7, enquanto Inoue trabalhou em Revelations 2 e Village (como diretor de diálogos). Yoshizumi Hori e Satoshi Takamatsu são diretores de arte, Hori trabalha com os survival horror da Capcom desde Dino Crisis 2 (Multi) e esteve presente no desenvolvimento de alguns dos principais jogos da saga Resident Evil desde então (como Resident Evil Remake, 4, o remake do 2, VII e Village),  enquanto Takamatsu (diferente de Hori que alternou entre produtor e diretor de arte, principalmente), manteve-se como diretor de arte e em cargos relacionados ao pilar artístico do game design (sendo character design e modelador de Onimusha: Warlords, por exemplo) dos remakes de Resident Evil 2 e 3, bem como de Onimusha e os dois Revelations. Em composição, temos Kota Suzuki, esse que trabalhou em Village, o mais recente Resident Evil 3, Onimusha 3, Resident Evil 5, entre outros.
Na direção de áudio, temos Yoshito Kato, que trabalhou como designer de som dos remakes de Resident Evil 2, 3 e 1, assim como em RE7, ambos os Revelations, RE4, entre outros.

''Envelheceu'' bem?

Eu concluí o jogo recentemente no Nintendo Switch e é incrível como muito do que temos no remake de Resident Evil 2 foi experimentado em 2012 (tanto que, no mesmo ano de lançamento de Resident Evil Revelations 2, em 2015, foi anunciado o começo da produção do citado relançamento). Experienciei fatores-chave da saga como escassez de recursos, boa dificuldade, backtracking (o ''vai e volta'' presente em jogos do gênero metroidvania, por exemplo), boas batalhas de chefe, entre outras características também presentes na reimaginação de 2019. A história é dividida em capítulos, como em Resident Evil 4, mas com a diferença de que não dividem o mapa. Mesmo que alguns capítulos te levem para outro período ou lugar (para o passado, por exemplo), enquanto o jogador estiver controlando a Jill, o navio fica disponível para o jogador ir e vir quantas vezes achar necessário (e sem tela de loading). Apesar de algumas pessoas preferirem Revelations 2, eu ainda tenho um apreço maior pelo primeiro título da série spin-off.
A importância de trazer o survival horror de volta em uma época de crise para a Capcom e para a saga foram sem precedentes. Tudo o que Resident Evil se tornou ocorreu, também, devido à recepção que os fãs tiveram por essa série. Eu ainda não concluí o segundo jogo, mas o navio me pareceu uma ambientação melhor do que a ilha (e isso me surpreendeu), os corredores fechados, o fato de você estar isolado no mar em um lugar muito menor que uma ilha. Por mais que a ambientação e atmosfera das florestas em Revelations 2 sejam incríveis (e não me entendam mal, ambos os jogos são incríveis), a impressão que tenho é que Revelations arriscou mais, enquanto Revelations 2 manteve/aprimorou o que foi feito.

Revelations é para você?

A duologia Resident Evil: Revelations foi lançada para diversas plataformas com o passar dos anos, chegando, em 2017, para o Nintendo Switch. A versão de Switch está disponível em 1080p no modo dock e 720p no modo portátil, ambos com FPS destravado, mantendo-se entre 50 e 60 quadros (como é possível ver no trecho abaixo do vídeo produzido pela Digital Foundry para a Resident Evil Revelations Collection).

Fica constantemente em promoção por R$ 33,20 e é bastante recomendado aos fãs de Resident Evil 2 (como eu), bem como aos fãs da trilogia original e de Resident Evil 4. Resident Evil: Revelations cai muito bem para os que estão aguardando a próxima novidade da saga: o remake de Resident Evil 4. E deve surpreender, principalmente, por se tratar de um jogo de 3DS e, já que tínhamos disponíveis apenas Resident Evil 5 e 6, ficou para o pequeno portátil da Nintendo a tarefa de entregar uma experiência de RE que não era vista nem nos consoles da época.

Revisão: Vitor Tibério


Graduando em Geografia, fotógrafo e colecionador de retrogames. Depois de ser introduzido aos JRPGs em 2021, tem desbravado as fantasias nipônicas da Square Enix, Nintendo, Falcom, entre outras. Alguns jogos me chamam atenção pelos motivos mais aleatórios possíveis (como o chocobo na cover art de FFV), enquanto outros apenas por ter menos 30h de duração. Acompanho o trabalho de artistas como Fumito Ueda, Miyazaki, Shimomura, entre outros. Fotografias virtuais, clipes e screenshots de quase tudo o que jogo podem ser encontrados no meu Twitter; Alguns ensaios e prévias podem ser checados no Medium; Tudo o que jogo, joguei e vou jogar (bem como várias listas) está disponível no Backloggd.
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