Análise: Ghost Song (Switch) é capaz de criar atmosferas extraterrestres com maestria

Descubra os mistérios de Lorian e ajude a protagonista Deadsuit neste complexo jogo de ação.

em 08/11/2022
Influenciado pelos clássicos da franquia Metroid, Ghost Song é o mais novo metroidvania a aterrissar na biblioteca de jogos do Switch. Com uma temática alienígena, este título traz algo a mais para se destacar entre os diversos nomes de seu gênero: a sua capacidade de oferecer desafios tensos em atmosferas extraterrestres profundas. Diante dessa característica, a aventura inegavelmente consegue cativar no Switch, apesar de sofrer com eventuais problemas de desempenho no console da Nintendo.

O despertar de Deadsuit

Na misteriosa lua de Lorian, uma figura robótica acorda após anos de dormência. Trata-se de Deadsuit, a protagonista de Ghost Song. Desprovida de lembranças e desorientada em um ambiente desconhecido, ela deve explorar os seus arredores em uma jornada de autodescobrimento. Com isso, surgem personagens secundários, tanto alienígenas, quanto humanos, que descrevem os detalhes do corpo estelar e sobre como sobreviver aos seus perigos, além de pedirem ajuda em certas tarefas.

Como um bom metroidvania, o título concede bastante liberdade aos jogadores, que devem explorar mapas bidimensionais, segmentados por diferentes estilos de ambiências. Para progredir e acessar zonas desconhecidas, muitas vezes precisamos adquirir novas habilidades para Deadsuit, como saltos mais altos, investidas aéreas e mísseis capazes de destruir paredes resistentes.

É interessante notar que essa mesma liberdade de gameplay também está presente na progressão narrativa de Ghost Song. Afinal, o jogo não costuma narrar sua trama através de cenas cinematográficas obrigatórias, mas sim a partir de diálogos com personagens sobreviventes de Lorian. Estes momentos, por sua vez, são opcionais; isto é, fica por conta do interesse do jogador decidir se quer ou não ouvir as histórias do espaço sideral.

Embora essa possibilidade seja, de fato, atraente, entendo que um dos grandes charmes do título está justamente em investigar os mistérios de sua narrativa. Assim, conhecer os detalhes de Lorian e investigar o passado de Deadsuit estão entre os grandes atrativos do jogo, que apesar de não trazer, exatamente, um enredo inovador, consegue se mostrar profundo e reflexivo, repleto de momentos inspiradores. Eis que essa qualidade dá mais carisma ao título, que consegue desenvolver plenamente outro de seus pontos fortes: a sua engenhosa jogabilidade.

Tiros de plasma, poderes galácticos e muito estilo

Com traços inspirados no estilo de Samus Aran, a protagonista Deadsuit carrega consigo um poderoso blaster, capaz de atirar projéteis de plasma para todos os lados. Do mesmo modo, ela tem, em seu repertório de movimentos, a capacidade de executar golpes físicos, que podem ser feitos com a própria arma de fogo ou com outros equipamentos encontrados no caminho, como uma poderosa lança. À vista disso, o próprio jogo nos incentiva a variar os tipos de ataques usados, o que dá uma maior diversidade ao roteiro dos enfrentamentos.

A jogabilidade de Ghost Song, no geral, é bastante simples, pois segue os padrões do gênero metroidvania, com saltos, ataques e movimentos bidimensionais de exploração. Entretanto, faz-se necessário destacar que o jogo é capaz de brilhar por meio de seu apurado sistema de progressão RPG. 

Nele, podemos não apenas aumentar o nível e os status da protagonista, como também ativar ou desativar orbes de habilidades através do menu. Além de trazer elementos de estratégia ao jogo, é através desse sistema que podemos adquirir movimentos divertidíssimos, como a capacidade de recrutar criaturas ajudantes, lançar objetos explosivos e refletir escudos protetores.

Apresentando comandos variados, que trazem uma profundidade interessante, a jogabilidade do título funciona bem como um todo. Entretanto, admito que levei um certo tempo até me acostumar aos movimentos, uma vez que a física presente no título é um tanto singular, principalmente por conta dos pulos da protagonista, que atingem uma altura que foge dos padrões dos jogos de aventura bidimensionais. 

Assim, os primeiros desafios de plataforma, por exemplo, foram um tanto irritantes em função da elevada exigência de precisão. Porém, depois de algumas horas, enfim consegui me adaptar ao estilo único da jogatina, que daí em diante me proporcionou bastante diversão.

Além das suas proezas de jogabilidade, outra qualidade evidente da aventura está em sua esmerada estética. Com belos visuais e uma trilha sonora espacial, temos atmosferas alienígenas incríveis que trazem muita tensão aos desafios. Da mesma forma, é interessante notar como os traços dos cenários e dos seres vivos são bastante charmosos, fazendo com que o jogo tenha uma identidade marcante e diferenciada, inclusive em termos de atuação de voz, já que o jogo conta com uma ótima dublagem.

Se juntarmos essas belas características estéticas ao sentimento recompensador que experimentamos nos momentos de exploração e de progressão RPG, temos, em Ghost Song, uma prazerosa jornada que é capaz de prender do início ao fim de sua trama. No entanto, é uma pena que o brilho dessa aventura intergaláctica seja ofuscado por certas adversidades de desempenho no Switch.

Tal qual robôs espaciais com defeitos

É inegável que os visuais da aventura estão exuberantes no console da Nintendo, com um brilho característico, texturas agradáveis e uma bela resolução. Porém, há um problema recorrente que atrapalha a jornada: a sua performance. Com constantes quedas de quadro por segundo, Ghost Song é bastante instável no Switch, algo que pode ser notado em muitos momentos com a movimentação da protagonista.

Em alguns ambientes maiores, por exemplo, onde há mais inimigos, texturas e espaço para explorar, a falta de fluidez é bastante perceptível. Enquanto isso, em locais menores, como dentro de naves, laboratórios e salas pequenas, a conjuntura é normal e tudo ocorre, de fato, como a aventura se propõe a ser. Conforme transitamos entre diferentes tipos de salas, isso causa, de imediato, uma certa estranheza capaz de tornar a jogatina menos atraente. 

Para piorar, essa circunstância acarreta em um problema ainda mais grave, que são os ocasionais input lag nos comandos. Isso significa que, em cenários mais problemáticos, os controles do jogo não são exatamente responsivos, demorando alguns milissegundos para registrar os movimentos feitos nos botões. Consequentemente, isso gera momentos frustrantes, nos quais os desafios se tornam excessivamente difíceis, sobretudo quando se trata de batalhas e de seções de plataforma.

Tais problemas infelizmente estão presentes tanto no modo docked, quanto no formato portátil do console híbrido, não havendo uma diferença significativa entre os dois estilos. É uma pena pois, nas demais plataformas em que o jogo foi lançado, esses defeitos não se manifestam; logo, o Switch não parece ser, exatamente, o melhor local para se experimentar a aventura de Deadsuit, que segue sendo atraente, mas que, de maneira inegável, apresenta algumas falhas no console da Big N.

Uma jornada emocionante, apesar das falhas técnicas

No papel, Ghost Song é um divertido metroidvania que encanta a partir de sua narrativa espacial, de seus prazerosos momentos de exploração e de sua incrível capacidade de formar ambiências alienígenas. Entretanto, torna-se necessário mencionar que, pelo menos no Switch, encarar tais desafios também significa ter de lidar com eventuais quedas de fps e frustrantes momentos de input lag. Esses defeitos não fazem com que a jornada de Deadsuit deixe de ser divertida, mas infelizmente a tornam um pouco mais desagrádavel quando encarada no console da Nintendo.
No Game Blast, realizamos uma entrevista exclusiva com Matt White, o criador de Ghost Song. Confira!

Prós

  • A fórmula metroidvania é implementada com muita qualidade;
  • Divertidos e prazerosos momentos de exploração;
  • A narrativa misteriosa nos incentiva a dialogar com os personagens;
  • Além da jogabilidade ser diversificada, a progressão RPG traz profundidade;
  • Ótima criação de ambiências, com trilhas sonoras espaciais e visuais ricos;
  • O trabalho de atuação de voz é impecável.

Contras

  • Constantes quedas de frames por segundo e pouca fluidez;
  • Os comandos sofrem com input lag, dificultando a jogatina;
  • Certos desafios de plataforma são irritantes em função das particularidades da física do jogo.
Ghost Song — Switch/PS4/PS5/XBO/XBX/PC — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Humble Games

Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
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