Kingdom Hearts 358/2 Days (DS) é um dos principais títulos da franquia e obrigatório para os fãs

A Square Enix mostrou todo o potencial do portátil da Nintendo com Kingdom Hearts 358/2 Days.

em 07/09/2022


Em 2002, Kingdom Hearts nasceu de uma improvável parceria entre a Square Enix e a Disney. Com o sucesso de vendas e a grande aclamação do público e crítica, diversas sequências foram lançadas, fazendo com que se tornasse uma das mais importantes franquias do mundo dos games. O Nintendo DS também tirou uma fatia desse bolo com o lançamento de Kingdom Hearts 358/2 Days em 2009.

O ninguém deseja ser alguém

No universo de Kingdom Hearts, um Heartless nasce quando o coração de uma pessoa é engolido pela escuridão. O corpo e a alma que restam dão forma e vida a um Nobody, no entanto, isso ocorre apenas com aqueles que possuem grande força de vontade. Quando essa vontade é muito elevada, o Nobody consegue se manter em uma forma humana.

(Atenção: Spoilers do primeiro Kingdom Hearts à frente): Em um determinado momento do primeiro Kingdom Hearts, o protagonista Sora sacrifica seu coração para salvar sua amiga de infância Kairi, se tornando um Heartless no processo e dando origem ao Nobody Roxas. Apesar de Sora conseguir voltar à sua forma antiga, Roxas continua coexistindo, sem ter memórias de sua vida anterior ou um lugar para onde ir.

Nesse contexto, existe um grupo de Nobodies poderosos denominado Organization XIII. Eles buscam recuperar seus corações para se tornarem indivíduos completos novamente. Xemnas, o líder, encontra Roxas e o nomeia como décimo terceiro membro.

Novidades na série

358/2 Days segue a jogabilidade estabelecida em Kingdom Hearts e Kingdom Hearts II, possuindo elementos de RPG e de ação com o jogador podendo correr, andar, saltar, atacar inimigos e usar habilidades, tudo em um ambiente em 3D. O menu de comandos fixado no canto inferior esquerdo retorna com as opções de ataque, magia e itens. Nos títulos de PlayStation 2, a seleção dos ícones desse menu era realizada através dos botões direcionais. Porém, como o Nintendo DS não possui o botão analógico, a movimentação é realizada através do d-pad e a troca de comando é feita através do botão L. 

O menu pode mudar dependendo do ambiente em que o jogador se encontra e é através dele que, além de atacar, usar magias e itens, será possível interagir com objetos, abrir baús e falar com NPCs. A escolha de manter o estilo de gameplay semelhante aos títulos anteriores foi certeira, no entanto, a falta de botões no DS prejudica um pouco a experiência, principalmente com a câmera.

Esta entrada portátil da série Kingdom Hearts possui dois modos principais. No Story, o jogador conduzirá Roxas durante os seus dias como membro da organização. Esse tempo é dividido em dezenas de missões, entre opcionais e obrigatórias, que o jogador pode selecionar na base do grupo e cumprir em alguns mundos da Disney. A lista de lugares que podem ser explorados inclui Agrabah de Aladdin, Olympus Coliseum de Hércules, Wonderland de Alice no País das Maravilhas, Halloween Town de O Estranho Mundo de Jack, Neverland de Peter Pan e Beast's Castle de A Bela e a Fera e os originais Twilight Town e The World That Never Was, todos apresentados em Kingdom Hearts I e II. 

Esses mundos não possuem grandes novidades nessa versão, sendo até menores que os dos títulos originais. Existe uma pequena adição em Cave of Wonders de Agrabah e outra em Neverland, no entanto, elas não são suficientes para dar uma sensação de novidade ao jogo. Na maioria das missões, Roxas recebe o auxilio de algum membro da organização e geralmente precisa derrotar inimigos e chefes ou coletar itens. 

No Mission, podemos escolher um dos treze membros da organização para cumprir objetivos semelhantes aos do primeiro modo. Cada personagem possui diferentes armas e habilidades, e à medida que o jogador avança na história, novos heróis podem ser desbloqueados como o Rei Mickey e Sora.

Pela primeira vez na série, um co-op multiplayer está presente com até quatro pessoas podendo jogar simultaneamente nas missões. Apesar de ser um modo cooperativo, os jogadores conseguem atacar uns aos outros e roubar seus pontos. Dessa forma, eles podem competir entre si. No final das missões, os resultados são exibidos e os jogadores recebem coroas de ouro, prata ou bronze, dependendo de seu desempenho na missão. Os personagens utilizados aparecem nos tronos em que a Organization XIII costuma aparecer e quanto mais pontos possuir, mais alto o trono vai ser.

Outra grande novidade está no Sistema de Painéis. Parecido com o Tetris, existe uma grade com diversos espaços que devem ser preenchidos com pecinhas que representam equipamentos, magias, poções, habilidades e novas Keyblades, cada um ocupando uma certa quantidade de slots. Conforme as missões são concluídas, mais painéis e slots são adquiridos.

É através desse sistema que Roxas pode subir de nível — existe um painel específico de Level Up — e aumentar seus status. Alguns quadros especiais podem ser equipados em conjunto, podendo dobrar ou triplicar o nível dos painéis vinculados a ele. Apesar de bastante criativa, essa inovação pode ser um pouco frustrante no que diz respeito à evolução do poder do personagem, tendo em vista que slots que poderiam ser usados para habilidades ou itens devem ser preenchidos com níveis.

Nem tudo são corações

É incrível como a Square Enix conseguiu reproduzir os mundos de Kingdom Hearts I e II no Nintendo DS, no entanto, a falta de novos locais é um ponto negativo. São cerca de 90 missões que acontecem em apenas 6 mundos Disney e 2 originais, deixando o jogo um pouco repetitivo. Infelizmente, o mesmo acontece com as músicas, pois também são as mesmas dos dois títulos.

Acredito que Kingdom Hearts 358/2 Days não é a melhor entrada para quem não conhece a saga. Isso se deve ao fato de que o enredo está totalmente conectado aos títulos anteriores, deixando jogadores novos sem entender profundamente a trama.

Para os que já conhecem a série, 358/2 Days se torna obrigatório e responde muitas perguntas deixadas pelos antecessores, principalmente sobre a Organization XIII, Roxas e os Nobodies.

Mais um acerto da Square Enix

Apesar dos problemas apontados, 358/2 Days é uma das experiências mais impressionantes do portátil da Nintendo, passando a impressão de ser um jogo de PlayStation 2 ou Game Cube funcionando no DS. A jornada de Roxas em busca de respostas e o desenvolvimento da amizade entre ele, Axel e Xion fazem com que o título seja uma das tramas mais interessantes e emocionantes de toda a franquia. Todas as cutscenes que narram momentos importantes da história são dubladas, dando ainda mais beleza à campanha.

Em 2013, uma coleção remasterizada em HD de Kingdom Hearts foi lançada, denominada Kingdom Hearts HD 1.5 Remix. Nela estão presentes Kingdom Hearts Final Mix, Re:Chain of Memories e uma nova versão cinematográfica de Kingdom Hearts 358/2 Days. Dessa vez, o título não aparece em forma jogável e, em vez disso, é adaptado em quase 3 horas de filme recontando a história. O título ainda recebeu uma adaptação em mangá entre 2009 e 2012.

Mesmo sendo difícil de recomendar para quem não está familiarizado com a franquia, Kingdom Hearts 358/2 Days é certamente um jogo impressionante, principalmente pelas limitações do hardware. Seu enredo profundo e o desenvolvimento de personagens apresentados nos títulos antecessores o tornam obrigatório para os fãs da saga.

Revisão: Cristiane Amarante




Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.