Um retorno com mais personagens
JoJo’s Bizarre Adventure é uma das franquias de mangá e anime mais populares e longevas. Iniciada na revista Shounen Jump em 1987, a série continua em produção até hoje, porém ela não segue a estrutura normal desse tipo de obra. Com uma divisão em “partes”, cada arco de JoJo conta com seu próprio protagonista, mostrando desventuras que atravessam várias gerações.
Ao todo, a obra conta com oito partes até o momento, mas uma nona deve ser lançada no futuro. Cada uma delas apresenta personagens bastante distintos e até regras próprias que diferenciam as gerações consideravelmente. No caso de All-Star Battle R, há personagens de todos esses arcos, totalizando 51 opções jogáveis. Em comparação com o seu lançamento original, foram adicionados Robert Speedwagon, Mariah, Pet Shop, uma versão separada de Jotaro Kujo baseada na sua aparição na Parte 4, Yukako Yamagishi, Trish Una, Prosciutto & Pesci, Ghiaccio, F.F. e Diego Brando.
Não apenas há uma grande quantidade de personagens, como também eles são todos variados e excêntricos. Os seus estilos de luta envolvem técnicas bastante diferentes e, em particular, a obra consegue reproduzir muito bem os maneirismos exagerados da atuação dos personagens. Porém, isso também vem com um elemento negativo: uma parte considerável das habilidades desses lutadores é bastante técnica.
Em especial no que tange ao alcance dos golpes, é bastante provável que um jogador novato tenha dificuldade em encaixar combos. Até mesmo o especial de alguns personagens está associado a contra-ataques (counter), ou seja, depende do inimigo atacar para funcionar, tornando o seu uso bem complicado. O jogo até oferece um sistema facilitador de combos para que o jogador possa simplesmente apertar os botões e liberar um especial em sequência de forma trivial, mas isso apenas ignora a dificuldade de entrada. Essa escolha de movimentações mais técnicas não é necessariamente um problema, mas implica em uma experiência pouco indicada para quem não tem costume com o gênero.
Um pacote para os fãs
Um detalhe importante do jogo é que não há um modo história propriamente dito. A obra não se preocupa em apresentar os personagens ou os eventos de forma mais digerida para o público, tendo em vista a expectativa de que o comprador já seja fã de JoJo. Porém, o equivalente a esse modo é o “All-Star Battle”, que traz contextos específicos para que o jogador possa vivenciar batalhas clássicas inspiradas na obra original e alguns casos alternativos que nunca poderiam ter acontecido, como batalhas de gerações muito distantes.
Cabe ao jogador escolher qual combate deseja realizar avaliando o seu ranking de dificuldade e as recompensas. Mas não basta apenas vencer, afinal, cada batalha inclui condições secretas que o jogador precisa descobrir, realizando movimentos elaborados durante a disputa. Dessa forma, o jogador é incentivado a aprender a fundo as mecânicas para receber esses prêmios. Ao realizar as missões, são desbloqueados novos itens, como artes da galeria e roupas alternativas para customizar a aparência dos personagens. A vitória também rende dinheiro, que pode ser usado para comprar algumas ilustrações e vestimentas que não estão no modo All-Star Battle.
Há ainda um modo arcade para batalhas consecutivas, que é dividido em Challenge (apenas oito batalhas) e Endless (infinitas batalhas, o que é tradicionalmente chamado de Survival em outros jogos de luta). Já o Versus permite jogar contra outra pessoa ou a CPU e inclui a opção de batalhas de uma pessoa só, equipe ou um torneio de oito lutadores. Caso o jogador queira aprender os movimentos, o modo Practice permite criar uma situação controlada de combate, com opções avançadas detalhadas como a visualização dos inputs dos golpes desejados.
Assim como esperado do gênero, o jogo também conta com um modo online, que permite participar de disputas contra outras pessoas. Porém, não é possível jogar contra usuários de outros consoles ou PC devido à ausência de cross-play; além disso, o jogo não possui rollback, o que pode levar a grandes delays na experiência online contra pessoas distantes.
Por fim, o estilo visual de All-Star Battle R também chama muita atenção. Inspirado no estilo artístico da franquia, a obra opta por uma representação de elementos tradicionais de mangá como os quadros de cenas e as onomatopeias japonesas acompanhando os movimentos e falas dos personagens. Até mesmo o uso de hachuras e tons de preto muito fortes para os contornos ajudam a dar um tom único para o estilo artístico do jogo.
ORA ORA ORA ORA!
JoJo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R é um jogo de luta competente e uma obra obrigatória para fãs da série de mangá e anime. Apesar de ter elementos que tornam ele menos interessante para novatos no gênero e pessoas que ainda não conhecem JoJo a fundo, o título sabe quem é o seu público e entrega o que promete.
Prós
- Grande variedade de personagens da série;
- Estilos bastante exagerados e expressivos de combate;
- Sistema de customização com várias roupas extras desbloqueáveis e itens de galeria;
- As condições únicas do modo All-Star Battle são um bom incentivo para o jogador conhecer a fundo as possibilidades do gameplay;
- Visual que representa bem o estilo do mangá em seus elementos de interface, com traços mais escuros e uso de onomatopeias japonesas.
Contras
- Diversos personagens possuem controles muito técnicos para jogadores pouco habituados ao gênero devido às limitações de alcance dos golpes;
- O jogo não se esforça em apresentar os personagens e situações para novatos.
JoJo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R — Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bandai Namco