Análise: Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection (Switch) é uma obra-prima das coletâneas de games

Para além dos jogos, este compilado de clássicos das Tartarugas Ninja brilha com uma biblioteca absurdamente recheada de conteúdo extra.

em 08/09/2022
A trajetória das Tartarugas Ninja nos videogames sempre foi muito rica em quantidade e qualidade, com títulos que adaptaram com sucesso o humor e a ação dos personagens e universos da franquia iniciada pela série de quadrinhos criada em 1984 por Kevin Eastman e Peter Laird. Porém, algo de que os fãs sempre sentiram muita falta foi uma coleção das aventuras das tartarugas nos consoles.


Esse desejo finalmente está sendo satisfeito por Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection, que reúne 13 entradas dos heróis répteis de Manhattan lançadas entre 1989 e 1994. Porém, ele é muito mais que um simples apanhado de jogos emulados: a quantidade de novas funcionalidades de qualidade de vida e o conteúdo reunido na galeria de extras me deixaram de queixo caído antes mesmo de eu começar a primeira jogatina.

Pancadaria ninja para todos os gostos

The Cowabunga Collection inclui títulos de Arcade, NES, Game Boy, SNES e Sega Genesis/Mega Drive, desde a estreia das Tartarugas nos consoles, em 1989 no Nintendinho, até meados dos anos 1990. Como é de praxe nos games da franquia, os gêneros variam entre ação/aventura, luta e beat ‘em up, com espaço até para um metroidvania retroativo, na forma de TMNT III: Radical Rescue.




Estão disponíveis ainda as versões japonesas de 11 dos 13 selecionados. Ficaram de fora a versão para fliperamas de Turtles In Time e a versão para NES de Tournament Fighters, que jamais foi lançada no Japão.

Vamos à lista:

Arcade:
  • Teenage Mutant Ninja Turtles — 1989
  • Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles In Time  — 1991

NES:
  • Teenage Mutant Ninja Turtles — 1989
  • Teenage Mutant Ninja Turtles II: The Arcade Game — 1990
  • Teenage Mutant Ninja Turtles III: The Manhattan Project — 1991
  • Teenage Mutant Ninja Turtles: Tournament Fighters — 1994

Game Boy:
  • Teenage Mutant Ninja Turtles: Fall of the Foot Clan — 1990
  • Teenage Mutant Ninja Turtles: Back From the Sewers — 1991
  • Teenage Mutant Ninja Turtles III: Radical Rescue — 1993

SNES:
  • Teenage Mutant Ninja Turtles IV: Turtles In Time — 1992
  • Teenage Mutant Ninja Turtles: Tournament Fighters — 1993

Sega Genesis/Mega Drive:
  • Teenage Mutant Ninja Turtles: The Hyperstone Heist — 1992
  • Teenage Mutant Ninja Turtles: Tournament Fighters — 1993

Quem já está familiarizado com uma ou mais dessas pérolas fará uma nostálgica viagem pela história das Tartarugas Ninja. Por outro lado, os que nunca tiveram a oportunidade poderão desfrutar de experiências que encapsulam perfeitamente o que eram os videogames nesses períodos, dos fliperamas aos consoles de mesa e portáteis, com suas qualidades, mas também com seus defeitos e limitações.




Eu senti um misto de frustração e diversão ao perceber, por exemplo, quão artificial é o aumento de dificuldade das versões arcade dos beat ‘em ups das Tartarugas, que simplesmente passam a entupir a tela de inimigos em quantidades cada vez maiores, independentemente do número de jogadores. Quem aí nunca ficou desesperado para pôr mais fichas na máquina antes da contagem para o game over chegar a 0, sem se importar em gastar o dinheiro dos pais?

Muito me encantou a eficiência da simplicidade dos títulos para Game Boy, que eu não pude conferir na época. Exceto pela dinâmica de exploração de Radical Rescue, os outros dois (Fall of the Foot Clan e Back From the Sewers) são rápidas campanhas de plataforma que conseguem oferecer um desafio surpreendentemente engajante.

Os jogos de SNES e Mega Drive são exemplares imortais do que foram os beat ‘em ups e fighters da década de 1990, já demonstrando uma evolução considerável em quesitos técnicos como gráficos e trilha sonora (alô, Neon Night-Riders).

Haja variedade de ingredientes para montar a pizza ideal

Obviamente, os games são a atração principal de The Cowabunga Collection, mas sem dúvida alguma os recursos adicionais para cada jogo dão um belo brilho à experiência-base — e como dão. Antes mesmo de escolhermos em qual jornada das Tartarugas queremos embarcar, uma série de opções está disponível.




A quantidade e o tipo dos modificadores varia, mas temos alterações como remover lentidão e tremidas de sprites nos jogos de NES; escolher em qual fase queremos começar; ligar o modo invencível ou um estoque infinito de vidas; remover as bombas de penalidade para quando ficamos muito tempo parados nos games de arcade; e muitas outras opções que ou influenciam diretamente ou melhoram muito certos aspectos menores das gameplays originais.

Se você tiver interesse apenas em assistir ou mostrar a alguém um pedaço da história dos videogames sem pôr a mão na massa, está disponível para cada jogo um vídeo da gameplay completa, com opções de avançar, retroceder e até mesmo encerrar o clipe e assumir a qualquer momento o controle do personagem que estiver na tela — e por falar em tela, no menu de pausa podemos alterar o tamanho da imagem, escolher o tipo de filtro e ligar ou desligar a borda que enquadra a ação.

The Cowabunga Collection tem em todas funcionalidades extras um importantíssimo fator de inclusividade (não confundir com acessibilidade). É sempre muito bom quando pessoas de qualquer nível de proficiência podem moldar um jogo à vontade para verdadeiramente aproveitá-lo da maneira que acharem melhor.

Quem quiser reunir as Tartarugas para rolezinhos cooperativos pode criar ou procurar salas online, além da jogatina local, claro. Curiosamente, apenas quatro dos 13 títulos contam com a função de se juntar a pessoas para jogatinas remotas, o que foi explicado por um produtor da Konami. São eles: TMNT (arcade); a versão arcade de Turtles In Time; a versão para SNES de Turtles In Time; e The Hyperstone Heist.




Infelizmente, em todas as tentativas que eu fiz de jogar online, a conexão estava tão ruim que não havia sequer como movimentar meu personagem direito, no melhor estilo apresentação de PowerPoint. Até existe uma opção de ajustar o atraso nos frames para melhorar o problema de lag nos comandos, mas foram raros os momentos em que a gameplay fluiu direitinho. 

Santa tartaruga, olha essa galeria!

Se The Cowabunga Collection tivesse ficado apenas nos games com o acréscimo das opções de personalização, já seria um trabalho bacana de adaptação, mas a Konami levou seu trabalho a sério — e como levou. A seção de extras da coletânea, denominada Turtles’ Lair, abriga um conteúdo que me faz passar um bom tempo olhando pra tela do computador pensando no que dizer para descrevê-lo.




A curadoria feita aqui atingiu um nível absurdo de catalogação e resgate histórico da trajetória das Tartarugas Ninja por diversas mídias, não só pelos videogames. São caixas e manuais de jogos; catálogos e materiais de imprensa, como press releases e anúncios de revista; capas das HQs; cenas dos desenhos animados; conteúdo de bastidores, como rascunhos e outros materiais conceituais; um menu de música com as trilhas sonoras completas de todos os jogos; e um guia de estratégia para cada um.

Mesmo depois de finalizar todos os 13 títulos de cabo a rabo, você ainda vai levar umas boas horas se debruçando sobre esse verdadeiro museu virtual da história das Tartarugas. Este é um modelo a ser seguido por todo tipo de coletânea, não apenas de games.

Nem o Destruidor poderia negar a beleza dessa coleção

Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection estabelece um patamar de respeito no campo das coletâneas. Trazer tantos clássicos das Tartarugas Ninja para plataformas atuais já representa por si só um marco importante na preservação de jogos antigos, mas a galeria de conteúdo extra eleva esta obra ao status de um dos grandes produtos da indústria dos games em 2022.




Para colecionadores e grandes entusiastas, não apenas compensa demais ter o pacote na biblioteca de jogos, como também eu diria que uma versão física dessa belezinha cairia bem na estante da sala. A Konami já avisou que não descarta a possibilidade de uma nova coletânea, dessa vez focada em títulos das Tartarugas lançados na década de 2000, então quem sabe não vem aí mais cowabunga no túnel do tempo?

Prós

  • Uma nostálgica viagem pela história das Tartarugas Ninja nos videogames;
  • Quem não conhece os jogos da coletânea vai aproveitar experiências que encapsulam bem os videogames da época;
  • Apesar da curtíssima duração, os títulos para Game Boy oferecem um desafio surpreendentemente engajante;
  • Várias opções de personalização para cada jogo, deixando-os muito mais inclusivos;
  • A galeria de conteúdo extra faz um trabalho irretocável de resgate e preservação de conteúdo histórico da trajetória das Tartarugas por diversas mídias.

Contras

  • Apesar de ser engraçado de perceber, a artificialidade na dificuldade dos títulos de fliperama é bem frustrante;
  • Além de contar com apenas quatro jogos, o modo online é praticamente injogável por problemas de lag.
Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection — Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Konami
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Apaixonado por jogos desde criança, principalmente pela Nintendo. Seja Indie ou AAA, os videogames vão estar sempre no meu coraçãozinho, com um espaço especial para multiplayers!
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