Análise: Smurfs Kart (Switch) é uma bela corrida pelo famoso universo dos seres azuis, apesar das derrapadas

O carisma dos personagens transborda neste jogo estilo Mario Kart.

em 15/11/2022

Muitos dos personagens que dominam a cultura popular atualmente são de origem estadunidense, como os super-heróis campeões de bilheteria nos cinemas. Vez ou outra, porém, figuras de outros lugares do mundo alcançam o posto de fenômeno mundial, dos coreanos do BTS ao rebolado da colombiana Shakira.


Para o mundo dos quadrinhos, a Bélgica é um desses locais fora da rota habitual, com uma produção respeitada internacionalmente. Não à toa, Bruxelas abriga um Museu da História em Quadrinhos (CBBD). E seu maior produto, ao lado de Tintin, são os Smurfs.

Criadas em 1958 pelo cartunista Peyo (Pierre Culiford), as criaturinhas azuis logo fizeram sucesso nas mais diferentes mídias, estrelando animações, filmes e, é claro, games. O mais recente lançamento nesta área é Smurfs Kart, que chega primeiro ao Nintendo Switch. Será uma diversão que deixaria o Papai Smurf orgulhoso ou uma derrapada ao estilo do Desastrado?

Tirando o smurf elefante da sala

Inevitavelmente, qualquer jogo de kart é imediatamente comparado a Mario Kart, franquia que é um marco na indústria e que já inspirou jogos semelhantes estrelados por Sonic, Crash e até Diddy Kong. O título dos Smurfs, como não poderia deixar de ser, bebe bastante da fonte.


Há a possibilidade de escolher entre duas velocidades, a “Diversão” e a “Supervelocidade”. Há um modo espelhado das fases. Itens são coletados de forma aleatória ao passar por cima de caixas (aqui, caixas de presente) e servem para turbinar a velocidade ou para atacar os adversários, por exemplo.

As semelhanças são muitas, fazendo deste um título construído a partir das bases estabelecidas pela franquia da Big N. Inclusive, uma das pistas tem uma curva que desafia a gravidade, tal qual Mario Kart 8 (Switch).

A similaridade entre os títulos não é uma coisa ruim. Na verdade, torna a jogatina muito intuitiva, já que as mecânicas de jogo são bem conhecidas.

Copia, mas não faz igual

A execução de tais mecânicas, por sua vez, não são da mesma qualidade primorosa de sua fonte de inspiração. Um exemplo é em relação à sensação de velocidade. Pouquíssima diferença pode ser percebida entre a opção Diversão e a Supervelocidade.



Outro caso é o já citado Modo Espelhado. Na franquia do encanador bigodudo, as placas são apresentadas ao contrário, um toque simples que ajuda na imersão da proposta de espelhamento. Aqui em Smurfs Kart, a sensação é de uma repetição da pista.

A aleatoriedade dos itens também poderia ser melhor balanceada. É comum passar três voltas entre os últimos colocados e só receber frutas, em vez de folhas (que funcionam como um turbo) ou a poção (que temporariamente impulsiona o personagem em alta velocidade, tal qual a bala de canhão em Mario Kart).

Nem tudo, porém, é uma cópia mal executada. Há momentos em que o título apresenta soluções próprias interessantes. Por exemplo, é possível carregar dois itens de uma vez. E no início de cada corrida aparece um velocímetro colorido, o que permite calcular com precisão o quanto se deve acelerar para começar com um turbo.

O fator Smurf

A leitura até aqui poderia sugerir que se trata de um jogo fraco e esquecível. Contudo, o fator Smurf se faz fortemente presente. Os personagens são extremamente carismáticos, o que fica claro já na tela de seleção.



São doze smurfs disponíveis, dos obrigatórios Papai Smurf, Smurfete e Desastrado até o inusitado Robô Smurf e as meninas Tormenta e Flor. Cada um possui um veículo próprio que reflete a personalidade de seu piloto.

Aliás, neste ponto é válido destacar o trabalho de localização do título. Um dos personagens disponíveis é o Joca, clássico dos quadrinhos e da animação mais antiga. Em inglês, este smurf se chama Jokey, algo que poderia ser traduzido como “Piadista”, mas que fugiria do modo como o personagem já está estabelecido no Brasil. É a sutil diferença entre tradução e localização.

Todo esse clima agradável e conhecido também transborda pelos cenários, passando pela Vila dos Smurfs ou pela casa do Gargamel. Passar pelo telhado e ver o gato Cruel dormindo, ou dirigir por entre as moradias em forma de cogumelo, é uma sensação constante de estar em casa.


Smurfando (negativamente)

Por falar em cenário, os gráficos de Smurfs Kart são medianos. Enquanto alguns efeitos de luz são bem feitos e ajudam em um certo tom onírico, as texturas são lisas, dignas de gerações anteriores. Contudo, com a sensação de estar dentro de um desenho animado, isso não chega a ser um grande incômodo.

Pontualmente também ocorrem alguns bugs. Em determinada pista, por exemplo, fui atingido por uma flecha, o que me empurrou para fora do traçado. No acostamento, fiquei preso entre as pedras e, ao tentar acelerar, o carro acabou entrando entre os pedregulhos e sumindo.



Tirando esses probleminhas ocasionais, não há do que se reclamar em termos de desempenho. O maior incômodo vem das telas de loading. A palavra “smurfando” substitui a tradicional “carregando”, o que torna mais simpático. Porém o carregamento demora bastante, algo que nem toda simpatia do mundo consegue amenizar.

Smurfando (positivamente)

Algo que salta aos olhos (ou no caso, aos ouvidos) é a trilha sonora. As músicas são muito boas, a ponto de ter sentido falta da possibilidade de diminuir o volume dos efeitos sonoros durante a jogatina.

Smurfs Kart contém 110 conquistas, como coletar uma certa quantidade de frutas, vencer um número de corridas com determinado personagem ou conquistar uma copa. Para cada achievement conquistado, o jogador recebe uma figurinha com arte que remete aos traços eternizados por Peyo. É um excelente toque.



Depois de conquistados, esses adesivos podem ser vistos no álbum disponível na tela inicial. Além das figurinhas, também há medalhas, mas infelizmente – e estranhamente – elas não estão no álbum e não há uma listagem delas.

O jogo conta com três modos de jogo. Na Corrida Livre, é possível escolher a velocidade, a dificuldade, os itens que estarão disponíveis ou não e o número de corridas. Como diz o nome, é a possibilidade de curtir livremente o título.

No Grande Prêmio, disputa-se uma das três copas disponíveis, cada uma composta por 4 corridas, em busca do troféu. Não é possível selecionar a dificuldade, mas o jogo com um bom nível de desafio, não sendo tão fácil alcançar o primeiro lugar no campeonato.

Já o modo Desafio de Tempo é composto por doze pistas, cada uma tendo um personagem a desafiar o jogador pelo melhor desempenho na pista. Além de comparar seu tempo com o desafiante, há também um ranking online que mostra os três jogadores mais bem posicionados.

Por fim, é possível disputar a Corrida Livre e o Grande Prêmio com até 4 jogadores de forma local. O desempenho com a tela dividida se mantém estável, contribuindo para a diversão.

Uma diversão simples



Smurfs Kart é um jogo simples e que não tenta ser mais do que isso. O que de forma alguma é uma coisa ruim. O título sabe o que quer apresentar e entrega uma diversão descompromissada e familiar, utilizando-se de todo o carisma e simpatia de seus personagens. Tal qual Desastrado, dá suas derrapadas, que o impedem de atingir o alto do pódio, mas é agradável o suficiente para valer umas voltas.

Prós

  • Trilha sonora incrível;
  • Jogabilidade e mecânicas já conhecidas;
  • Carisma dos personagens bem aproveitado;
  • Excelente localização.

Contras

  • Telas de carregamento muito demoradas;
  • Pouca diferença entre as velocidades de corrida;
  • Desbalanceamento na oferta de itens;
  • Gráficos medianos;
  • Bugs pontuais.
Smurfs Kart – Switch – Nota: 6,0
Revisão: Thais Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela Microids
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Nascido no mesmo dia que Manoel Bandeira (mas com alguns anos de distância), perdido em Angra dos Reis (dos pobres e dos bobos da corte também), sob a influência da MPB, do rock e de coisas esquisitas como a Björk. Professor de história, acostumado a estar à margem de tudo e de todos por ser fora de moda. Gamer velho de guerra, comecei no Atari e até hoje não largo os mascotes - antes rivais - Mario e Sonic.
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