Análise: Capcom Fighting Collection (Switch) é uma coletânea focada na franquia Darkstalkers

Uma seleção com dez jogos, com cinco representantes da franquia com temática de horror da Capcom.

em 23/06/2022

A Capcom é uma das desenvolvedoras mais importantes da indústria, especialmente no campo dos games de luta. Ela praticamente definiu o formato do gênero com o lançamento de Street Fighter II: The World Warrior e não se limitou a essa franquia, criando muitos outros clássicos apreciados até os dias de hoje.

Com todo esse repertório, era mais que natural o lançamento de Capcom Fighting Collection, uma coletânea com temática de luta, reunindo dez clássicos dos arcades, dois deles nunca lançados fora do Japão e um deles inédito em consoles domésticos.

A informação mais importante de uma coletânea é saber quais são as obras que a compõem. Segue abaixo a relação de jogos presentes, com uma breve descrição de cada um.

A Coleção

Darkstalkers: The Night Warriors (1994)

A estreia desta querida, porém relativamente obscura franquia de luta com temática de horror inovou por trazer personagens inspirados em histórias de terror e criaturas folclóricas ao redor do mundo. Aqui estrearam Demitri, Morrigan, Pyron, Anakaris, Bishamon, Felicia, Huitzil, Jon Talbain, Lord Raptor, Rikuo, Sasquatch e Victor.


Cada personagem tem suas motivações para lutar no torneio Night Warriors, num universo em que a Terra está em processo de fusão com o Makai, o reino dos mortos. É o título mais sombrio da coleção, e segue a mecânica clássica dos jogos de luta da Capcom de meados da década de 1990.

Night Warriors: Darkstalkers’ Revenge (1995)

Assim como no primeiro jogo, Pyron, o senhor do submundo, retorna à Terra para conquistá-la com um exército robótico. Este título refinou consideravelmente a jogabilidade do original e introduziu os novos personagens Donovan, um dhampir, e Hsien-Ko, uma jiangshi, ambos caçadores de criaturas das trevas.




Vampire Savior: The Lord of Vampire (1997)

A terceira entrada da série conta a história de Jedah, um dos senhores do Makai, que decide dominar o reino humano e o dos demônios através da força. Seu plano consiste em reunir os Darkstalkers para então aprisionar suas almas e coletar seu poder. Lord of Vampire introduziu os personagens Jedah, Lilith, B. B. Hood e Q-Bee.

Vampire Hunter 2: Darkstalkers’ Revenge (1997)

Uma versão modificada de Vampire Savior, lançada exclusivamente nos arcades japoneses. A diferença entre esta versão e a original é que ela utiliza o mesmo elenco de Night Warriors, com a adição de Pyron, Huitzil e Donovan.




Vampire Savior 2: The Lord of Vampire (1997)

Outro título lançado exclusivamente nos arcades japoneses, também uma versão de Vampire Savior, mas com a remoção de Jon Talbain, Sasquatch e Rikuo e a adição de Pyron, Huitzil e Donovan.

Cyberbots: Fullmetal Madness (1995)

Um jogo de luta com robôs inspirado no beat ’em up Armored Warriors (Saturn/PS1) e usando as mesmas mecânicas com combinações de diferentes pilotos e robôs. Variados conjuntos de braços e pernas podem ser montados em cada máquina, alterando suas características de combate e movimentação. Cyberbots também está presente na coletânea Capcom Arcade Stadium (Multi).




Super Gem Fighter Minimix (1997)

Um jogo de luta com tom humorístico que conta com personagens em formato SD similares aos utilizados em Super Puzzle Fighter II Turbo.

Não se deixe enganar pela aparência fofinha: ele é bastante competitivo, com mecânicas únicas de combos e ataques especiais. As animações engraçadas dos combos dão ao game uma personalidade única.

Super Puzzle Fighter II Turbo (1996)

Um curioso puzzle de combinação de peças com ambientação no universo de jogos de luta da Capcom. O jogador controla peças formadas por um par de gemas, que caem em um poço vertical. Joias de mesma cor podem unir-se em pedras maiores, se posicionadas de forma adequada.

Algumas peças especiais, chamadas Crashing Gems, eliminam todas as pedras de mesma cor que estiverem conectadas, podendo formar sequências de destruição em combos, que inundam o campo do oponente com blocos chamados Counter Gems.


A graça de Super Puzzle Fighter II Turbo está nas simpáticas animações com personagens de franquias de luta da Capcom, representados em formato SD. Ao destruir peças, o personagem do jogador dá um “ataque” no oponente.

Hyper Street Fighter II: The Anniversary Edition (2003)

Uma edição especial do consagradíssimo Street Fighter II (Multi), lançada em 2003 para comemorar os quinze anos da franquia. Nessa versão, é possível selecionar qualquer modelo dos personagens de um dos cinco jogos Street Fighter II anteriormente lançados nos arcades (World Warrior, Champion Edition, Turbo, Super e Super Turbo). Os cenários seguem aqueles encontrados em Super Street Fighter II Turbo, bem como as cenas de encerramento. 


É o único game da franquia Street Fighter a constar em Capcom Fighting Collection, mas é um dos mais completos, com dezessete personagens em sessenta e cinco variações, o que compensa um pouco a ausência dos outros representantes.

Red Earth (1996)

Um excelente e subestimado jogo de luta com elementos de fantasia e RPG, que provavelmente ficou pouco conhecido por ser lançado como um exclusivo do arcade CP System III, uma máquina muito cara à sua época e ainda por cima lançada num momento em que os fliperamas estavam em declínio de popularidade. Após vinte e seis anos de esquecimento, esse jogo finalmente chega aos consoles através da Capcom Fighting Collection.

Red Earth aborda um cenário apocalíptico de uma Terra alternativa no século XIV, em uma realidade na qual não ocorreu a Renascença, ficando a humanidade presa em um estado medieval mágico/fantástico com pouca tecnologia.


O jogo destaca-se por possuir um elenco de somente quatro personagens jogáveis: Tessa, Leo, Mai Ling e Kenji. Apesar disso, o gameplay é bastante rico, com um enredo em que o personagem ganha níveis de experiência, desbloqueando habilidades e equipamentos. O desenvolvimento do guerreiro escolhido é tão importante que Red Earth fornece um sistema de senhas, que permite ao jogador continuar sua aventura aproveitando o progresso de experiências anteriores, algo bastante incomum para um arcade de luta.

Você prefere uma coleção ou um estádio?

Apesar da vasta biblioteca de jogos de luta da Capcom, vários deles não estão presentes aqui. Não há nenhum dos títulos da série Versus, nem games em 3D como Street Fighter EX ou Rival Schools, ausências que provavelmente possam ser explicadas por questões de licenciamento.

A série Street Fighter também ficou de fora, exceto por Hyper Street Fighter II. Para os entusiastas da franquia, a Capcom oferece uma coletânea dedicada, a Street Fighter 30th Anniversary Collection (Multi).

Se você está pensando em comprar Capcom Fighting Collection por causa de algum título específico, sugiro que confira também a lista de conteúdos de Capcom Arcade 2nd Stadium (Switch). Isso porque seis jogos aparecem nas duas coletâneas:
  • Darkstalkers: The Night Warriors
  • Night Warriors: Darkstalkers’ Revenge
  • Vampire Savior: The Lord of Vampire
  • Super Puzzle Fighter II Turbo
  • Super Gem Fighter Minimix
  • Hyper Street Fighter II: The Anniversary Edition
Dependendo das suas preferências, pode valer mais a pena adquirir o 2nd Stadium ao invés da Fighting Collection, já que o Stadium possui 32 títulos ao todo, de gêneros variados, enquanto a Collection possui apenas dez. Além disso, no Stadium é possível adquirir os jogos individualmente.

Por outro lado, Stadium não oferece multiplayer online, o que é uma ausência grave para quem curte jogar competitivamente. Se você quer curtir lutas com seus amigos ou outros jogadores pelo mundo, fique com a Fighting Collection.

Novos desafios

Capcom Fighting Collection apresenta um sistema próprio de conquistas, uma funcionalidade moderna que evidentemente não existia nos arcades originais. Completar os desafios acrescenta uma camada de diversão extra para o jogador.


Outro extra bacana é a galeria de colecionáveis, com uma boa quantidade de conteúdo, conforme prometido pela Capcom no trailer de anúncio. Os itens não estão distribuídos uniformemente, alguns jogos possuem mais artes do que outros. Essas artes incluem imagens conceituais, notas de desenvolvimento, adesivos das máquinas de arcade e rascunhos, bem como uma seção dedicada às trilhas sonoras.

Pancadaria na palma da mão

A interface principal de Capcom Fighting Collection é simples, limpa e funcional, com uma tela inicial que possibilita selecionar os modos online ou offline, a galeria de extras, a lista de desafios para o jogador e as opções de sistema. O modo online suporta comunicação local ou pela internet.

A tela seguinte apresenta o carrossel de seleção com a apresentação dos logotipos dos dez jogos disponíveis. A partir dessa interface, podemos selecionar a versão dos games (japonesa ou ocidental, quando disponível), se jogaremos como J1 ou J2, entrar no modo treino e configurar cada jogo individualmente.


Dentre as opções de configuração, podemos alterar a dificuldade, velocidade, quantidade de rounds para ganhar a partida, força de ataque e velocidade de cronômetro. Os controles também podem ser personalizados individualmente.

Capcom Fighting Collection oferece um sistema de salvamento rápido, que não se mostrou muito prático. Primeiro, porque fica escondido atrás de uma opção no menu de pausa, que abre uma janela para perguntar ao jogador se ele deseja gravar o save e outra janela para confirmar a execução. Em segundo lugar, porque só existe uma posição de gravação, compartilhada com todos os títulos da coleção. Se você salvar um jogo, sobrescreverá o estado de outro.

Estão disponíveis sete versões diferentes de filtros de imagem, com diversas opções de formato de tela e simulação de monitores CRT, aumentando a sensação nostálgica do arcade. Também podemos escolher molduras para completar o visual.


O desempenho dos jogos apresentou-se impecável, com jogabilidade fluida em todos os momentos, tanto no modo portátil quanto acoplado à dock. Eles podem ser jogados em multiplayer local ou online com suporte à ferramenta de rollback netcode. Infelizmente não há suporte ao crossplay, portanto você só poderá jogar com seus amigos que possuírem a versão da coletânea para Nintendo Switch.

O que é Rollback Netcode?

Essa técnica visa minimizar a sensação de latência em jogos online. A estratégia consiste em processar imediatamente as entradas de comandos no console do jogador que os executou enquanto usa um sistema de inteligência artificial para prever tais comandos no console do oponente.

Se a previsão se confirmar, os resultados são calculados normalmente. Se houver divergência entre a previsão e o que foi executado, o jogo volta rapidamente para o estado em que a última entrada válida foi registrada, daí o nome rollback.


Essa mecânica consegue deixar as partidas mais dinâmicas e reduz drasticamente travamentos e a sensação de latência em conexões com grandes diferenças de performance, mas por outro lado pode causar anomalias como movimentação truncada e personagens teleportando repentinamente.

Clube da Luta

Capcom Fighting Collection é uma boa coletânea, com uma seleção de jogos que enfatiza a franquia Darkstalkers, até então esquecida pela empresa nas coleções anteriores. Os dez títulos apresentados rodam com fluidez impecável e têm ferramentas competitivas modernas, como o rollback netcode.

Senti falta dos jogos da série Versus e dos títulos 3D, bem como de mais representantes da franquia Street Fighter, mas o conteúdo fornecido tem potencial para muitas horas de diversão, especialmente em modo multiplayer. A coleção de extras, com trilhas sonoras originais e artes, é bastante generosa, e o novo sistema de desafios confere uma camada extra de diversão.


Se você é fã das franquias Darkstalkers ou Puzzle Fighter, essa coletânea é recomendadíssima. Se prefere um pouco mais de variedade, recomendo ficar de olho em outras opções, como a Capcom Arcade 2nd Stadium.

Prós

  • Inclui dois jogos Darkstalkers inéditos no Ocidente;
  • Inclui Red Earth, nunca lançado em consoles;
  • Multiplayer online com suporte a rollback netcode para todos os jogos;
  • Galeria de extras com farto material de músicas e imagens;
  • Permite selecionar as versões japonesa ou ocidental, níveis de dificuldade e configurações individuais para cada título;
  • Interface totalmente localizada para português brasileiro.

Contras

  • Baixa quantidade de jogos;
  • Pouca variação de franquias;
  • Não possibilita multiplayer entre plataformas diferentes (crossplay).
Capcom Fighting Collection - PS4/XBO/Switch/PC - Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Capcom
Siga o Blast nas Redes Sociais

é engenheiro eletrônico e tem uma filha fofinha que tenta morder os controles do papai. Curte jogos de luta, corrida e ação.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).