Nintendo Switch: um console híbrido capaz de combinar portabilidade, qualidade e performance

Mesmo com um hardware de 2017, o híbrido da Nintendo ainda surpreende em sua capacidade de rodar títulos exigentes.

em 02/11/2022

O sucesso do Switch não é novidade para ninguém, e desde seu lançamento o console já se mostrou capaz de muito mais do que se achava inicialmente. Abaixo serão apresentadas comparações entre alguns títulos mais exigentes e com alguns portáteis anteriores, a fim de demonstrarmos o poder que o Nintendo Switch tem mostrado nessa geração.

O que tem dentro do Switch?

O hardware é composto por um Tegra X1 (como dito também nesta comparação de NieR: Automata, que já contém algumas informações que complementam essa matéria) com 4 GB de memória, administrada entre o sistema operacional e os jogos. O Tegra X1 é responsável pelo processamento bruto e de vídeo, sendo, junto à memória RAM, o principal fator pela ''mágica'' que vemos na telinha de 6,2” (ou 7”, considerando o modelo OLED).

Em comparação com outros dois portáteis que também expressavam poder e portabilidade, PSP e PS Vita, podemos ter uma noção da evolução da tecnologia com o passar dos anos. Enquanto o PSP dispunha de 333 MHz (velocidade a qual o processador processa os dados), o PS Vita tem 444 MHz, enquanto o Switch tem 2 GHz (não vou abordar os núcleos de cada processador, porque o objetivo é uma comparação rápida). Com esse poder, o PSP tinha uma biblioteca com diversos ports de PS2 (ports diretos, sem maiores downgrades), e abaixo estão alguns exemplos:

O PS Vita não ficou para trás e também recebeu títulos do PS2 e PS3:

Sem citar os incríveis exclusivos dessas plataformas, ambos foram importantes para estimular o mercado de portáteis e ajudar com o seu desenvolvimento. Isso nos leva até 2017, quando foi anunciado o Nintendo Switch.

Em 2017, a indústria de portáteis mudou…

Com o lançamento do Nintendo Switch, pela primeira vez em muitos anos tivemos um portátil e um console de mesa no mesmo dispositivo. A tecnologia presente no híbrido da Nintendo não era novidade na indústria, visto que jogar jogos de portáteis na TV já era possível desde o Super Game Boy, de 1994.
 
Porém, conforme as gerações foram passando, cada fabricante encontrou seu próprio método de ''jogar'' a imagem das telinhas para as telonas, o que nos leva até o PSP, que apesar de não ter sido o primeiro a fazer isso, foi um portátil de sucesso que dispunha dessa opção (ele tinha um cabo componente que permitia, simplesmente, ligá-lo na TV e usá-lo como controle ou usar o DualShock 3).
Trailer dos acessórios do PSP Go, mostrando algumas funcionalidades que também estão presentes no Nintendo Switch

Mesmo uma geração depois, o PS Vita já não utilizava do mesmo método para jogar seus jogos na TV , tendo um lançamento de um modelo específico para isso, o PS Vita TV ou Playstation TV. A questão é que os engenheiros da Nintendo analisaram suas falhas e acertos, bem como as dos concorrentes, e conseguiram criar um híbrido extremamente prático.

O que tem de mais ''pesado'' na biblioteca do Switch?

O hibridismo do Switch permitiu uma versatilidade ímpar frente ao mercado japonês e ocidental, visto que poderia atender tanto à demanda por portáteis do Japão, quanto à demanda mista do Ocidente. Essa característica fez a Nintendo abrir mão do poder de hardware mais uma vez em prol da sua principal filosofia quando o assunto são seus dispositivos: inovação.
 
Conciliando o tempo de carga da bateria com desempenho e qualidade, temos um console que entrega, às vezes, além do que prometeu. Alguns dos títulos mais impressionantes que já experimentei no meu Switch são:
  • Crysis Remastered Trilogy: trabalha com resolução dinâmica que age entre 540p e 900p no modo dock, enquanto o modo portátil funciona entre 400p e 720p, ambos a 31 fps. Alguns dos ports mais bonitos e bem feitos que já vi no console, mesmo em momentos de tensão. Ainda não experienciei sequer quedas na taxa de quadros;
  • The Outer Worlds: atua na faixa ''padrão'' do Switch, ou seja, 720p (resolução HD) no modo portátil e 1080p (Full HD) no modo dock, ambos a 30 FPS. Esse é o jogo que mais sofre de quedas, inclusive, porém ainda é bastante jogável;

  • The Witcher 3: Wild Hunt: 540p no modo portátil e 720p no modo dock, 30 fps e um dos ports, senão o port mais impressionante até então. Principalmente, pelo leque de opções como anti-aliasing (método utilizado para esconder serrilhados, conhecido por tornar a imagem do jogo mais embaçada) e nitidez, por exemplo;
  • Dying Light Platinum Edition: também utiliza a faixa ''padrão'' de resolução, funcionando entre 30 e 36 fps, sendo outro port bastante interessante do ponto de vista técnico; 
  • The Elder Scrolls V - Skyrim Special Edition: 900p no modo dock e 720p no modo portátil, mantém-se como uma das grandes surpresas do Switch na época do seu lançamento, estando presente no seu trailer de apresentação ao mundo;
  • Alan Wake Remastered: apesar de rodar a 594p no modo dock e 396p no modo portátil, eu fiquei surpreso ao descobrir a resolução a qual o jogo roda, já que eu, realmente, não notei que estava tão baixa ao jogar na minha TV (que é relativamente grande). O jogo roda a 30 fps (mesma performance do Xbox One, por exemplo) e é o segundo jogo que mais vi quedas — apesar de frequentes, o jogo se mantém jogável;
  • GRID Autosport: outro port interessante, desta vez feito pela Feral Interactive (responsável também pelo port de Alien Isolation). Traz o ''padrão'' ideal com uma opção comum nos consoles de 9ª Geração, o modo performance e o modo desempenho. No modo dock, o jogo traz tanto a opção de 30 fps, quanto de 60 (o jogo se mantém a 1080p em ambas as opções).

O Switch é isso tudo mesmo?

Desde seu lançamento, quanto mais o tempo passa, mais o Switch surpreende os aficionados por hardware/software. É impressionante como ele consegue se comportar com jogos mais exigentes, quando são bem tratados para o console, e o resultado pode ser bastante satisfatório.
 
Apesar das dificuldades da diferente arquitetura (se for um port de Xbox One/PS4, por exemplo, esses utilizam arquitetura x86, a mesma do PC), limitações de memória e frequência, desenvolvedoras especializadas em ports para o híbrido já mostraram diversas vezes que é possível ''tirar leite de pedra'' com o pequeno grande console da Nintendo que, já faz algum tempo, aproxima-se cada vez mais das vendas do Playstation 2.


Para aqueles que querem checar esses jogos mais exigentes, eles ficam frequentemente em promoção. Ao final deste mês, vai ocorrer a Black Friday, e a maioria deles, senão todos devem ganhar desconto. Fora os citados, é bom ficar de olho nos outros jogos da Bethesda, que é uma das publicadoras que mais deu atenção ao Switch. Por conta disso, talvez seja melhor trazer uma matéria exclusiva desses ports. Sendo assim, através desses jogos, é possível checar o poderio do Switch e especular sobre futuros ports, bem como o quão longe os jogos novos podem ir.

Novamente, assim como o PSP e PS Vita, é impressionante como a Nintendo conseguiu conciliar bateria, desempenho, qualidade e uma incrível biblioteca, tudo num dispositivo com um preço acessível e que funciona de forma prática. Realmente, um acerto que tanto a Nintendo, quanto a indústria precisavam (principalmente, após o Wii U). Esperemos que a Nintendo mantenha a qualidade, criatividade, mas, principalmente, a criatividade em seus futuros consoles, pois o Switch, sem sombra de dúvida, foi e é um grande sucesso.

Revisão: Vitor Tibério
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Graduando em Geografia, fotógrafo e colecionador de retrogames. Depois de ser introduzido aos JRPGs em 2021, tem desbravado as fantasias nipônicas da Square Enix, Nintendo, Falcom, entre outras. Alguns jogos me chamam atenção pelos motivos mais aleatórios possíveis (como o chocobo na cover art de FFV), enquanto outros apenas por ter menos 30h de duração. Acompanho o trabalho de artistas como Fumito Ueda, Miyazaki, Shimomura, entre outros. Fotografias virtuais, clipes e screenshots de quase tudo o que jogo podem ser encontrados no meu Twitter; Alguns ensaios e prévias podem ser checados no Medium; Tudo o que jogo, joguei e vou jogar (bem como várias listas) está disponível no Backloggd.
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