Análise: Picross S8 traz mais desafios lógicos ao Switch em um puzzle de alta qualidade

O novo jogo da franquia Picross mantém a qualidade consistente dos quebra-cabeças da Jupiter.

em 29/09/2022

Desenvolvido pela Jupiter, Picross S8 é a mais recente entrada da franquia de puzzles lógicos a chegar ao Switch. Seguindo o mesmo padrão de seus antecessores e adicionando a opção de co-op local, o título é uma aposta segura da empresa, que cria títulos de alta qualidade nesse estilo desde 1995, com Mario’s Picross.

Uma cruzadinha numérica

Quando se pensa em quebra-cabeças tradicionais, daqueles que podem ser encontrados nas bancas de revistas, muitas vezes pensamos em caça-palavras e palavras-cruzadas. Porém, o mundo de desafios lógicos é vasto e suas várias opções exploram habilidades cognitivas diferentes, que vão além do campo das palavras.

O Picross, que também é conhecido como nonograma e uma variedade de outros nomes patenteados, é uma opção bastante curiosa de desafio. Nele, o objetivo é preencher os quadrados corretos de acordo com as sequências numéricas descritas nas linhas e colunas. Dependendo da ordenação, é possível ter noção de quantos espaços vazios há entre os quadrados que devem ser preenchidos.

Em especial, como recompensa pela solução do desafio, o jogador obtém uma imagem formada a partir dos quadrados coloridos. A ideia do Picross é, assim, achar a forma exata do desenho com base nos números, tendo como forma ideal o uso do pensamento lógico para preencher apenas os quadrados que possuem 100% de chance de estarem corretos.

Para facilitar a visualização e o planejamento, há também a opção de marcar os pontos que devem permanecer vazios com um X. Dessa forma, quanto mais os tabuleiros são preenchidos com cor ou X, mais possibilidades são eliminadas até restar apenas a resposta correta. É um desafio lógico muito agradável, cujas regras simples permitem soluções metódicas que qualquer pessoa pode aprender de forma intuitiva ao dedicar um tempo fazendo os desafios em uma escala razoável de dificuldade.

Vários puzzles na palma da mão

Ao todo, Picross S8 conta com 485 puzzles, divididos em cinco categorias: Picross, Mega Picross, Color Picross, Clip Picross e Extra. Cada um deles possui algumas peculiaridades, havendo tutoriais em português (caso o sistema do console esteja na nossa língua) para explicar as regras específicas das modalidades. Eles detalham um pouco do modelo básico e dão dicas úteis, em especial, para novatos.

O modo Picross é o formato tradicional, contando com 150 desafios com tabuleiros que vão do tamanho 5 x 5 ao 20 x 15. Os de menor tamanho são mais simples e a dificuldade escala de forma suave conforme o tamanho aumenta. Os últimos estágios de cada linha desbloqueiam mais desafios para o modo Clip Picross, e o décimo-quinto de cada página do menu é como uma espécie de “boss”. A ideia é que esses puzzles derradeiros testam a capacidade do jogador forçando o que é chamado de No Assist, ou seja, tirando todos os métodos de auxílio a novatos.

Um exemplo de Mega Picross parcialmente preenchido.

O Mega Picross tem a mesma distribuição, oferecendo os mesmos 150 desafios, mas agora com megalinhas que contam a combinação de quadrados conectados entre duas linhas ou colunas. Com isso, a precisão inicial de quais posições devem ser preenchidas costuma ser menor e toda a forma de pensar o problema acaba exigindo ajustes.

No Color Picross, temos 30 desafios que adicionam uma dificuldade extra: as cores que devem ser utilizadas para preencher os quadrados podem ser diferentes. Como resultado, os números costumam ser quebrados em mais partes e o jogador perde a certeza de que há um espaço após a pintura de um ponto, mas consegue utilizar cores mais raras como forma de eliminação de possibilidades. Curiosamente, as imagens ao final também possuem pequenas animações.

Já Clip Picross e Extra não possuem regras novas, sendo basicamente o formato tradicional com uma disposição diferente. Em vez de formar uma imagem completa, os Clip Picross concluídos são pedaços de uma imagem gigante, como peças de um quebra-cabeça montado pouco a pouco. Há cinco imagens, cada uma quebrada em 25 partes (com a exceção do puzzle 04, que conta com 50 peças).

Por fim, o Extra inclui cinco desafios com os maiores tabuleiros do jogo. Por padrão, só é possível acessar dois deles, com dimensões 30 x 30; porém, caso você tenha jogado Picross S4, S5 e S6, são desbloqueados três outros puzzles 40 x 30. Graças a essa restrição, quem não possui os títulos anteriores só tem acesso de fato a 482 estágios.

Um jogo fluido em qualidade de vida

Um detalhe que chama a atenção em toda a linha Picross S é o seu design minimalista e o foco em oferecer uma experiência muito fácil de pegar e jogar. Há um grande cuidado em garantir uma boa experiência em termos de qualidade de vida e de opções para auxiliar novatos e quem quer apenas aproveitar o game de forma casual.

Em termos de assistência, o jogo conta com opção de correção automática de erros e um destaque colorido que orienta novatos quanto às linhas e colunas que devem ser checadas. Há também uma roleta de dicas, que resolve uma área aleatória do tabuleiro. Todas essas formas de facilitação podem ser desligadas, resultando na medalha de No Assist naquele tabuleiro.

Outro elemento aparentemente pequeno, mas bastante importante, é a possibilidade de alterar o esquema de controle. Além de jogar com os Joy-Con e definir aspectos bem específicos como a velocidade do cursor, é possível escolher entre duas modalidades de toque. Ao usar o “segurar”, é necessário manter um botão pressionado para ativar o toque; já o “alternar” tira essa obrigação, associando o valor do toque (preenchimento ou X) ao último botão apertado.

A grande novidade fica por conta de um modo cooperativo, elemento que a Jupiter também decidiu adicionar aos jogos anteriores junto com o lançamento de Picross S8. Com ele, é possível reunir até quatro pessoas localmente para tentar resolver um puzzle. Ao final da fase, os quadrados coloridos de cada um são contabilizados separadamente, podendo funcionar como uma espécie de co-op com um gostinho de rivalidade.

Essa mecânica é uma adição curiosa porque foge do tipo de experiência usual de desafios de raciocínio lógico dessa natureza. Porém, é difícil medir o quanto as pessoas estariam dispostas a dividir esse espaço de resolução e essa adição não parece ter algum valor especial para a experiência além da pura novidade.

Por fim, gostaria de destacar as poucas opções de trilha sonora. É possível alternar entre elas no menu principal, e todas se encaixam bem com o conceito de “trilha de fundo para concentrar no jogo”, mas seria interessante ter mais variedade.

Preservando a qualidade de forma consistente

Picross S8 traz novamente um excelente exemplar de puzzle lógico. Sua principal novidade é um modo cooperativo, que, a princípio, não é um grande atrativo aos fãs do gênero, já que a solução desses desafios costuma ser uma experiência mais solitária, reflexiva e intimista. Mesmo assim, o seu design elegante, tutoriais simples em português, recursos de qualidade de vida e riqueza em conteúdo fazem dele uma experiência fenomenal e consistente com seus antecessores.

Prós

  • Grande quantidade de puzzles;
  • Dificuldade bem escalada, com um sistema de assistência opcional para novatos;
  • Os modos Mega e Color adicionam regras curiosas ao funcionamento mais tradicional do Picross;
  • Possibilidade de alternar entre dois formatos de toque e um de controle via Joy-Con;
  • Tradução para o português, incluindo tutoriais para cada modo com regras diferentes.

Contras

  • Fora a adição do co-op, não há grandes novidades que sirvam como atrativo para o novo jogo;
  • Pouca variedade de trilhas sonoras;
  • Três puzzles que só podem ser acessados por quem jogou os títulos anteriores da série.
Picross S8 — Switch — Nota: 8.5

 Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Jupiter

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é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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