Análise: They Always Run traz uma eletrizante jornada espacial para o Switch

Aventure-se com Aiden, um caçador de recompensas que usa os seus três braços para capturar procurados nos confins da galáxia.

em 28/05/2022
Exibindo muita ação através de combates dinâmicos e perseguições implacáveis, They Always Run se apresenta como um platformer indie de mão-cheia. Para além de sua intensidade, o jogo se destaca com uma bela estética desenhada a mão e uma trama com diálogos cômicos e situações criativas. É uma pena que, em muitos momentos, tudo isso ocorra em um universo com uma aparente falta de polimento, representada principalmente por glitches e bugs.

Uma aventura na galáxia

A trama de They Always Run é protagonizada por Aiden, um mutante de três braços que tem uma das profissões mais interessantes de toda a galáxia: um caçador de recompensas. Isso significa que o personagem investiga os mais diferentes planetas do espaço sideral em busca de tesouros e, principalmente, bandidos que estão sendo procurados por entidades e civis.

Logo no começo da aventura, descobrimos que Aiden está caçando um alienígena apelidado Rat. Desse modo, prontamente entramos na pele do mutante, assumindo a responsabilidade de golpear incontáveis capangas, derrubar estruturas e encontrar o dito bandido. Este, por sua vez, sai correndo quando percebe que está sendo perseguido, fazendo com que protagonista enuncie a frase que justifica o título do jogo: They Always Run (“Eles sempre correm”, em português).

Em termos gerais, a premissa da aventura não foge muito disso. No comando de Aiden, recebemos pequenas missões, através de um sistema de rádio, que envolvem encontrar bandidos foragidos. Em meio a isso, algumas pequenas histórias se desenrolam no pano de fundo, contando-nos sobre as espécies de alienígenas que habitam os planetas e as peculiaridades do cotidiano espacial. 

Portanto, não temos, efetivamente, uma trama muito elaborada ou complexa em They Always Run. Todavia, há de se admitir que o contexto de se tornar um bounty hunter é uma qualidade muito divertida, dado que, a todo momento recebemos missões perigosas e excitantes. Assim, cria-se uma base na qual permitirá que o principal atributo do jogo se desenvolva plenamente, o seu frenético gameplay.

Vantagens de se ter três braços

Em um primeiro momento, até pode parecer que a escolha de se ter um protagonista com três braços seja meramente para dar traços excêntricos ao enredo. Entretanto, trata-se de uma virtude cuidadosamente pensada para projetar as características de jogabilidade da aventura. Afinal, com três braços, as ações do protagonista são potencializadas, permitindo proezas como subir escadas e golpear ao mesmo tempo, além da capacidade de atirar em três direções simultaneamente.

À vista disso, a jogatina irá se desenvolver em dois estilos de gameplay, sendo o primeiro deles o relacionado aos embates do jogo. Aqui, temos uma jogabilidade simples, mas altamente divertida, principalmente por conta dos possíveis combos e das mecânicas de habilidade através de upgrades. Derrotar capangas alienígenas se apresenta como uma tarefa bastante prazerosa, que envolve golpear e bloquear com movimentos precisos e combinações ousadas, uma vez que geralmente temos que lidar com muitos oponentes ao mesmo tempo.

Enquanto isso, o outro estilo de jogatina característico em They Always Run se dá no formato de perseguição. Como se pode imaginar, ele ocorre com bastante frequência, dado que os extraterrestres procurados costumam fugir ao nos ver. Todavia, não é preciso se desesperar: estes trechos não são muito complexos em termos de variedade de controles, pois, no geral, apenas temos que direcionar nossa corrida, acertar os saltos e deslizar. Nesse quesito, cabe dizer que o jogo também importa alguns conceitos do parkour, exibindo cenas nas quais é necessário escalar prédios com rapidez e pular entre muros distantes, por exemplo.

Portanto, seja nas batalhas ou nas perseguições, há de se reconhecer que esse título oferece muita ação do início ao fim. Com bases espaciais explodindo e prédios caindo enquanto corremos por aí, They Always Run é uma aventura eletrizante que funciona bem por ter uma jogabilidade simples, mas bastante eficaz. Para melhorar o pacote, também temos um sistema de melhorias interessante para o protagonista, além de coletáveis que se espalham pelos cenários e dão maior profundidade às explorações do jogo.

Problemas e virtudes entre os corpos celestes

A partir de sua estética, They Always Run também é capaz de evidenciar uma outra surpresa boa; ou melhor, outras várias surpresas boas. Conforme avançamos pela campanha, o jogo exibe cenários belíssimos com traços delicados que parecem feitos a mão. De maneira surpreendente, até mesmo quando temos de explorar um ferro velho de naves somos agraciados com ambiências coloridas e vibrantes. Do mesmo modo, cabe dizer que a trilha sonora é capaz de acompanhar tais qualidades, uma vez que o título está cheio de canções animadas, caracterizadas geralmente por riffs de guitarra eletrizantes.

Em contrapartida, é preciso apontar que a jornada de Aiden tem, sim, alguns detalhes que deixam a desejar, e acredito que eles possam estar, de certa forma, ligados a essa parte de apresentação da aventura. Acontece, que é muito comum de se observar pequenos glitches visuais, como o fato do personagem eventualmente caminhar de maneira inadequada por alguns instantes. De maneira similar, também pode-se observar portas que começam a abrir e fechar inesperadamente, além de outros objetos que se movem sem quaisquer explicações.

Desse modo, há uma aparente falta de polimento que facilmente causa estranhezas em alguns trechos. Para piorar, em certos estágios, os desafios são afetados por algumas destas falhas visuais, dado que elas fazem com que seja mais difícil de se performar saltos precisos nos desafios de parkour, por exemplo, na medida em que há um comprometimento na resposta dos comandos.


Porém, isso não se compara a uma outra falha mais grave que afetou minha experiência com o título. Em determinado trecho da campanha, uma cutscene exibia um personagem que misteriosamente ficava enterrado no chão e depois desaparecia da tela. Para prosseguir, era necessário que eu o levasse até minha nave, o que não era possível por causa de seu sumiço. Assim, não havia como passar desse momento, o que acarretou, praticamente, em um softlock. Foi necessário, então, esperar uma solução através de atualizações, o que acabou acontecendo após alguns dias, visto que este foi um problema que afetou outros jogadores.

Ou seja, isso significa que este trecho foi consertado e não irá incomodar novos aventureiros, mas nada indica que algo similar não possa ocorrer em outros momentos de jornadas alheias. Nota-se, assim, que a aventura conta com erros técnicos que aparentemente poderiam ser corrigidos com um maior cuidado e polimento do port que foi realizado para o Switch.

Com três armas em mãos

No fim das contas, They Always Run é um título desafiador, divertido e, sobretudo, eletrizante, com muita ação em seus combates e perseguições. Cabe dizer que a jornada não é imune a erros e falhas técnicas, como bugs e glitches, que ocorrem volta e meia, e atrapalham nossa jogatina. Mas, em termos gerais, isso não representa que o jogo não possa oferecer momentos alegres ao longo dos confins da galáxia. Afinal, temos, conosco, a companhia de Aiden, o caçador de recompensas de três braços mais descolado de todo o universo. 

Prós

  • Viver o papel de um bounty hunter sempre é excitante;
  • O enredo conta com situações inusitadas e diálogos cômicos;
  • Entre combates e perseguições, temos momentos de ação de tirar o fôlego;
  • Jogabilidade simples e divertida;
  • Estética encantadora, principalmente em termos de cenários. 

Contras

  • Falta de polimento manifestada através de glitches, como os que modificam o jeito de caminhar do protagonista e movimentam objetos aleatoriamente;
  • Embora o jogo venha recebendo correções a partir de atualizações, ele ainda aparenta estar sujeito a bugs, os quais podem, inclusive, impedir nosso progresso.
They Always Run — Switch/PS4/XBO/PC — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Plug In Digital

Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
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