Apresentando toda a glória do gênero block breaker, Wizorb é um jogo de arcade bastante básico em suas premissas. No comando do feiticeiro Cyrus, os jogadores devem rebater bolas para destruir todos os blocos de cada estágio. Para ajudar na realização dessa tarefa, o protagonista felizmente conta com poderosas magias que graciosamente dão maior personalidade ao título. Todavia, cabe dizer que isso ocorre de maneira superficial, uma vez que a aventura conta com características limitadoras em seus alicerces.
Uma narrativa épica, porém tímida
O encantado Reino de Gorudo corre perigo diante da invasão de misteriosos monstros enfeitiçados. Ao longo de seus terrenos, apenas o vilarejo de Tarot ainda abriga vida humana, mas suas estruturas andam sofrendo com recentes ataques inimigos. Vivendo nesse contexto perigoso, a população da região decidiu depositar suas esperanças em Cyrus, um poderoso mago local que será o protagonista de Wizorb.
Ao iniciarmos a campanha, prontamente entramos em um de seus estágios, sem maiores introduções. Então, depois da conclusão dessa fase, ganhamos acesso à cidade de Tarot, estampada por um cenário isométrico de arte pixelada. Lá, podemos conversar com alguns moradores, que agradecem o nosso empenho no combate aos monstros. Do mesmo modo, ao caminharmos para o sul do vilarejo, nos tornamos capazes de ingressar no hub dos estágios da jornada.
O curioso é que, desde os primeiros minutos de jogatina, Wizorb não se esforça para apresentar e desenvolver sua trama. Afinal, não há cutscenes que nos expliquem o contexto do Reino de Gorudo, apenas diálogos esparsos e limitados.
Para piorar, ao concluirmos os conjuntos de fases, transitamos entre diferentes tipos de cenários sem qualquer tipo de trama que una o nosso progresso em uma narrativa, o que consequentemente faz o título se tornar menos envolvente e carismático. Assim, o enredo permanece em segundo plano e temos uma experiência básica que, de certa forma, trata de dedicar os seus esforços ao gameplay.
Rebatendo bolinhas, lançando magias
A campanha de Wizorb se divide em cinco mundos com 12 estágios cada que seguem uma mesma temática, como florestas, castelos e cavernas. Ao final de um conjunto de fases, há uma batalha de chefão que também deve ser concluída através do formato block breaker. Essa estrutura progressiva, por sua vez, é apresentada por meio do conceito de arcade, fazendo com que cada um desses mundos deva ser completado de uma só vez, providenciando um certo número de vidas e continues disponibilizados por tentativa.
Durante os desafios, diversos inimigos e elementos surgem para dificultar a nossa vida, como lobos, fantasmas, blocos mais resistentes, magias sombrias e elementos acolchoados que aumentam a velocidade da bola. Diante disso, torna-se crucial utilizar os feitiços de Cyrus, entre eles as habilidades de disparar rajadas de fogo e de projetar um vento que pode mudar a direção da bola.
Em seu estilo, o jogo carrega um bonito visual pixel art que, apesar de não ser exatamente inovador, se mostra amigável e é complementado por uma animada trilha sonora com traços chiptune. Assim, ao somarmos essas qualidades, entendo que Wizorb traz propostas divertidas que rendem bons momentos no Switch, tornando-se um ótimo passatempo que é muito apropriado ao modo portátil do console. Todavia, nada disso significa que a aventura não tenha alguns problemas capazes de comprometer a alegria em curso.
O lado sombrio da jornada de Cyrus
Entre os pequenos detalhes que podem se tornar irritantes na jogatina, um deles reside no consumo de MP das magias de Cyrus. Acontece que a barra do feiticeiro não é preenchida automaticamente quando avançamos um nível ou completamos um mundo. Junto a isso, as possibilidades de coletarmos pontos de mana dentro dos estágios são escassas, o que vem a complicar o uso e a manutenção desse importante elemento de gameplay.
Nesse sentido, há outro detalhe complicador que de certa forma já foi abordado nesta análise: o pobre sistema de progressão da aventura. Apesar de flertar com o gênero dos tradicionais role-playing games, Wizorb não oferece conceitos de habilidades, recompensas ou melhorias. Nossas magias, por exemplo, são as mesmas do início ao fim, o que é decepcionante, ainda mais ao considerarmos que isso poderia ser um fator promissor dentro do título.
Essa característica, por sua vez, aumenta uma recorrente impressão de que o jogo conta com pouco conteúdo. Afinal, a campanha não traz muitos itens coletáveis ou variações de objetivos, assim como não há outros formatos de jogatina disponíveis, como disputas multiplayer e missões paralelas. Em outras palavras, isso significa que a nossa estadia nas terras de Gorudo pode ser deveras curta.
Outro ponto que me deixou incomodado foi a aparição de estágios altamente complicados já na metade da nossa curta jornada. Em certos trechos, Wizorb deixa de ser um passatempo relaxante e momentaneamente se transforma em um jogo severo, com fases que destoam entre si e que muitas vezes exigem um tanto de sorte, especialmente quando estamos sem MP para usar magias.
Portanto, há uma evidente falta de equilíbrio e variedade em Wizorb, cujos problemas, por sinal, se fazem presentes no jogo desde a sua versão para o PC, lançada em 2012. Isso é uma pena, pois a aventura poderia ter recebido algumas melhorias e extras no Switch, o que seria uma bela maneira de homenagear os dez anos de vida da saga de Cyrus.
Poderes mágicos para destruir blocos
De maneira inegável, Wizorb é um divertido e desafiador block breaker que incorpora muito bem o prestígio de um gênero que já teve grandes nomes como Breakout, Arkanoid e outros arcades. Assim, mesmo apresentando problemas, entre eles a escassa variedade de objetivos, a baixa profundidade de progressão e uma dificuldade instável, temos aqui bom passatempo para o Switch, especialmente quando encarado de forma descompromissada.
Prós
- O título diverte com uma jogabilidade clássica e funcional;
- Bons desafios para os fãs de ação, arcade e block breakers;
- As magias de Cyrus trazem personalidade para a jogatina;
- Uma estética retrô amigável.
Contras
- O enredo é pouco explorado, permanecendo em segundo plano;
- Em termos de progressão, temos elementos superficiais e baixa diversidade;
- Controlar e abastecer a barra de MP são tarefas trabalhosas;
- Com fases que repentinamente se tornam severas, a dificuldade é desequilibrada e compromete o lado “passatempo relaxante” do jogo.
Wizorb — Switch/iOS/PC — Nota: 7.0Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: João Pedro Boaventura
Análise produzida com cópia digital cedida pela Tribute Games