Análise: Picross X: Picbits vs Uzboross (Switch) reinventa o formato do conceituado puzzle de colorir

Explorando agilidade e regras loucas, Picross X traz à tona um desafio totalmente diferente do usual.

em 27/12/2022
A série Picross já é um formato bastante tradicional de puzzles, colocando o jogador para encontrar imagens ao preencher malhas quadriculadas. No Switch, a Jupiter já lançou vários títulos de alta qualidade, incluindo a série Picross S, cuja edição S8 foi lançada em setembro de 2022.

Com toda a sua expertise, a desenvolvedora japonesa decidiu investir em uma nova proposta com Picross X: Picbits vs Uzboross. Mudando totalmente o foco para uma experiência de puzzles ágeis e um foco em alta pontuação, o novo jogo quebra todas as expectativas do formato tradicional em prol de um novo desafio de raciocínio rápido.

Reinventando Picross

A ideia de Picross é simples: temos que preencher uma malha quadriculada de acordo com os números de quadrados coloridos indicados nas bordas de suas linhas e colunas. Para evitar colorir áreas que devem permanecer brancas, o jogador também pode marcar alguns quadrados com X. Uma vez preenchidos todos os corretos, é possível ver como a imagem final forma algum tipo de objeto, criatura ou indivíduo pela combinação de seus pixels.

Em Picross X, essa base de preenchimento de quadrados continua, mas toda a proposta além disso é muito diferente do usual. Primeiramente, o objetivo final de cada “fase” não é mais o preenchimento de uma imagem e sim uma execução ágil desse procedimento em vários puzzles consecutivos dentro de um limite de tempo. Em Picross X, pouco importa o resultado final de cada enigma e sim quão rápido o jogador consegue entender e preencher esses desafios mentais.

Para facilitar a proposta, o jogo limita o tamanho dos puzzles ao tamanho 5 x 5 (com algumas exceções mais curtas para desafios específicos). Como consequência, cada desafio individual é muito simples (o tamanho 5 x 5 é geralmente considerado fácil em Picross) e não há tanta variedade entre eles, sendo comum encontrar o mesmo enigma individual em fases diferentes. Se, por um lado, isso vai contra a expectativa usual de Picross, por outro, é fundamental para essa proposta nova, já que ajuda o jogador a compreender mais rapidamente os padrões possíveis.

De certa forma, pode-se considerar que a proposta de Picross X é como transportar esses desafios de raciocínio lógico para uma mentalidade arcade. A agilidade exigida do jogador se reflete no foco em pontuação e errar também deixa o jogador sem conseguir preencher novos quadrados temporariamente, o que cobra um alto nível de precisão.

Em troca dessa simplificação do formato, o jogo investe em gimmicks, ou seja, em mudanças frequentes de regra. Em algumas fases, o jogador precisa desarmar bombas e pegar tesouros, o que implica em completar todos os quadrados da mesma linha e coluna das bombas ou tesouros antes de colorir a área marcada por esse objeto. Em outras, algum tipo de incômodo atrapalha a visibilidade, fazendo com que os números fiquem girando ou tampando a tela com pegadas. A variedade é bem grande e trechos de cada regra podem ser combinados para formar maratonas de desafios.

Um arma para superar Uzboross

Entender a lógica de Picross X demanda um tempo e dominar o funcionamento exige uma boa dose de esforço do jogador pela combinação de raciocínio lógico e reflexos rápidos. Para ajudar a lidar com os desafios, o jogo conta com habilidades especiais desbloqueáveis que facilitam a obtenção de pontos e também podem ser usadas para modular a dificuldade. Por exemplo, o jogo faz uma marcação automática de X nas áreas que se tornaram impossíveis logicamente, mas é possível equipar um poder que aumenta a pontuação na fase em troca de não ter mais essa marcação.

O número de habilidades equipáveis aumenta conforme o jogador completa mais desafios. Cada poder possui um custo associado, mas esse valor é reduzido quando ele ganha nível ao final de uma fase. Além disso, com as moedas in-game obtidas com a resolução dos desafios, é possível comprar roupinhas para os Picbits, alterar a aparência dos puzzles, entre outros efeitos cosméticos.

Outro elemento importante do jogo são os desafios opcionais. Cada fase possui três medalhas, que são liberadas se o jogador cumprir essas missões, como obter “pontuação X ou maior” ou não equipar certa habilidade. Essas medalhas precisam ser obtidas para liberar mais desafios e, uma vez concluídas as três, o jogador libera um desafio mais complexo. Vale destacar que o jogador não sabe quais são as exigências a princípio, sendo elas reveladas apenas após terminar a fase uma vez.

Terminar a fase, porém, não é somente chegar ao final do tempo. Em Picross X, é necessário conseguir uma boa avaliação, pois esta será convertida em ataques contra uma criatura chamada Uzboross. A ideia é que o jogo representa uma espécie de briga entre seres quadriculares chamados Picbits e essa cobra gigante que quer devorá-los. Sem a pontuação mínima, o jogador precisará tentar novamente para avançar.

Além da campanha single player, é possível jogá-lo em coop local ou online, porém não consegui fazer uso deles pela necessidade da assinatura do Switch Online ou de ter outro jogador com um Switch e o jogo. Há ainda o UZBO RUN, uma espécie de modo “infinito” que pode ser estendido por tempo indeterminado dependendo da habilidade do jogador de concluir cada desafio rapidamente.
Considerando a exigência de velocidade, eu não considero Picross X uma entrada ideal para quem nunca jogou um Picross anteriormente. Porém, há tutoriais em português explicando regras básicas e os funcionamentos específicos do X, o que facilita a entrada caso o jogador tenha mais interesse nessa nova proposta acelerada do que no formato usual. Vale destacar que Picross X está todo em português, assim como tem sido o caso da linha Picross S.

Um novo conceito que exige reflexos

Picross X: Picbits vs Uzboross
traz um conceito muito diferente do usual do gênero, incorporando uma proposta arcade baseada em alta velocidade. Ela desfigura tudo aquilo que Picross costuma oferecer para criar um outro tipo de experiência. Para o jogador aberto a essa proposta de raciocínio rápido, porém, trata-se de uma experiência de puzzle essencial e que renderá muitas horas de diversão sem sombra de dúvidas.

Prós

  • Grande variedade de regras que deixam a experiência diversificada;
  • Experiência arcade com puzzles ágeis e foco em pontuação;
  • Sistema de habilidades especiais e desafios opcionais ajudam a valorizar o fator replay.

Contras

  • Cada puzzle individual é muito simples e há repetições frequentes.

Picross X: Picbits vs Uzboross — Switch — Nota: 9.5

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Jupiter
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é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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