As novas denúncias envolvem a mesma empresa terceirizada, chamada Aston Carter, mas também funcionários da própria Nintendo of America. Os principais pontos que resumem a reportagem do períodico japonês são:
- Uma funcionária terceirizada que atuava na área de teste de jogos saiu da Nintendo of America após quase uma década;
- Um tradutor postou capturas de tela com conteúdo inapropriado envolvendo Pokémon e Genshin Impact em um grupo de bate-papo de funcionários chamado "The Laughing Zone" ("Área do Riso" em tradução livre), no servidor Microsoft Teams da Nintendo;
- A testadora terceirizada relatou o incidente, mas foi orientada a não falar sobre o assunto, enquanto o tradutor teve como consequência receber treinamento sobre assédio sexual;
- Outro terceirizado já havia sido demitido por comentários sobre a cor da roupa íntima desta testadora, mas a empresa contratada não pode demitir o tradutor por ser funcionário da Nintendo, não da empresa;
- Mulheres estavam sub-representadas entre os tercerizados, além de frequentemente não serem contratadas para cargos em tempo integral;
- Com base no número de funcionários de suas próprias equipes, cinco fontes que trabalharam na Nintendo estimam que a porcentagem de mulheres contratadas nos testes girava em torno de 10%;
- As mesmas fontes afirmam que em alguns projetos, apesar das várias dezenas de envolvidos, o número de mulheres na equipe não passava de um dígito;
- Após nove anos trabalhando com a Nintendo, a testadora descobriu que em seu departamento um iniciante do sexo masculino ganhava US$ 19 por hora, enquanto ela ganhava US$ 16;
- Depois de lutar por um aumento salarial durante várias semanas, conseguiu chegar ao valor de US$ 18 por hora;
- Uma outra mulher relatou que permaneceu com o mesmo salário por seis anos, até receber uma oferta melhor em outro emprego e ameaçar deixar a companhia;
- Existe registro de diversos processos trabalhistas contra a Aerotek, empresa contrante agora renomeada como Aston Carter;
- Funcionárias e ex-funcionárias afirmam que muitas mulheres sentiam que o escritório de Redmond, Washington, tinha problemas em tratar as pessoas do sexo feminino respeitosamente;
- Dez fontes ouvidas pelo Kotaku indicam que o comportamento sexista era comum, com pouca atitude para lidar com isso sendo tomada;
- Um testador que trabalhou em The Legend of Zelda: Breath of the Wild (Wii U/Switch) disse que as chances de ser promovido a funcionário de tempo integral são maiores se você for homem;
- Os terceirizados não recebem instruções que deixem claro quais as metas a serem atingidas para conseguir a renovação de contrato ou para se tornar funcionário de tempo integral;
- Outro empregado diz que houve muito favoritismo e compadrio;
- Não havia mulheres em número suficiente no departamento de testes para indicar e defender mulheres para novas vagas em tempo integral;
- Terceirizadas do sexo feminino afirmam ter sofrido assédio de trabalhadores em tempo integral da Nintendo e de colegas contratados pela Aerotek (atual Aston Carter);
- A diferença de poder entre funcionários em tempo integral e contratados exacerbou o comportamento inadequado;
- Melvin Forrest, que trabalha na área de testes desde o início dos anos 1990 e acabou se tornando o chefe do departamento, faz os horários para os associados da Aerotek e decide quem retorna para novos projetos, tornando-se assim crucial manter um bom relacionamento com ele;
- As fontes ouvidas dizem que Forrest teve comportamentos inadequados com as testadoras;
- Forrest trabalhou na Nintendo até pelo menos 2017, embora a empresa não tenha comentado se ele ainda integra o corpo de funcionários ou não;
- Eric Bush, funcionário que fez comentários inapropriados em um evento patrocinado pela Nintendo em Seattle, continua empregado na Big N como gerente assistente de testes de produtos;
- Um ex-testador afirma que o departamento por vezes parece como uma fraternidade de faculdade estadunidense;
- A desigualdade no tratamento e o comportamento indesejável eram ainda piores para mulheres trans;
- Era comum que os funcionários em tempo integral namorassem terceirizadas em condições precárias de emprego;
- As vantagens de se envolver romanticamente com os funcionários da NoA se refletiam em oportunidades, como participar da festa de Natal da empresa, proibida aos terceirizados, a menos que estejam acompanhados de um "crachá vermelho" (funcionário);
- Um terceirizado que trabalha para a Lotcheck enviou uma carta para a liderança da Nintendo em nome de uma dúzia de testadoras, pedindo que a companhia melhore as condições de trabalho e afirmando que o departamento de testes é um "ambiente inseguro e desconfortável para funcionárias do sexo feminino";
- A Aston Carter aparentemente tomou conhecimento da carta, mas não agiu devido ao anonimato dos funcionários;
- Uma ex-terceirizada afirmou que um testador mais experiente a perseguiu entre julho de 2011 e fevereiro de 2012, mas como o homem era "amigo das pessoas certas", ela não sentiu que poderia denunciar o caso à empresa contratante;
- Não há garantias que as melhorias ocorridas na NoA cheguem aos funcionários contratados na Aston Carter;
- Um funcionário relatou que o RH do prédio onde a maioria da equipe de tempo integral da Nintendo trabalha está ativamente tentando "implementar a diversidade e a inclusão" dentro da NoA;
- No entanto, "cada um dos diferentes edifícios associados ao campus da Nintendo em Redmond é um pequeno microcosmo, por isso não há muitas chances de conhecer pessoas de outras partes da empresa".
A reportagem completa está disponível em inglês no site Kotaku. A Nintendo e a Aston Carter não se pronunciaram sobre as acusações.
Fonte: Nintendo Everything