Desde a divulgação de seus primeiros trailers, XEL fez um excelente trabalho construindo a sua própria identidade. Com cutscenes elaboradas, uma rica atuação de voz e um charmoso mundo cartunesco para ser explorado no formato top-down, o título de ação conta com perspectivas de gameplay promissoras, principalmente para jogadores que, assim como eu, se animam com aventuras épicas no estilo The Legend of Zelda. Diante dessa expectativa, mal sabia eu que, logo nos primeiros minutos de jogatina, iria presenciar muitas dessas atraentes qualidades irem por água abaixo diante de diversos problemas técnicos no Switch. .
O despertar de Reid nas terras de XEL
Na cena de abertura de XEL, somos apresentados à protagonista do jogo, que acorda sem memória após ter se acidentado com sua espaçonave. Em um ambiente completamente desconhecido, a personagem é então abordada por um simpático robô chamado Chap, que se prontifica a ajudá-la na tarefa de identificar os arredores e de buscar por pistas que possam revelar a sua verdadeira identidade.
Após alguns minutos de exploração, descobrimos estar em XEL, um corpo celeste que abriga uma civilização cuja existência corre perigo devido a mudanças em vigência no ecossistema local. Atendendo pelo nome de Reid, nossa protagonista é acolhida pelos moradores deste mundo fantasioso, passando a colaborar através de tarefas e a investigar o que poderia evitar a extinção da natureza da região. Será, portanto, com base nessas premissas que o jogo irá desenvolver a sua afável campanha principal.
Embora a trama não seja lá tão criativa, principalmente se considerarmos o elemento clichê de um protagonista acordando com amnésia, é preciso reconhecer que a história é capaz de envolver. Em parte, isso ocorre em função da belíssima apresentação do título: exibindo cutscenes luxuosas, com diálogos dublados em inglês e uma bela trilha sonora, o jogo desenvolve o seu enredo com muito cuidado e maestria, também se tornando mais atraente ao apresentar personagens divertidos e situações emocionantes.
Eis que estas qualidades de apresentação são, de longe, a maior qualidade do título, que não economiza esforços na hora de construir seus belos visuais com traços cartunescos, bonitos de se admirar tanto nas cinemáticas quanto nas vibrantes e coloridas ambiências de gameplay. É uma pena que muitas dessas qualidades gráficas sejam comprometidas por diversos problemas de performance presentes na jogatina.
Por trás das agradáveis premissas, um desempenho problemático
Em seus alicerces, XEL é uma aventura de ação com traços de RPG em uma perspectiva top-down. Contando com a franquia The Legend of Zelda como uma de suas maiores influências, também temos desafios que envolvem a exploração de dungeons, a busca por tesouros, a realização de puzzles e muitos combates nos quais Reid usa uma espada e outras habilidades desbloqueáveis para derrotar robôs, lobos e diversas criaturas fantasiosas.
Embora estes conceitos de gameplay pareçam vistosos, cabe dizer que eles não são executados plenamente por conta do principal problema do título, que é o seu pobre desempenho no Switch. Desde os primeiros minutos de jogatina, podemos notar que o jogo não apresenta uma fluidez satisfatória, exibindo movimentos que não parecem tão naturais. Para piorar, há trechos em que as quedas de quadros por segundo são significativas, especialmente quando há muitos elementos na tela, como plantas, inimigos, casas e outros tipos de estruturas.
Além desta instabilidade, XEL dispõe de outros consideráveis problemas gráficos, como ambientes que não são carregados de uma só vez. Isso significa que é comum caminharmos por cenários que estão momentaneamente incompletos, pois demoram alguns segundos até exibir todos os elementos, como as sombras e outros pequenos detalhes. Do mesmo modo, a frustração visual aumenta diante de ambiências com texturas em baixa resolução e de personagens com a movimentação comprometida por glitches. Por exemplo, Desmond, um de nossos companheiros na jornada, por vezes não caminha naturalmente, mas sim desliza por aí de maneira cômica.
Se isso não bastasse, enfrentei um contratempo ainda mais grave com meu save após umas três horas de jogatina. Acontece que, ao tentar retornar para a aventura, o jogo aparentemente carregava o arquivo, mas não os elementos gráficos, exibindo nada além de uma decepcionante tela preta. Enquanto isso, eu podia ouvir, no fundo, a protagonista sendo atacada e, eventualmente, morrendo, porém ainda sem enxergarmos o que de fato estava acontecendo. Sem ter como sair de tal situação, este softlock me obrigou a recomeçar a aventura em um novo arquivo, o que foi extremamente frustrante.
Há, portanto, diversos problemas salientes que tornam a experiência de XEL desagradável, com uma performance que é literalmente capaz de causar dores de cabeça, uma vez que a artificialidade da movimentação pode causar uma certa estranheza ocular. Assim, embora a aventura tenha qualidades promissoras que chegam a render alguns momentos de exploração divertidos, com o tempo eles acabam sendo ofuscados diante de gritantes falhas técnicas, que estão muito presentes na versão para o Switch.
Uma aventura que merece atualizações
Em muitos momentos, XEL não aparenta ser um título que está realmente pronto, exibindo falhas que poderiam ter sido evitadas com um desenvolvimento mais cuidadoso e otimizado para o Switch. Diante disso, carrego a esperança de que a obra receberá atualizações para melhorar o seu desempenho, pois trata-se de um jogo que definitivamente merece uma segunda chance, tanto por sua belíssima apresentação quanto pelas atraentes propostas de gameplay. Se isso ocorrer, poderemos então garantir o futuro de Reid de maneira mais tranquila, sem ter de se preocupar com encrencas além das que são propostas nos desafios das charmosas terras de XEL.
Prós
- Apresentação fantástica, com cutscenes exuberantes;
- Os trabalhos de voice acting e de trilha sonora são de alta qualidade;
- A trama se mostra carismática;
- Propostas de gameplay rendem momentos de exploração divertidos.
Contras
- Presença de bugs que podem comprometer o progresso dos saves;
- Performance frustrante, com uma falta de fluidez praticamente constante;
- Quedas graves de fps, principalmente quando a tela está com muitos elementos;
- Alguns cenários exibem texturas de baixa resolução e demoram para carregar todos os elementos;
- Eventuais glitches, com personagens deslizantes, baús que não abrem e outras peculiaridades.
XEL — Switch/PC — Nota: 5.5Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: João Pedro Boaventura
Análise produzida com cópia digital cedida pela Assemble Entertainment