Lidando com a difícil missão de agradar veteranos insatisfeitos e novatos exigentes ao mesmo tempo, Sunbreak recentemente teve uma demo especial disponibilizada na eShop nas últimas semanas e suas novidades na jogabilidade acabaram surpreendendo positivamente os maiores críticos da versão base. Dito isto, será que vale a pena esperar por algo do mesmo nível de excelência de Iceborne? Enquanto o lançamento não chega, vamos tentar resolver essa dúvida que ainda paira no ar.
Novidades e expectativas:
Agora trabalhando para a guilda de caçadores do posto mercantil da cidade de Elgado, o nosso caçador vai precisar provar o seu valor completando as missões de Ranque Mestre (também conhecido como G Rank nos jogos clássicos da franquia). Adentrando nessa classe de elite, o comportamento dos monstros tende a ficar muito mais agressivo e inteligente do que antes.
Para compensar o aumento geral na dificuldade, o jogador irá ganhar um novo conjunto de Switch Skills inéditas para cada uma das 14 classes de armas existentes. Através da mecânica inédita Skill Swap será possível equipar dois sets com diferentes conjuntos de Switch Skills e alternar entre eles no meio das batalhas em tempo real, oferecendo ainda mais variedade e expressividade para o combate.
Até o momento foram confirmados 14 monstros para chegar à expansão, sendo que 7 destes são espécies ou subespécies inéditas na história da franquia. Apesar disso, é praticamente certo que Sunbreak vai apresentar um número ainda maior de bichanos para enfrentar, tendo em vista que a Capcom sempre costuma guardar algumas surpresas para não spoilar os jogadores.
Além disso, dois novos habitats de caça foram anunciados. O primeiro é a The Citadel (O Forte), uma vasta região que faz fronteira com o posto de Elgado. De acordo com os trailers divulgados até agora, a Citadela parece reunir diversos tipos de habitats e estruturas, como ruínas de castelos góticos, bosques com pântanos, montanhas geladas e cavernas subterrâneas.
Por último, temos o habitat da Jungle (Selva), uma pequena ilha praiana preenchida por uma floresta tropical que floresceu acima das ruínas de uma civilização ancestral. Assim como Flooded Forest e Sandy Plains na versão base de Rise, a Jungle de Sunbreak é um “remake” de um mapa clássico da franquia que estreou originalmente em Monster Hunter Dos (PS2).
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Gostinho de esperança:
Uma das principais críticas direcionadas à Monster Hunter Rise é o nível de dificuldade bem abaixo da média do padrão previamente estabelecido na franquia. Muitos desafios do endgame podem ser derrubados sem esforço através da simples “força bruta”, deixando de lado a importância de se adaptar ao moveset do monstro, o foco na preparação de estratégias para cada confronto e a deliciosa sensação de recompensa ao conquistar um desafio que parecia impossível.Grande parte dessa facilidade se deve à introdução da mobilidade insana proporcionada pelo uso do Wirebug (Cabinseto) e seus golpes especiais de Switch Skill, o que acabou por criar um abismo de diferença entre o poder esmagador dos caçadores intocáveis e a fragilidade alarmante da maioria dos monstros.
Felizmente, Sunbreak está chegando para tentar mudar isso. Jogando a demo da expansão, já é possível perceber um pouco da mudança que o Ranque Mestre vai causar na dinâmica do jogo. Até os monstros que eram considerados “saco de pancadas”, como Aknosom e Bishaten, receberam buffs consideráveis na velocidade de seus movimentos, assim como novos golpes e sequências de combos agressivos para bater de frente com os caçadores desavisados.
Apesar da adição de novas Switch Skills e a nova esquiva com frames de invencibilidade da Skill Swap, as lutas da demo estão bem mais exigentes do que a média de dificuldade da versão base. Também não é mais tão comum presenciar os famosos momentos de “bullying” com os monstros no multiplayer, que geralmente consistiam em todos caçadores se juntando para bater de forma que a criatura tomava tanto dano que ela mal conseguia realizar ataques sem ser interrompida.
De forma surpreendente, todas as classes de armas aparentemente não sofreram com nerfs. Muito pelo contrário, elas estão mais fortes do que nunca! Os jogadores mais habilidosos de Long Sword (Espada Longa) continuam devastando tudo com seus counters mortais, a Great Sword (Espadão) ganhou uma habilidade de counter excepcional e por aí vaí. Até mesmo as armas mais “fracas” da versão base, como a Lança e a Gunlance (Lançarma) foram significativamente melhoradas para se adequar ao novo padrão de desafio. Mudança que vem sendo bastante elogiada pela comunidade de jogadores fiéis a essas classes.
Monstruosidade empolgante
Mesmo oferecendo tantas possibilidades e ferramentas defensivas para os jogadores abusarem, a demo de Sunbreak prova através da missão avançada do Malzeno, o monstro de capa da expansão, que é perfeitamente possível entregar desafios empolgantes digno dos antigos jogos. Pode ser que isso não venha a acontecer com frequência na versão final, porém a maioria dos fãs aparenta estar muito confiante do contrário após a experiência positiva com a demo.Por falar em demo, foi justamente através dela que os jogadores puderam experimentar pela primeira vez o combate contra duas novas criaturas, além de explorar o habitat da Jungle. Retornando de Generations Ultimate (Switch), a serpe Astalos, espécie de dragão que conduz eletricidade, oferece uma batalha dinâmica acentuada com um design lindo e estiloso que certamente fez falta nos últimos títulos da série.
O principal monstro que protagoniza a trama de Sunbreak, Malzeno, também deu as caras em uma missão assustadoramente difícil na demo. Baseado na lenda do Conde Drácula e a mitologia dos vampiros, esse dragão ancião esbanja agressividade e imponência em seus ataques como nenhum outro monstro até agora. O seu confronto, apesar de punitivo pela falta de tempo na demo, proporcionou uma experiência divertida e igualmente marcante. Acho até que vou demorar para esquecer o momento em que o vampirão literalmente “morbou” na minha frente pela primeira vez.
Por fim, o visual do mapa da jungle está tão belo que me fez ficar incrédulo pensando em como o Switch podia ser capaz de rodar gráficos tão lindos assim à 30 Frames por segundos de forma estável. Monster Hunter Rise foi uma maravilha técnica que conseguiu puxar o hardware do Switch até os limites e, pelo visto, a sua expansão também deve repetir esse caminho.
Também vale a pena destacar a densidade de novos detalhes, lugares e criaturas endêmicas que agora existem no habitat da Jungle. Originalmente composta por pequenas seções planas separadas por telas de loading nos jogos antigos, o remake do mapa em Sunbreak fez um excelente trabalho de adaptar o cenário para o design da nova geração. Os veteranos da franquia tem todos os motivos para se emocionar vendo a evolução desse lugar nostálgico.
Potencial de sobra
A expansão massiva Monster Hunter Rise: Sunbreak será lançada no dia 30 de junho com a promessa de adicionar uma tonelada de conteúdos e novidades refrescantes para um dos títulos mais polêmicos e divisivos da história recente de Monster Hunter. Jogadores que gostaram do jogo base estão completamente loucos aguardando pela expansão, enquanto aqueles que tiveram empecilhos com a falta de conteúdo no endgame e a dificuldade baixa estão bastante esperançosos, mesmo que com um pouco de cautela.A Capcom já anunciou que planeja suportar o título com a introdução de monstros novos, eventos e outras atualizações adicionais gratuitas até meados do ano de 2023. Dito isto, tudo indica que podemos ter aqui um dos melhores jogos de ação da atual geração em termos de potencial. Ainda alvo de muitas dúvidas, Sunbreak tem tudo que precisa para se igualar ao nível de excelência que os fãs estão esperando. Resta saber se a Capcom vai saber como entregar isso ou não.
Revisão: Cristiane Amarante