Quando pensamos em DLCs, podemos imaginar uma gama de diferentes recursos. No cenário dos mobages, esses conteúdos extras podem ser vistos nos pacotes de itens que visam "auxiliar" na progressão do jogo; aqui, por exemplo, acredito ser seguro afirmar que o Feh Pass, serviço opcional de assinatura em Fire Emblem Heroes (Mobile), se enquadre na categoria. Apesar de não-obrigatório, o passe confere alguns itens obtíveis normalmente no jogo, mas seu principal atrativo são os Resplendent Heroes, skins que garantem +2 em todos os parâmetros para os personagens contemplados.
Em outros jogos, contudo, a adição de DLC nem sempre é opcional. O caso mais recente que me vem à cabeça são as expansões de Pokémon Sword/Shield (Switch), que trouxeram monstrinhos até então inéditos em Galar e, de certa forma, afetaram o cenário competitivo de Pokémon, a principal modalidade da franquia. Para aqueles que decidiram não desembolsar praticamente 50% do preço cheio dos jogos base em The Crown Tundra e Isle of Armor, isso significa estar em desvantagem nas competições online.
DLCs também são usados para dar sobrevida a jogos com certa idade no mercado, como Super Smash Bros. Ultimate (Switch), Mario Kart 8 Deluxe (Switch) e até mesmo Cuphead (Multi). Embora mais uma vez opcionais, os conteúdos sabem mirar no hype, vendendo-se como se fossem algo obrigatório — e, a depender do público-alvo, eles se tornam, infelizmente, obrigatórios. Afinal, os fãs querem ver seus jogos sempre ativos e, acima de tudo, otimizados; ou seja, qual é a graça de nunca mais poder aproveitar seus favoritos uma vez depois de completados 100%? O que é desafiar amigos para partidas em Smash Bros. ou Mario Kart quando todas as pistas e personagens já foram usados incansavelmente?
Porém, a questão toda não é o que se configura DLC ou não, até porque os bônus oferecidos pelo uso dos amiibo em diversos jogos e as distribuições via Mystery Gift (no caso de Pokémon) também são classificados como conteúdo baixável, e sim o preço que as desenvolvedoras cobram por esses serviços. Um dos pontos negativos da prática é a impossibilidade de transferir os extras: eles são baixados na Conta Nintendo do jogador e, diferentemente do jogo vendido em mídia física ou amiibo, que podem ser repassados a outras pessoas se necessário, os DLCs ficam atrelados aos dados de quem os baixou.
Ou seja, se alguém comprar um cartucho de Pokémon Sword/Shield seminovo, por exemplo, ainda assim precisará desembolsar uma quantia significativa no Expansion Pass para tirar proveito de 100% do que o jogo tem a oferecer. É diferente, portanto, de comprar um amiibo já usado, tendo em vista que o NFC do colecionável não possui limite de uso.
Mais um contra para os DLCs pode ser visto na sensação de “urgência” em alguns lançamentos. Aqui, cito o exemplo do Torchic com Speedboost distribuído por tempo limitado com as cópias físicas de Pokémon X/Y (3DS) ou até mesmo os bônus de pré-venda de Pokémon Legends: Arceus (Switch), duas práticas que estimulam a aquisição quase que instantânea de jogos — depois de passado o prazo de validade, esses adicionais passam a ficar indisponíveis.
No caso de jogos publicados pela Nintendo, o preço de DLCs pode chegar a até quase 50% do valor do jogo base e, por muitas vezes, o conteúdo oferecido é irrisório se comparado ao valor pedido por ele. Isso faz com que os jogadores vejam a prática como “abusiva” e critiquem as empresas por trás dela, alegando que esses extras poderiam ser oferecidos de forma gratuita ou até por um preço menos inflacionado.
O xis aqui não é a existência de pacotes para “tunar” os personagens, ajudar a progredir mais rápido na campanha ou adicionar missões, personagens e lugares extras para explorar, até porque obrigatórios ou não, essenciais ou não, esses conteúdos podem até atrair novos e velhos jogadores. DLCs sempre estarão presentes no nosso dia a dia e tendem a ganhar cada vez mais espaço no cenário gamer, mas, infelizmente continuarão a causar burburinho entre fãs e nas comunidades, enquanto continuarem a ser apenas uma prática abusiva que gira em torno da relação preço cobrado x conteúdo oferecido.
Cá entre nós, já estou de olho no anúncio de um inevitável Season Pass para Fire Emblem Warriors: Three Hopes...
Revisão: Janderson Silva