Uma desculpa bem elaborada
Quantidade e qualidade
Como descrito anteriormente, todas as músicas de abertura e encerramento dos Final Fantasy clássicos estão presentes, além de temas de batalha e diversas outras composições de lendas como Nobuo Uematsu, Masashi Hamauzu, Hitoshi Sakimoto, Kumi Tanioka e Naoshi Mizuta, todos compositores(as) da série principal e de diversos outros títulos importantes.
São mais de 70 músicas — passando de 100 se contarmos os DLCs —, e os fãs podem se animar, pois músicas obrigatórias como One-Winged Angel e os temas da Terra e Aerith estão presentes.
Role-playing presente
Diferentemente do que costuma ocorrer em jogos de ritmo, os personagens não servem apenas para exibição: cada um tem estatísticas individuais, com pontos fortes e fracos. Os atributos são divididos em Força, Magia, Agilidade e Sorte, e à medida que as músicas vão sendo concluídas, os heróis ganham experiência para subir de nível e adquirir novas habilidades.
As propriedades funcionam como em qualquer RPG: personagens que possuem mais força têm melhor desempenho em músicas de batalha, derrotando mais monstros e tendo mais oportunidades de receber itens; já os que têm mais pontos de agilidade se saem melhor em campo, conseguindo viajar mais longe e podendo encontrar os populares Moogles ou outros personagens que fornecem itens.
Quando falhamos em acertar as notas, os membros da equipe sofrem dano, podendo ter suas barras zeradas, o que leva à derrota. Nos modos iniciais do jogo, isso parece impossível de acontecer; no entanto, nos mais elevados e desafiadores, como o Chaos Shrine, o fracasso pode vir rapidamente, e personagens evoluídos e com atributos altos vão fazer a diferença.
O primeiro contato com Theatrhythm acontece através do Series, que funciona mais como uma introdução do que um desafio, ideal para quem quer apenas relembrar as trilhas clássicas ou busca uma diversão rápida, sem muito compromisso e consequências. Qualquer um com o mínimo de costume vai conseguir concluir esse modo em poucas horas, sem muitas dificuldades.
Penso que o verdadeiro brilho está no Chaos Shrine, no qual as rodadas possuem uma dificuldade progressiva e existem músicas que não estão presentes nos outros modos. É aqui que os jogadores podem dedicar seu tempo para adquirir colecionáveis e itens.
Quanto aos itens, há diversos objetos que podem ser coletados e eles possuem grande importância durante os desafios, como poções e equipamentos que concedem habilidades especiais. Existe também um museu, onde é possível desbloquear músicas, cenas e visualizar os recordes que foram obtidos, além de uma espécie de fichário que pode ser preenchido com cartas colecionáveis, cada uma delas tendo sua própria raridade.
Quando a música não é boa
Apesar de Theatrhythm possuir um enorme saldo positivo e ser uma das melhores experiências que tive com esse gênero, existem alguns pontos que ao meu ver deixaram a desejar.
Em primeiro lugar, cito a ausência de conteúdo de Final Fantasy Tactics. Sei que se trata de um spin-off e que a franquia possui diversas entradas; no entanto, trata-se de um dos jogos mais influentes e importantes do seu gênero, com músicas e personagens incríveis que poderiam acrescentar muito a Theatrhythm. Isso sem contar que FF Tactics é o berço do mundo de Ivalice, terra que seria usada novamente no brilhante Final Fantasy XII.
Além do apontado, mesmo com diversos representantes dos jogos clássicos presentes, a ausência de outros igualmente importantes, como Garnet de FFIX ou Yuffie de FFVII, é outro ponto negativo.
Por fim, mesmo com a stylus cumprindo muito bem o seu propósito, me incomoda a obrigatoriedade de usá-la, com a falta da possibilidade de alterar os comandos para os botões, e acredito que jogadores que não são tão entusiastas da caneta possam se sentir da mesma forma.
Um marco importante
Theatrhythm Final Fantasy foi importante para o 3DS, sendo um de seus primeiros games a ter conteúdo de download pago. A lista de DLCs possui mais de 30 faixas que os produtores queriam no jogo desde o início, mas não conseguiram devido a limitações de capacidade.
O sucesso do título abriu portas para outras franquias de sucesso da Square Enix receberem seus jogos de ritmo, como Theatrhythm Dragon Quest e Kingdom Hearts Melody of Memory; além disso, no final de 2012, Theatrhythm recebeu uma versão em iOS, que infelizmente não teve a mesma popularidade e acabou tendo seu serviço encerrado.
Uma sequência foi lançada em 2014 também para o 3DS, denominada Theatrhythm Final Fantasy Curtain Call, com mais de 200 músicas, novos personagens e um modo versus. Curtain Call resolveu alguns dos problemas apontados em seu antecessor, adicionando heróis e músicas importantes que estavam ausentes, inclusive de FF Tactics.
Com belos gráficos, personagens carismáticos e músicas de tirar o fôlego, Theatrhythm Final Fantasy certamente foi um grande presente de 25 anos para os fãs da série, mas é também um jogo de ritmo recomendado a qualquer pessoa que goste do gênero ou de games no geral.
Revisor: Davi Sousa