Análise: Splatoon 3 (Switch) retoca os divertidos traços e cores de sua franquia

Apesar de eventuais erros de conexão, vale a máxima: o que já era bom ficou ainda melhor no novo lançamento da série.

em 19/09/2022
Desde o seu anúncio, Splatoon 3 levantou uma certa desconfiança ao aparentar não trazer grandes novidades em comparação à segunda entrada da franquia, que até então se mostrava suficiente para a biblioteca do Switch. 


Todavia, foi só chegar o seu lançamento para ele provar o contrário: mesmo sem reformular os padrões Splatoon, certas características desenvolvidas pelo jogo, como melhorias na qualidade de gameplay, recursos inéditos e uma campanha criativa, permitiram que ele se tornasse o ponto alto desta jovem e vibrante série da Nintendo.

Do deserto de Splatlands aos campos gelados de Alterna

Logo na tela inicial de Splatoon 3, podemos criar nosso personagem a partir das espécies humanóides dos Inklings e Octolings, que agora convivem harmoniosamente na principal cidade da região desértica de Splatlands, a caótica Splatsville. Distante de Inkopolis, ambiência onde se passam os primeiros jogos da trilogia, esta metrópole funciona como o grande hub do título, permitindo-nos acessar os diversos modos de jogatina oferecidos, entre eles a campanha single player.

Ao interagimos com o conhecido Cap’n Cuttlefish, que está em um bueiro da cidade, ele nos leva ao The Crater, uma localidade subterrânea e arenosa, onde anuncia uma situação recorrente na série: os Octarians estão em ação e novamente roubaram o Great Zapfish, comprometendo assim o abastecimento energético de Splatsville. O capitão nos instrui a buscar a base inimiga para encontrar o vilão-mor DJ Octavio. 

Após concluirmos esta tarefa, surpreendentemente ficamos sabendo que, dessa vez, o disc jockey não tem nenhuma relação com os estranhos acontecimentos ocorridos em Splatlands. Eis que repentinamente somos sugados para um mundo intitulado Alterna, que é ainda mais subterrâneo e caracterizado por campos repletos de neve. Lá, encontramos outros personagens famosos da franquia, como as agentes Callie e Marie, que notaram que o Cap’n Cuttlefish desapareceu durante a confusão.

A partir de então, temos de encarar uma série de fases no melhor estilo shooter em terceira pessoa para explorar essa região, que se divide em seis mundos. Somente assim poderemos encontrar o velho Cuttlefish e sair deste abismo, que se mostra ainda mais hostil na medida em que está sendo ameaçado por Octarians cabeludos e por uma misteriosa gosma carinhosamente chamada pelos personagens de Fuzzy Ooze. 

Ao nosso lado, temos a companhia de um adorável Smallfry, que quando equipado com Power Eggs, torna-se capaz de remover esses elementos peludos, despoluindo a localidade e abrindo novos caminhos em um mundo não linear que concede bastante liberdade aos jogadores. 

As fases, por sua vez, são curtas, assim como nos títulos anteriores, mas profundamente criativas, dispondo de objetivos diversificados, como estourar balões, atravessar cenários com insetos robóticos e, principalmente, atirar tinta de maneira massiva em moluscos para desbravar localidades distópicas, como bem constatado pela jornalista Vera Magalhães em um tweet que recentemente virou meme.

Assim, Splatoon 3 oferece uma campanha envolvente que se vale do que havia de melhor nos lançamentos anteriores da série, incluindo o DLC Octo Expansion. Além disso, o gameplay inventivo também se beneficia de uma história interessante, que apesar de não ser profunda, introduz personagens marcantes, como o trio Shiver, Frye e Big Man, e os coloca em situações divertidas, permeadas pelo clássico humor da série.

Levando tudo isso em conta, temos aqui o melhor conteúdo single player da trilogia, com uma extensão que facilmente pode ultrapassar uma dezena de horas.

Uma experiência multiplayer que pinta o sete

Como se sabe, falar de Splatoon significa tratar de uma das franquias com modo multiplayer online mais divertido da Nintendo. Neste novo lançamento, as disputas estão tão frenéticas quanto antes, mas receberam certas adições que vieram para incrementar a experiência, mesmo que de maneira sutil. 

O modo Turf War e o novato Anarchy Battle, substituto das batalhas ranqueadas, estão muito atraentes por conta da chegada de equipamentos e estágios inéditos. Com isso, mesmo sem a introdução de mudanças estruturais significativas, estes novos elementos colaboram na tarefa de envolver até os exigentes fãs de longa data.

Junto a isso, a introdução dos movimentos Squid Surge e Squid Roll, que antes não pareciam adições extravagantes, também aumentaram as possibilidades de surpreender os inimigos dentro do campo de batalha, dando novas dinâmicas para a movimentação de tentáculos. 

Já o modo Salmon Run Next Wave, caracterizado por competições entre os jogadores e ondas de inimigos, está melhor do que nunca por causa de três mudanças emblemáticas: a sua disponibilidade a todo e qualquer momento; a chegada de novos chefes, mapas e armamentos; e a possibilidade de arremessar os Golden Eggs dentro das disputas.

Outra adição ao repertório de Splatoon 3 foi o novíssimo Tricolor Turf War, que consiste em competições de tinta entre oito jogadores divididos em três equipes. Caótico e bastante divertido, temos aqui uma das grandes estrelas do presente lançamento, cuja essência infelizmente só brilha quando as Splatfests estão ocorrendo.

Entendo que essa é uma forma de tornar os eventos mais atraentes, mas torço para que sua disponibilidade aumente com o tempo, pois seria bacana disputar esse tipo de partidas em dias regulares.

Além do mais, pequenas melhorias foram implementadas para aumentar a qualidade de vida do jogo. Uma delas, por sinal, pode ser presenciada de maneira constante no gameplay, que é a possibilidade de ignorar a apresentação do Splatcast, responsável por anunciar as mudanças de mapas disponíveis.

Outra introdução positiva foi a inclusão de um lobby físico antes das partidas online, que tornou as esperas menos entediantes, com possíveis treinamentos em alvos antes das batalhas. Em termos gerais, o lançamento também trouxe aprimoramentos a partir da introdução de novas classes de equipamento e de pequenas customizações que dão mais personalidade ao ambiente online, como placas de identificação, títulos, comemorações e adesivos. 

Enquanto isso, quando o assunto é estética, pode-se notar que o jogo supera Splatoon 2 e tem um dos melhores visuais da biblioteca do Switch, exibindo cores extremamente vivas, texturas incrementadas, personagens mais expressivos e animações impecáveis. Essas características, por sua vez, se tornam ainda melhores diante da incrível fluidez e estabilidade do título, que exibe 60 frames por segundo nos dois modos do console. Ou seja, uma verdadeira maravilha que é tão veloz quanto um cefalópode nadando na tinta!

Agente 3, a transmissão foi comprometida…

Para além das qualidades mencionadas, é preciso ressaltar que Splatoon 3 conta com pequenos problemas de conectividade que precisam ser reparados, mesmo que eles não afetem a qualidade das partidas em si. Afinal, de uma forma ou de outra, eles deixam as conjunturas mais desagradáveis com eventuais erros de comunicação entre as disputas multiplayer. 

Acontece que, após nos aventurarmos em uma partida, temos a capacidade de seguir jogando na mesma sala, possivelmente competindo mais uma vez com os mesmos participantes. Porém, às vezes o Switch identifica uma falha e prontamente exibe uma tela dizendo que um erro de comunicação ocorreu. Então, perdemos a conexão e somos retirados do lobby em que estávamos, tornando necessário retornar à fila para encontrar outros jogadores em uma nova partida.

Felizmente, a busca por uma outra sala não toma muito tempo, mas essa breve interrupção é frustrante, pois compromete a sequencialidade de nossas jogatinas com o mesmo grupo. De maneira curiosa, senti que ela acontece com maior recorrência nas partidas do modo Turf War, não se manifestando tanto nas Anarchy Battles ou no Salmon Run Next Wave.

Cabe dizer também que é igualmente intrigante o fato de esses erros de comunicação raramente ocorrerem dentro das próprias partidas, que seguem apresentando pouco lag, uma fluidez apreciável e muita ação de qualidade.

Nota-se, portanto, que reparos são necessários para garantir uma melhor experiência comunitária dos modos online, o que acredito que possa ser implementado através de manutenções e atualizações, como a realizada pela Nintendo na última quinta-feira (15). Afinal, este problema aparenta estar mais presente no novo lançamento do que em Splatoon 2, que com o tempo conseguiu adquirir uma estabilidade de conexão. Por isso, tenho esperanças de que essa conjuntura será consertada para consolidar, de maneira definitiva, o novo título como o melhor de todos da saga dos moluscos atiradores.

Mais tingido e vibrante do que nunca

Com uma divertida campanha single player e um modo online frenético, Splatoon 3 entra facilmente na galeria dos melhores jogos da biblioteca do Switch, desbancando inclusive o seu antecessor. Assim, com a possível chegada de reparos para diminuir seus erros de conexão, podemos dizer que o lançamento exibe toda a glória da série dos Inklings, Octolings e Mammalians, figurando como o ápice da franquia de shooter surgida em 2015.

Prós

  • A campanha em mundo aberto é envolvente e coloca-se como a melhor da série;
  • Muita diversão nas disputas multiplayer, que ganharam novos recursos e repertórios;
  • O modo Salmon Run Next Wave agora está sempre disponível para a ação;
  • A qualidade de vida no gameplay foi incrementada significativamente;
  • Excelente desempenho gráfico, com traços mais belos que o jogo anterior da trilogia;
  • O jogo exibe todo o humor característico e marcante da série, manifestando-se inclusive a partir de personagens inéditos e situações inusitadas.

Contras

  • O formato Tricolor Turf War poderia estar disponível com mais frequência;
  • Embora pouco atrapalhem as partidas, as falhas de conexão impedem sequências de jogatina com o mesmo grupo de participantes.
Splatoon 3 — Switch — Nota: 9.0
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo

Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
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