Análise: Prinny Presents NIS Classics Vol. 3 (Switch) entrega uma experiência perfeita para quem não gosta de exageros

Os jogos da coletânea têm aquele quê de Disgaea, mas abre mão dos exageros do chamado “padrão NIS”.

em 09/09/2022


Há 15 anos, uma amiga comenta incansavelmente sobre La Pucelle e Rhapsody. Não me impressiona, até porque ela é uma das maiores fãs da NIS que já conheci, mas nunca fui atrás dos jogos por mim mesma, embora tenha prometido mentalmente que um dia eu daria uma chance a eles. Agora, com o lançamento de Prinny Presents NIS Classics Vol. 3, não tenho mais a desculpa de que não tenho como conhecê-los.


Apesar de datados — afinal, estamos falando de dois jogos da época do PlayStation 2 —, sua jogabilidade é agradável e, mesmo não sendo exagerada como o “padrão NIS” imposto por Disgaea, traz aquele quê da franquia que se transformou no carro-chefe da empresa.

Em busca da Donzela Sagrada

Em La Pucelle, acompanhamos a aventura de Prier e Culotte, dois servidores da Igreja da Donzela Sagrada que têm como missão a purificação do mundo; para isso, os dois irmãos precisam expurgar os demônios que foram trazidos pelo Príncipe das Trevas em seu último embate contra a Donzela. Apesar de contar com premissa simples, a trama compreende uma jogatina extensa, com direito ainda a conteúdo pós-jogo, e traz o mesmo estilo de humor “pastelão” encontrado em Disgaea.

Em termos de combate, temos o clássico campo com movimentação em tiles e os personagens podem mover-se, atacar e realizar outras ações, agindo uma vez por turno. O objetivo de cada mapa é cessar o fluxo de energia maligna, que se dá em diferentes direções e cores.


Para isso, os personagens contam com a opção de purificá-los, deixando-os mais suscetíveis ao recrutamento. Todas as unidades, aliadas e inimigas, nessas faixas coloridas são afetadas, mas, no caso de um companheiro de time, é conferida a ação Re-Act, que o permite realizar uma ação extra naquele turno.

Contudo, uma das partes mais interessantes nos mapas é a possibilidade de recrutar inimigos para transformá-los em aliados — em oposição à necessidade de criar demônios na franquia carro-chefe da NIS — também usando o sistema de purificação. La Pucelle não apresenta uma dificuldade elevada e tutoriais estão à disposição sempre que necessário.


O fator grinding também está presente no jogo, já que as dungeons podem ser refeitas inúmeras vezes. Em suma, podemos encarar a aventura de Prier como uma versão mais simplificada das peripécias de Laharl no Netherworld.

Como adicional, a versão portada para Switch é a mesma do PSP, com algumas qualidades de vida e conteúdos adicionais que nunca haviam saído do Japão.

Onde está meu Príncipe Encantado?

O segundo jogo da coletânea é Rhapsody: A Musical Adventure e, como seu nome sugere, a história é contada na forma de um musical. A protagonista da vez é Cornet, uma garota capaz de falar com bonecos e marionetes e que sonha em encontrar seu Príncipe Encantado. Ah, ela também toca uma corneta, que pode ser usada para fortalecer seus aliados em combate.

Originalmente lançado em 1998 para PSX, Rhapsody traz uma campanha curta (pouco mais de uma hora) e história morna, sem muito do humor pastelão comumente encontrado em outros títulos da NIS — a comédia existe aqui, contudo. Porém, é na simplicidade que mora o charme do jogo: por trazer uma jogabilidade sem muitos desafios e com uma narrativa leve, trata-se de um SRPG perfeito para quem só quer passar tempo com um jogo fofinho.


Os combates são determinados aleatoriamente conforme Cornet explora os mais diversos lugares em busca de informações sobre o príncipe, lembrando muito, em essência, os RPGs da época. Contudo, diferentemente de La Pucelle, Rhapsody não conta com tutoriais, precisando a pessoa aprender na prática o funcionamento do jogo.

Ainda em relação às batalhas, cada aliado tem uma ação por turno e a movimentação nos mapas também se dá por grids. Aqui entra o ponto negativo da simplicidade de Rhapsody: não é necessário nenhum tipo de estratégia ou tática durante os combates, fazendo com que mesmo a dificuldade mais elevada não seja difícil de fato.

Tá, mas e a qualidade?

Para esta análise, infelizmente não tive a oportunidade de testar os jogos com o Switch ligado à TV, mas eles rodaram sem problemas no modo portátil do console. Como tanto La Pucelle quanto Rhapsody são ports, às vezes é possível notar diferenças gráficas, sobretudo nos sprites, entre um título e outro, mas nada que prejudique a jogabilidade como um todo.

Fora a pouca complexidade na jogabilidade dos títulos presentes na coletânea, temos uma boa apresentação audiovisual que não se perdeu com o tempo, com direito até mesmo a dublagem parcial em inglês e japonês. Em especial, as músicas cantadas por Cornet em Rhapsody são gostosinhas de ouvir, mas os dois jogos contam com trilhas sonoras excelentes.

Para fãs e não fãs da NIS

Prinny Presents NIS Classics Vol. 3 é um prato cheio para os fãs (e até mesmo não fãs) da empresa e, no meu caso, gostei de conhecer jogos que vieram a moldar, de uma forma ou de outra, toda a estrutura dos jogos atuais da NIS. Apesar de tanto La Pucelle: Ragnarok quanto Rhapsody: A Musical Adventure não apresentarem muito desafio se comparados aos títulos presentes nas outras coletâneas (até mesmo os mais recentes da NIS), são duas pérolas da era PlayStation que valem a pena ser revisitadas, ainda mais com toda a qualidade audiovisual que apresentam.

Prós

  • Excelente porta de entrada para outros jogos da NIS;
  • Boa apresentação audiovisual, em especial as canções de Rhapsody;
  • Dublagem parcial em inglês e japonês;
  • Histórias divertidas, cada qual com seus pontos altos e baixos;
  • Jogabilidade agradável e acessível.

Contras

  • Jogos datados, sem muitas complexidades e desafios;
  • Falta de tutorial em Rhapsody atravanca o aprendizado no jogo;
  • A história e a jogabilidade de Rhapsody podem não agradar a jogadores mais exigentes.
Prinny Presents NIS Classics Vol. 3 — PC/Switch — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Thais Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela NIS America
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Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas.
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