Heroes of Ruin (3DS): há 10 anos, uma experiência única invadia o portátil da Nintendo

O RPG de ação da Square Enix aproveitou de forma interessante diversos recursos do 3DS.

em 01/08/2022

Num cenário típico de fantasia, o mundo foi devastado por uma guerra que despertou todo tipo de monstros. Enquanto isso, o governante de uma cidade está morrendo devido a uma maldição, e só guerreiros de coragem poderão derrotar os inimigos e encontrar a cura.


Este é o enredo nada original de Heroes of Ruin, título que se destaca na biblioteca do Nintendo 3DS por outros atributos muito bem executados. Lançado em julho de 2012, este RPG de ação aproveitou os recursos oferecidos pelo portátil 3D da Big N para criar uma experiência única. Venha celebrar os 10 anos do game, relembrando com a gente o fruto da parceria entre Square Enix e n-Space.

Sob medida para o 3DS

O estúdio n-Space foi fundado por Erick S. Dyke, Dan O'Leary e Sean Purcell, que anteriormente trabalhavam explorando as possibilidades de aplicações comerciais da tecnologia 3D. Já no ramo dos games, a parceria com a Nintendo para a produção de Geist (GC) rendeu diversos outros projetos. A companhia foi responsável, por exemplo, pelas adaptações para DS de Star Wars: The Force Unleashed e Call of Duty: World at War.


Heroes of Ruin foi o primeiro grande projeto autoral da empresa, em parceria com a Square Enix e lançado com exclusividade para 3DS. Sem se preocupar com adaptações para outras plataformas, o n-Space focou no que o portátil poderia oferecer. Assim, os cenários são bem desenhados e contam com vários níveis, escadarias, abismos e detalhes que realçam o efeito tridimensional proporcionado pelo console.

Além disso, o jogo conta com multiplayer online e local para até 4 pessoas. É possível iniciar a partida sozinho, com os companheiros se juntando após o início da jornada. A comunicação entre os jogadores pode ser realizada através do chat por voz, utilizando o microfone embutido no 3DS.

O grande diferencial é a utilização do StreetPass e do SpotPass. Com a primeira função, os jogadores podem trocar objetos e até mesmo vendê-los para conseguir pontos, que por sua vez servem para adquirir novas armas e itens. Já o SpotPass oferecia desafios diários e semanais, contribuindo para a longevidade do título. Completar os desafios disponibilizava pontos especiais que permitiam comprar equipamentos raros.

Os personagens


Como um bom RPG, Heroes of Ruin apresenta classes diversas de personagens. Cada um dos quatro selecionáveis oferece uma jogabilidade diferente e, em suas histórias, aceitaram a missão de buscar a cura para salvar Lorde Ataraxis por seus próprios motivos, o que reflete as personalidades deles. São eles:
  • Vindicator, um felino antropomórfico que luta usando espadas de duas mãos. Ele busca a redenção após falhar com sua ordem;
  • Selvagem, um guerreiro exilado especialista no combate corpo a corpo. Seu objetivo com a missão é conquistar poder e glória;
  • Alchitect, uma elfa que conjura feitiços mágicos. Ela quer provar o seu valor e se tornar uma das mais poderosas e temidas feiticeiras do mundo;
  • Pistoleiro, um ex-criminoso hábil com armas de fogo e explosivos. Sua expectativa é encontrar uma maneira de quitar suas dívidas.

Explorando o mundo

Na época de seu lançamento, a maioria das análises comparou Heroes of Ruin a Diablo, o que faz todo o sentido. Afinal, a franquia da Blizzard é a maior referência quando se trata de RPGs de ação com visão isométrica em áreas repletas de inimigos, itens e dungeons.


Sem um título da franquia de sucesso para chamar de seu, o jogo da n-Space foi o primeiro a trazer o estilo para o 3DS. O resultado é bastante satisfatório e sem complicações.

O combate, por exemplo, é direto. Enquanto o B serve para atacar, os botões restantes servem de atalhos para ataques especiais ou habilidades. Já o R é utilizado para esquivar ou bloquear.

A exploração do mapa é incentivada pelas missões secundárias, geradas a partir dos pedidos de ajuda dos habitantes da cidade de Nexus. As sidequests são sempre simples, curtas e objetivas, podendo ainda conduzir a salas secretas em que podem ser encontradas armaduras e montes de dinheiro.

As áreas a explorar apresentam quatro cenários básicos: uma gruta no fundo do mar (Coral Tombs); uma floresta (Elder Forest); uma montanha gelada (Frost Reaches); e um mundo estranho onde habitam os demônios (Soul Void). Cada uma dessas áreas divide-se em outras sub-áreas. Para uma jogatina em um console portátil, a escala de Heroes of Ruin é mais que suficiente, com uma campanha durando algo em torno de 9 horas. Terminar com cada uma das quatro classes elevaria esse tempo a quase 40 horas.

Pedras no caminho


Como apontado na introdução deste texto, a história não possui uma abordagem original nem apresenta grande desenvolvimento. Ainda assim, a jornada é competente em manter o jogador interessado e disposto a subir de nível, aumentar as estatísticas do personagem e encontrar equipamentos cada vez melhores. No final há várias reviravoltas, e a trama acaba por não ser tão previsível como aparentava.

O grande ponto negativo de Heroes of Ruin acaba sendo a dificuldade — ou a falta dela, no caso. Se a campanha single player já pode ser encarada com facilidade, cooperativamente os inimigos morrem em questão de segundos, sendo necessário aplicar poucos golpes.

Uma alternativa seria oferecer diferentes opções de dificuldade, porém isso não acontece. Mesmo depois de terminar o jogo, não existe a opção de recomeçar numa dificuldade mais elevada, o que prejudica também o fator replay.

Heróis em ruína


Apesar das falhas, o saldo é positivo. Heroes of Ruin transporta a fórmula consagrada por Diablo para um console portátil, aproveitando os recursos do 3DS e incentivando a jogatina multiplayer. A experiência foi única e, infelizmente, ficou restrita àquele console. O estúdio que desenvolveu o título, n-Space, não existe mais, diminuindo ainda mais as chances de um relançamento ou de uma continuação.

Revisão: Davi Sousa
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Nascido no mesmo dia que Manoel Bandeira (mas com alguns anos de distância), perdido em Angra dos Reis (dos pobres e dos bobos da corte também), sob a influência da MPB, do rock e de coisas esquisitas como a Björk. Professor de história, acostumado a estar à margem de tudo e de todos por ser fora de moda. Gamer velho de guerra, comecei no Atari e até hoje não largo os mascotes - antes rivais - Mario e Sonic.
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