Análise: Taiko no Tatsujin: Rhythm Festival (Switch) traz diversão rítmica exclusiva ao console da Nintendo

O novo título da série, que aos poucos vem ganhando tração no Ocidente, é uma boa pedida para fãs de games musicais.

em 07/10/2022
Taiko no Tatsujin: Rhythm Festival
 é o mais novo jogo da franquia Taiko no Tatsujin, que por mais de dez anos ficou ausente do Ocidente após uma aparição para lá de tímida no PlayStation 2 com o game Taiko: Drum Master.

Contendo mais de 70 músicas, novos modos de jogo e vastas opções de personalização, será que esta entrada mais recente consegue justificar a sua existência após o ótimo Taiko no Tatsujin: Drum ‘n’ Fun (Switch)? Prepare as suas baquetas e confira em nossa análise a seguir!

O som do coração

Se a franquia Taiko no Tatsujin não lhe é familiar, não se preocupe, pois você definitivamente não está sozinho nessa. O que você precisa saber inicialmente é que trata-se de uma série de jogos rítmicos, como o saudoso Guitar Hero, onde você precisa acertar as notas no tempo certo das canções para prosseguir. 

A grande diferença aqui em relação à falecida série da Activision — além do repertório e da apresentação visual, é claro — é que você estará usando um taiko ao invés de uma guitarra ou contrabaixo. Taiko (ou Taikô) é um instrumento de percussão muito popular no Oriente, cuja superfície é confeccionada com peles sintéticas ou de animais e cuja base é desenvolvida de forma a proporcionar a acústica e a ressonância necessárias para que os sons sejam percebidos.

É importante mencionar que existem vários tipos de tambores taiko, inclusive com suas próprias denominações, mas aqui no Ocidente é comum usar a palavra para referir-se à família de tais percussões de um modo geral. Taikos podem ser tocados com as mãos ou com baquetas especiais, e apresentações populares costumam conter belas demonstrações de ritmo, técnica e ornamentação.

Por ser um item praticamente desconhecido por aqui, não é de se espantar que a franquia tenha ficado tanto tempo sem lançamentos ocidentais após a aparição no PlayStation 2. Porém, parece que aos poucos a Bandai Namco deseja tornar a franquia conhecida por estas bandas, com o lançamento digital de Drum ’n’ Fun em 2018; estreias posteriores no PC e outros consoles; e, finalmente, com a chegada da estrela desta análise, que, devo dizer, é um dos melhores game da franquia até agora.

Conquistando a cidade

Logo assim que você iniciar Rhythm Festival, será recepcionado pelo carismático DON-chan, um “taikinho” que lhe explicará que veio para Omiko City tornar-se um instrumentista melhor enquanto busca entretenimento e tenta despertar a habilidade musical que todos têm dentro de si. 

Assim que DON-chan chega à cidade, ele consegue fazer amizade com Kumo-kyun, uma carismática nuvem que lhe mostrará as atrações de Omiko City e lhe auxiliará de diversas formas em sua jornada. Sem entrar em território de spoilers, é bem interessante ver a franquia apresentando uma narrativa, ainda que básica, ao jogador, pois retira em partes a sensação de que Taiko no Tatsujin: Rhythm Festival é só um party/arcade game e nada mais, impressão relativamente comum em Drum ‘n’ Fun.

Além de ser o palco das interações entre os protagonistas, Omiko City funciona como um hub para o game, onde é possível selecionar entre diversos modos de jogo. O principal (Taiko Mode) é acessado a partir da zona central, chamada de Thunder Shrine. Aqui é possível jogar as mais de 70 músicas do jogo, sozinho ou acompanhado de mais um jogador localmente.

Mesmo para um completo iniciante no gênero, Taiko no Tatsujin é relativamente fácil: basicamente, você possui duas “notas” (indicadas pelas cores vermelho e azul), que se alternarão a depender do ritmo e da música que você escolheu. Tente acertar as cores no tempo correto, quando elas passam pela barra abaixo de seu personagem, para marcar pontos e prosseguir.

Algo herdado do jogo anterior e que pra mim continua como um grande trunfo aqui é a variedade de controles disponíveis para o game no Switch. É possível “tocar” a percussão usando a tela de toque do Switch, os sensores de movimento dos Joy-Con, os botões físicos dos controles ou o próprio Taiko USB Controller, que é vendido separadamente e pode ser encontrado em algumas plataformas online no Brasil.

Com tanta variedade, o mais legal é saber que é possível se divertir de todas as formas. Logicamente, a opção mais “realista” envolve adquirir e usar os controles USB em forma de taiko, mas jogar deitado usando os botões A e B dos Joy-Con funciona surpreendentemente bem (inclusive se tornou uma das minhas formas favoritas de relaxar após um dia cansativo de trabalho). Ponto muito positivo para os desenvolvedores.

A prática leva à perfeição

Naturalmente, cada uma das músicas do jogo possui suas peculiaridades rítmicas, mas todas as faixas presentes em Taiko no Tatsujin: Rhythm Festival podem ser jogadas em quatro níveis distintos de dificuldade — fácil, normal, difícil e extremo —, garantindo uma experiência acessível a jogadores de todos os tipos.

Caso ainda assim você esteja enfrentando problemas, uma novidade de Rhythm Festival é a possibilidade de usar o que o jogo define como Improvement Support, um novo modo onde é possível treinar livremente as canções, inclusive selecionando e repetindo trechos específicos até a perfeição.

Como os veteranos de Taiko no Tatsujin podem confirmar, a partir da dificuldade Hard certas músicas podem se tornar uma verdadeira prova virtual de reflexos. Assim, este é um recurso para lá de bem-vindo à franquia e que sem dúvida ajuda a fazer de Rhythm Festival o melhor game da série para iniciantes.

Performar bem nas músicas concede ao jogador uma premiação em moedas, que podem ser utilizadas para comprar itens como instrumentos musicais (pense em uma bateria 8-bit ou um tamborim), roupas e acessórios. Sua coleção particular pode ser acessada do seu quarto, onde você também poderá conferir suas conquistas particulares e personalizar seu perfil online.

Por falar em online, cabe mencionar que Rhythm Festival conta com partidas online ranqueadas, incluindo a possibilidade de criar e unir-se a salas públicas onde é possível jogar de forma competitiva ou cooperativa. Particularmente, não tive problemas para encontrar jogadores entrando em minha sala, nem ocasiões de lag ou atrasos durante as partidas, então fica aqui o registro de que ao menos essa parte do game funciona devidamente.

Setlist para ninguém botar defeito

Onde um jogo musical absolutamente não pode falhar é em seu repertório, e felizmente não é o caso aqui: Taiko no Tatsujin: Rhythm Festival possui um setlist bem legal que pode levar meses, até anos para ser completamente dominado.

Logicamente, considerando as origens do jogo, é praticamente necessário que você curta músicas orientais para desfrutar completamente da obra, mas a inclusão de faixas como os medleys de Super Mario Bros. e Kirby, além do tema principal de The Legend of Zelda, fazem deste um game no mínimo recomendável para fãs da Nintendo. 

Junte ao catálogo músicas como Megalovania, de Undertale; Life Will Change, de Persona 5; a Sinfonia nº 5 de Beethoven; e Butter-Fly, de Digimon Adventure, e você terá uma ideia da variedade presente aqui. É até possível montar playlists com suas faixas favoritas para tocá-las de forma aleatória ou sequencial. 

Caso ainda não seja o bastante para você, uma das novidades mais significativas de Rhythm Festival foi a inclusão do Taiko Music Pass, um serviço por assinatura que adiciona mais de 500 músicas ao jogo sob demanda. Atualmente, a assinatura do Taiko Music Pass está disponível na eShop brasileira em intervalos de um e três meses, pelos valores de R$ 21,50 e R$ 53,90, respectivamente.

Há também alguns pacotes individuais com músicas já disponíveis para aquisição na loja da Nintendo, como os packs de Dragon Ball e do Studio Ghibli. Aqui é onde talvez resida a grande polêmica da série Taiko no Tatsujin: por que não adicionar pelo menos parte dessas faixas gratuitamente ao jogo, já que ainda estamos tão perto do lançamento?

É uma discussão relevante, ainda mais tendo em vista que outros jogos de música fazem o mesmo. No fim, caberá a cada jogador analisar suas prioridades e se o investimento no Taiko Music Pass ou nos DLCs individuais vale a pena. Pra mim, nesse atual momento econômico e no preço sugerido, não vale, e essa é a minha opinião a menos que você vá organizar uma série de festas ou seja um fã completamente apaixonado pela franquia.

Digo isso porque Taiko no Tatsujin: Rhythm Festival é um jogo completo, com mais novidades e um repertório melhor que o seu antecessor no console da Nintendo. Desconsidere o conteúdo adicional e ainda assim é possível obter aqui horas de diversão e qualidade musical, tanto sozinho quanto acompanhado. Junte a isso as novidades como o Improvement Support, os itens desbloqueáveis, as várias opções de controles e o modo online funcional, e temos aqui um dos melhores games da franquia até hoje — para muitos, como eu, isso será o bastante.

Um festival convidativo e divertido

Taiko no Tatsujin: Rhythm Festival continua a saga de expansão da franquia Taiko no Tatsujin ao Ocidente com carisma e qualidade. Esta aventura exclusiva do Switch é uma das melhores da saga até hoje graças a um repertório variado, uma série de itens desbloqueáveis e várias opções de controle e acessibilidade para novos jogadores.

Se você tem o mínimo de interesse em jogos musicais, faça um favor a si mesmo e embarque neste festival. Mesmo que não saiba uma palavra sequer dos hits orientais que figuram aqui, acompanhar o tema de The Legend of Zelda com um tamborim é algo que deveria ser experimentado por todo gamer uma vez na vida.

Prós

  • Mais de 70 músicas disponíveis;
  • Esbanja carisma e personalidade com visuais e animações vibrantes;
  • As diversas opções de controle garantem que é possível se divertir mesmo sem o acessório oficial vendido separadamente;
  • O recurso Improvement Support faz deste o melhor jogo da franquia para iniciantes;
  • As faixas musicais de Mario, Kirby e Zelda são um verdadeiro presente para os nintendistas;
  • Divertido e recomendado para sessões multijogador local e festas;
  • Modo online funcional.

Contras

  • Embora conte com ótimas faixas, repertório ainda é muito voltado ao público oriental;
  • O Taiko Music Pass e os DLCs disponíveis não são atrativos financeiramente;
  • Não conta com suporte a português brasileiro.
Taiko no Tatsujin: Rhythm Festival — Switch — Nota: 9.0
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bandai Namco

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