Análise: Fallen Knight (Switch) possui algumas qualidades, mas pouquíssima variedade

O título da Fair Play Studios entrega uma boa experiência de jogo de plataforma e ação, mas o jogador pode desfrutar de tudo em uma única jogada.

em 05/11/2022
Desenvolvido pela Fair Play Studios e lançado originalmente em 2019 para plataformas mobile e posteriormente para PC, PS4 e Xbox One, Fallen Knight chegou ao Nintendo Switch em 13 de outubro de 2022. O título mistura a lenda dos Cavaleiros da Távola Redonda, guerreiros de elite na corte do Rei Artur, e um futuro tecnológico, e entrega, apesar dos problemas, um bom jogo de plataforma e ação.

O Santo Graal em um mundo tecnológico

Em um futuro extremamente tecnológico, a humanidade vive em paz e as quatro nações existentes são unidas. Essa paz se deve ao fato de a Catedral, uma das organizações mais antigas do mundo, ter encontrado o Santo Graal, um objeto sagrado que fornece energia pura para toda a humanidade. Apenas a Catedral possui acesso à tecnologia sagrada e ela permite que todos desfrutem desse poder, desde que permaneçam unidos e sem conflitos. 

Como a paz não pode existir sem que alguém tente derrubá-la, um grupo terrorista chamado The Purge deseja roubar o Graal e usá-lo para objetivos próprios. Neste contexto, os cavaleiros da Távola Redonda, um grupo de guerreiros de elite que lutam sob o comando da Catedral, são incumbidos de impedir e derrotar os malfeitores. Dentre os cavaleiros, temos Lancelote e Galahad, os personagens que o jogador pode controlar.



Lancelote e a campanha principal

Fallen Knight é um jogo de plataforma e ação muito inspirado em jogos da franquia Megaman. Digo isso, pois o jogo funciona da mesma forma em diversos aspectos: há uma fase lateral e linear com diversos inimigos pelo caminho e um chefe no final. As fases podem ser escolhidas na ordem que o jogador desejar e, ao chegar nos chefes, a tela pisca um aviso de perigo em vermelho. Para vencer os desafios, o jogador pode pular, usar dash e atacar, e, também similar ao que ocorre nos jogos do robô azul, ao derrotar um chefe ganhamos alguma habilidade nova. Finalmente, na campanha principal, jogamos com Lancelote e ele usa uma espada e realiza combos de três golpes quase idênticos aos do Zero em Megaman X5.

Ao iniciar a campanha principal, há cinco fases disponíveis, e após serem concluídas, é desbloqueada uma última fase com um chefe final, que possui um nível de dificuldade bem maior e pode exigir um pouco mais de cuidado e estratégia. Acredito que as batalhas contra os chefes são o ponto alto do jogo, pois todos eles são bem interessantes e possuem mecânicas, visuais e diálogos próprios, além de um bom grau de dificuldade, obrigando o jogador a aprender os seus movimentos para conseguir derrotá-los.

Para auxiliar na jornada, o jogador pode comprar e equipar diversas habilidades, dentre elas um pulo duplo, possibilidade de usar dash enquanto salta e uma pequena cura sempre que o jogador acertar golpes em inimigos. Essas habilidades podem ser compradas com o uso de pontos adquiridos durante as fases. Mesmo que algumas dessas técnicas desbloqueadas possam ser úteis, a grande maioria não modifica a jogabilidade, como ocorre no título de inspiração, servindo apenas para aumentar o tamanho da vida ou o tempo de imunidade depois de levar um golpe.

Além desse ponto, que considero negativo, destaco que apesar de a campanha principal ser divertida, ela é muito curta e pode ser terminada em menos de uma hora, principalmente se o jogador tiver experiência com jogos do gênero.



Tentativa falha de implementar elementos de roguelike

Com o término da campanha principal, o jogador tem acesso a um novo modo de jogo, muito mais difícil, no qual irá controlar Galahad e acredito que, apesar das boas ideias, esse novo modo é muito problemático e deixa a desejar. Nessa entrada, temos novamente algumas fases com um chefe no final delas, no entanto, Galahad só possui uma vida e, sempre que morrer, o jogador voltará ao início. Antes de iniciar cada corrida, é possível escolher dentre algumas habilidades randômicas que fazem basicamente a mesma coisa que as presentes no primeiro modo.

Sempre que uma corrida termina, seja com a conclusão da fase ou com a falha e morte do personagem, o jogador ganha pontos que também podem ser usados para comprar habilidades. A quantidade de pontos ganhos é correspondente ao quão longe o jogador conseguiu chegar na fase e quantos inimigos derrotou pelo caminho. Apesar da ideia de misturar esses elementos comuns no gênero roguelike ser interessante, creio que não foi bem executada, pois esse modo acaba ficando muito repetitivo devido à variedade limitada de inimigos e cenários. Somado a isso, Galahad também usa lâminas e sua jogabilidade acaba não sendo muito diferente da de Lancelote.


Em ambas as campanhas, o jogador pode controlar o cavaleiro usando os botões direcionais ou o analógico esquerdo e realizar ataques de espada apertando o botão Y. Com o botão A é possível usar uma espécie de dash e com o B podemos saltar. Ao saltar em uma parede, é possível andar sobre ela, mecânica que é muito útil em alguns momentos e irritante em outros, pois em espaços pequenos a tentativa de um simples salto pode resultar no personagem se pendurando em algum local indesejado.

Outra mecânica muito interessante é o sistema de aparar e contra-atacar. Apertar o botão de ataque no exato momento do ataque inimigo faz com que o personagem defenda e execute um contra-ataque que mata o adversário na hora. Em inimigos comuns, consegui realizar esse movimento diversas vezes e me senti satisfeito, no entanto, apesar de ser possível, achei muito difícil acertar em chefes e acabei frustrado na maioria das vezes. Com as ressalvas apontadas, todos os comandos são bem mapeados e funcionam perfeitamente no controle do Nintendo Switch.

Apesar de ser muito curto, Fallen Knight oferece uma boa experiência

Com respeito ao design, os protagonistas e chefes são muito bem elaborados e charmosos, mas os inimigos comuns são pouco inspirados e quase não possuem variedade, com muitos deles mudando apenas o uso entre uma arma de fogo, espada ou escudo. O visual do jogo segue o estilo 2.5D, no qual os elementos possuem gráficos 3D mas a movimentação ocorre em um cenário 2D. Quanto à trilha sonora, apesar de contar com poucas faixas, elas são boas e combinam com a sensação que o jogo passa de desafio a ser superado.


Por ser um jogo de plataforma com inspirações muito visíveis, senti falta de itens e segredos escondidos pelas fases, como ocorre, por exemplo, com as partes de armadura e corações em Megaman. Essa ausência faz com que as fases sejam lineares demais e acabam deixando o cenário um pouco pobre.

Apesar da pouca variedade, a jornada de Lancelote fornece uma boa experiência com controles bem ajustados para o híbrido da Nintendo. Para aqueles que gostam de grandes desafios, jogar com Galahad pode oferecer uma boa diversão, mas, a meu ver, também peca muito com respeito à diversidade. Finalmente, a despeito dos problemas apresentados, os visuais dos protagonistas, algumas habilidades interessantes e os chefes bem elaborados fazem de Fallen Knight um jogo competente e divertido, pelo menos durante as primeiras horas.

Prós:

  • Lancelote e Galahad possuem um bom visual;
  • Chefes bem elaborados;
  • Comandos bem ajustados ao controle do Switch;
  • Totalmente legendado em português.

Contras:

  • Baixa variedade de inimigos durante as fases;
  • Fases muito lineares, sem possibilidades de exploração;
  • Modo do Galahad é repetitivo e cansativo;
  • Lancelote e Galahad possuem praticamente a mesma jogabilidade.
Fallen Knight — Mobile/PC/PS4/Xbox One/Switch — Nota 6.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital adquirida pelo redator
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