Liga pra mim
Em uma tradução literal, Keitai Denjuu Telefang significa “feras telefônicas Telefang” e exprime muito bem a ideia do jogo: desbravar Denjuu, a terra dos Telefang, engajar em batalhas contra os mais diversos tipos dessas criaturinhas e fazer amizade com elas. Porém, diferentemente dos monstrinhos de bolso que eram capturados em Pokébolas, aqui registrávamos o número de telefone dos Telefang em nosso D-Shot, um celular especial que nos permitia viajar para Denjuu.
Apesar de ter uma premissa similar de Pokémon — e até pegar emprestadas algumas ideias da franquia da Game Freak — Keitai Denjuu Telefang também carregava um quê de Digimon, sobretudo a ideia de salvar um mundo digital que conhecemos acidentalmente. Talvez o principal atrativo dos jogos dos “monstrinhos mobile” era a ideia de acessar a agenda telefônica e escolher até dois Telefang para auxiliar no combate em turnos, com ordem de ataque baseada nos parâmetros das criaturinhas.
Para a época, o jogo apresentava uma jogabilidade excelente, com gráficos talvez superiores aos de Pokémon Gold/Silver/Crystal, e os Telefang eram ricos em detalhes. Eles também possuíam inúmeras formas evolutivas, divididas em três tipos diferentes (Natural, Lab e Fusion) e, assim como em Pokémon e Digimon, os habitantes de Denjuu também contavam com suas próprias tipagens, resistências e fraquezas, aumentando ainda mais a parte estratégica do game.
No Japão, Keitai Denjuu Telefang podia ser encontrado em duas versões, Power e Speed, provavelmente uma maneira que a Natsume encontrou para deixar o jogo com um apelo parecido ao de Pokémon. A franquia chegou a fazer sucesso no Japão, rendendo uma continuação para GBA, Keitai Denjuu Telefang 2, e também dois mangás, um baseado na Power Version e outro na continuação, ambos serializados na Comic BonBon, da Kodansha.
Não liga pra ele
Apesar do sucesso em terras nipônicas, Keitai Denjuu Telefang nunca viu a luz do dia no Ocidente, oficialmente falando. No mercado paralelo, contudo, o jogo foi comercializado como Pokémon Jade (Speed) e Pokémon Diamond (Power) com todo o cuidado que um bootleg poderia receber: tradução em “Engrish”, o famoso “inglês quebrado” de difícil compreensão, e diversos erros de programação que faziam com que esses falsos Pokémon apresentassem crashes e bugs, sendo praticamente injogáveis.
É bem provável que Keitai Denjuu Telefang nunca chegue ao Ocidente, mas com certeza é um jogo que vale a pena ser conhecido. Mesmo não tendo o mesmo peso de Pokémon e Digimon, monstrinhos nunca são demais, certo?
Revisão: Thais Santos