Análise: Arkanoid Eternal Battle (Switch) é a entrada de um clássico no século 21

Destruir blocos continua sendo desafiador e divertido.

em 07/11/2022

Quando eu era criança, nos anos 1990, eram vendidos uns aparelhos de minigame que vinham com 99, 128 ou até 999 jogos. Dentro das diversas variações e repetições, estava uma versão rudimentar e monocromática de Breakout (Atari). Esse clássico de 1976 estabeleceu definitivamente um gênero conhecido como block breaker, em que blocos devem ser destruídos.


O sucesso do título inspirou outras empresas, como a Taito, que lançou Space Invaders (1978) e Arkanoid (1986). Este último se tornou um fenômeno a ponto de suplantar a fama de Breakout. Então, 36 anos depois, surge Arkanoid Eternal Battle, uma revitalização promovida pelo estúdio francês Pastagames, o mesmo de Rayman Legends (Switch). Em 2022, o jogo de bloquinhos ainda consegue entreter? Acompanhe nossa análise!

É uma nave ou uma raquete?

Uma tela fixa. Na parte inferior, uma barra que se move para esquerda e para direita rebatendo uma bolinha. Na parte superior, um conjunto de blocos coloridos que devem ser destruídos pela bolinha rebatida. Deixar a bolinha passar pela barra e desaparecer na parte inferior da tela significa perder uma vida.


Com este conceito simples, Arkanoid Eternal Battle é um jogo extremamente acessível, com controles fáceis e intuitivos. Essa fórmula básica, criada há mais de três décadas, ainda é extremamente eficiente e é a base do sucesso do título, clonada à exaustão desde 1986.

A história é um fiapo, mas isso não é um problema. A barra com a qual jogamos, na verdade, é uma nave chamada Vaus, e nossa missão é evitar uma invasão alienígena comandada pelo terrível vilão Doh. Isso é apenas dito, sem interferir muito na experiência.

Diferenciais

Se o jogo se resumisse apenas a rebater a bolinha para destruir os blocos, já seria bom. Mas, dessa forma, seria apenas uma cópia de Breakout. Arkanoid, por sua vez, possui outros elementos que o tornam único.


O primeiro são os alienígenas que surgem e se movimentam pela tela durante a jogatina. Se por um lado contribuem para aumentar a pontuação ou para empurrar a bola em direção a um bloco, por outro lado, aumentam o desafio ao desviar a trajetória da bolinha de forma inesperada, podendo significar a perda de uma vida.

O segundo grande diferencial do título são os power ups, que caem de alguns blocos em forma de pílulas coloridas. São diversos poderes que conferem bastante variedade ao gameplay e trazem dinamismo às partidas.

Existem modificações na nave, como aumentar seu tamanho, habilitar tiros para destruir blocos ou a capacidade de agarrar a bola, dando a possibilidade de calcular melhor a próxima jogada. Há também efeitos que afetam a bola, como dividi-la em três, aumentar sua espessura, diminuir sua velocidade ou a capacidade de atravessar diversos blocos seguidos.

Diferentes formas de enfrentar a invasão

Esta revitalização de Arkanoid apresenta quatro modos de jogo, cada um oferecendo uma experiência diferente. Nessa perspectiva, o fator replay do título é aumentado consideravelmente.


No modo Retro, jogamos o clássico de 1986 como ele foi concebido e podemos entender a origem deste fenômeno. Aqui ficam evidentes as qualidades do jogo original. A tela inclusive simula um fliperama, para entrarmos no clima da época.

Uma mudança muito bem-vinda é que, ao perder as três vidas, não aparece uma tela de game over. Em vez disso, aparece a opção de voltar para o menu inicial ou continuar a jogatina, porém com a pontuação zerada. Considerando o nível de desafio e a quantidade de vidas perdidas, isso torna a partida mais amigável e estimula o jogador a seguir.


O modo Neo apresenta a reimaginação do título para os dias atuais, com visuais modernos e trilha sonora atualizada. As melhorias conquistadas pelos power ups são cumulativas e podem ser levadas para a próxima fase. Além disso, continuar a jogatina após perder todas as vidas, em vez de zerar a pontuação, custa metade dos pontos obtidos.

Apesar do incentivo positivo para continuar jogando, estes dois modos possuem o mesmo aspecto negativo. Voltar ao menu (ou fechar o jogo) significa perder todo o progresso e ter que recomeçar da primeira rodada. Seria interessante haver a possibilidade de escolher entre reiniciar ou continuar a partida.


O modo Versus pode ser jogado por até 4 jogadores de forma local. Cada um enfrenta sua partida de Arkanoid, ao mesmo tempo que é possível jogar bombas que podem atrapalhar a visão dos adversários ou deixar todos os seus blocos inquebráveis por um tempo. Quando uma pessoa destrói todos os blocos, termina a rodada. Quem vencer mais rodadas é o campeão.

Um ponto positivo é que é possível jogar esse modo mesmo sozinho, com a máquina assumindo o papel dos outros jogadores. Um ponto negativo é que até três jogadores é possível enxergar bem a tela. Já com quatro jogadores, as telas ficam menores, o que dificulta a visão.


Por fim, temos o modo Eternal Battle, que dá nome ao jogo. Trata-se de um battle royale online onde 25 jogadores se enfrentam até que só sobre um. O vencedor ganha a oportunidade de confrontar o vilão.

Cada um dos modos possui seus atrativos e vale a pena encarar todos eles. O jogo está rodando sem problemas no Switch, mesmo quando há muitos elementos em tela.

O rei mantém sua majestade


A jogabilidade e os elementos que fizeram o título de 1986 suplantar Breakout no gênero block breaker foram revitalizados e atualizados aqui. Arkanoid Eternal Battle traz a franquia clássica para o século 21, mantendo-a divertida, instigante, desafiadora e adicionando novidades muito bem-vindas em termos visuais e de modos de jogo, como o Versus e o battle royale, tão popular nos últimos anos. E tudo isso em português do Brasil, com possibilidade de crossplay entre várias plataformas. Por tudo isso, Arkanoid segue sendo o rei do gênero.

Prós

  • Partidas divertidas e desafiadoras;
  • Belos visuais e efeitos;
  • Power ups dão variedade à jogatina;
  • Quatro modos de jogo com seus próprios atrativos, aumentando o fator replay.

Contras

  • Não ter a opção de continuar o progresso nos modos Neo e Retro.
Arkanoid Eternal Battle — Switch/PS4/PS5/XBO/Xbox Series/PC — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela Microids

Nascido no mesmo dia que Manoel Bandeira (mas com alguns anos de distância), perdido em Angra dos Reis (dos pobres e dos bobos da corte também), sob a influência da MPB, do rock e de coisas esquisitas como a Björk. Professor de história, acostumado a estar à margem de tudo e de todos por ser fora de moda. Gamer velho de guerra, comecei no Atari e até hoje não largo os mascotes - antes rivais - Mario e Sonic.
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