Análise: Darker Skies (Switch) foca na gameplay e abandona a ambição

Darker Skies aprimora a gameplay, mas deixa de lado a grandiosidade de seu antecessor.

em 28/09/2022


Darker Skies é a sequência de Grey Skies: A War of the Worlds Story (Multi). Trata-se de um survival horror focado em stealth e crafting de itens desenvolvido pela Steel Art Software, empresa independente que também produziu Welcome To Hanwell (Switch) e nitidamente se espelha em The Last of Us (PS3) e Alan Wake (Multi), tanto na jogabilidade como nos cenários e criaturas “zumbificadas”, mas as semelhanças param por aí.

Baseado em um livro, mas sem história

A história de Darkes Skies se resume a um sobrevivente da Guerra dos Mundos que agora vive num mundo devastado pelos alienígenas e povoado por seres humanos “possuídos”, cujo único objetivo é matar tudo o que se move.
O jogador encarna Jack, um homem que criou uma base nos esgotos e tem como objetivo construir um raio de calor parecido com o dos tripods para abrir um bunker. É só isso. Não existem personagens secundários, cutscenes, interações, background ou passado e o jogador só precisa explorar cada uma das áreas disponíveis em busca de componentes do raio de calor em carcaças de tripods abatidos.

Apesar de se basear em uma das maiores obras de ficção científica de todos os tempos, A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells, Darker Skies é um jogo que não explora elementos narrativos e oferece uma experiência vazia para aqueles que, além de uma boa gameplay, prezam por uma história de qualidade.


Controle intuitivo ou preguiçoso?

A jogabilidade mistura elementos presentes em jogos como The Last of Us e Metal Gear Solid (Multi), tendo como foco o stealth e a busca por ferramentas e materiais necessários para a criação de itens úteis na hora de combater os inimigos. Se o jogador não conseguir passar por toda a fase no modo stealth, os itens têm como única função matar ou atrasar os inimigos.

O sistema de upgrade é o mesmo do jogo anterior, Grey Skies. São cinco habilidades e cinco upgrades de itens disponíveis para o jogador “comprar” no decorrer do jogo, mas é possível terminar o jogo sem adquirir mais de dois upgrades. Não há alteração, literalmente são os mesmos upgrades.

A diferença mais notável na jogabilidade em relação ao primeiro fica por conta da câmera menos travada, controles mais responsivos e a possibilidade de usar uma pistola para enfrentar os adversários. A pistola não é muito útil, fazendo-se necessária apenas para abrir cadeados ou eliminar possuídos nos poucos momentos de jumpscare em que um deles pula na frente do jogador ou quebra uma parede e fica cara a cara com o protagonista. Não existem outras armas a serem coletadas.









Não existe uma variedade de inimigos ao menos razoável, sendo que estes alternam entre apenas três variações: humanos zumbificados; humanos possuídos que empunha armas brancas ao procurar pelo jogador; por fim e de maneira decepcionante, temos o alienígena que visualmente é bem fiel ao que é descrito na obra de H. G. Wells, mas só aparece em uma das áreas de exploração e sua inteligência artificial se assemelha a dos zumbis (fraquíssima).

O potencial que foi pelo ralo

O sentimento de impotência e ameaça iminente presentes em Grey Skies é praticamente nulo em Darker Skies, já que, na pior das hipóteses, o jogador pode apenas correr para longe ou resolver tudo na base do tiro. Munição para a pistola está longe de ser um item escasso e facilita muito a progressão.

Enquanto que no seu antecessor o jogador alternava entre ambientes amplamente abertos e outros claustrofóbicos, Darker Skies se contenta apenas com ambientes fechados e escuros para causar um maior desconforto e abusar dos elementos de Stealth, mas isso priva quem está jogando de uma gameplay menos repetitiva e também de momentos visualmente deslumbrantes, como a queda do avião, a exploração da fazenda, a viagem de carro ou a fuga do tripod presentes em Grey Skies. Tais momentos ainda proporcionaram elementos únicos de gameplay que tornaram a história mais imersiva.



A sensação que fica é a de que o jogo poderia ter sido lançado como uma DLC e, quem sabe, até como um modo multiplayer. A exploração por áreas com caminhos diferentes a percorrer poderia ser melhor aproveitada com um amigo.

Tudo o que houve de grandioso e as ótimas ideias com grande potencial de lapidação que foram exploradas no primeiro jogo parecem ter sido deixadas de lado para dar espaço a um upgrade de jogabilidade nem tão expressivo.


Bonito, mas sem conteúdo

A performance do jogo no Nintendo Switch é bem parecida com a das outras plataformas, rodando de maneira estável, sem queda de frames ou crashes e, visualmente, Darker Skies conta com gráficos bonitos, bons efeitos de luz, sombra e fumaça, porém em certos momentos é inevitável comparar com a obra anterior e perceber que o novo jogo parece menos polido em algumas texturas.

A trilha sonora é bastante genérica, alternando entre tons mais altos e graves nos momentos de tensão. Quanto aos efeitos sonoros, a sensação é a mesma. Não há muita variedade e a sensação é de que cada área conta com a mesma trilha e efeitos sonoros da anterior.

Apesar de seu antecessor, Grey Skies, abrir as portas com uma proposta grandiosa não muito bem executada, mas que poderia ser aprimorada, Darker Skies se limita a ser mais próximo de uma DLC a preço cheio, sendo menos completo do que o material original, com uma ou outra novidade em termos de jogabilidade e que não aproveita a riqueza narrativa da obra na qual se inspira.


Prós

  • Jogabilidade aprimorada;
  • Gráficos bonitos;
  • Sistema de câmera funcional.

Contras

  • Falta de história;
  • Fases e objetivos repetitivos;
  • Baixa inteligência artificial dos inimigos;
  • Trilha sonora sem inspiração.
Darker Skies: A War of the Worlds Story — Switch/Playstation 4/Playstation 5/Xbox One/Xbox Series/PC — Nota 4.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Vitor Tibério
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