Análise: Mini Motorways (Switch) consegue ser relaxante e estimulante ao mesmo tempo

Este simulador de construção de estradas tem um clima absolutamente descompromissado e casual, mas ainda exige atenção e planejamento.

em 26/05/2022


Ainda que a esta altura já seja bem óbvio, uma das principais vantagens do Nintendo Switch que sempre merece destaque é a sua portabilidade, que, em conjunto com a tela tátil, permite que o console abrigue jogos característicos de dispositivos móveis modernos, com propostas simples e que muitas vezes fogem do apelo tradicional por superproduções grandiosas ou gameplays complexos.


Mini Motorways se encaixa perfeitamente nessa categoria. Desenvolvida pela Dinosaur Polo Club, criadora de Mini Metro, esta nova entrada, lançada originalmente para PC e Mac em 2021 e anunciada no Indie World Showcase de maio deste ano com lançamento-surpresa no mesmo dia, segue muitos dos passos do seu antecessor, se beneficiando com inteligência da natureza híbrida do Switch.

Pela estrada afora, vão os carrinhos

As duas obras de simulação da Dinosaur Polo Club compartilham muito entre si, como o harmonioso e limpo design minimalista e a temática de planejamento urbano e gerenciamento; porém, enquanto Mini Metro nos incumbe de projetar e administrar linhas de metrô, em Mini Motorway o trabalho envolve a construção e fiscalização de estradas de grandes metrópoles urbanas.




Inspiradas em mapas reais, essas cidades terão suas malhas viárias estruturadas de maneira a manter o trânsito fluindo. A missão é uma só: conectar os carros às construções de cor correspondente. Conforme novas garagens e prédios vão surgindo, a complexidade do sistema de estradas aumenta, cabendo a você fazer as adaptações necessárias para evitar congestionamentos que atrasem o fluxo e seguir atendendo às demandas. Se os veículos não chegarem a tempo aos seus destinos, o jogo acaba.

Para ajudar a montar a rede de estradas ideal, algumas ferramentas são disponibilizadas, como rotatórias, pontes, semáforos e autoestradas — além dos blocos de pavimentação, claro. Esses recursos atendem a necessidades específicas e requerem um olhar atento do jogador para saber o momento e a ocasião para utilizar cada um.

O sistema de semanas está de volta: os dias passam de acordo com o relógio interno do jogo e, a cada domingo, podemos escolher entre duas opções de pacote com mais blocos de pavimentação e/ou ferramentas. Nessas horas, é preciso analisar o estado atual do tráfego da cidade e buscar garantir a solução de possíveis problemas, como garagens isoladas por um rio ou montanha, obrigatoriamente precisando de uma ponte ou de um túnel, respectivamente, para alcançar uma construção apropriada.



O corre-corre da cidade grande, tanto carro passa, estou só

A criação de uma malha viária estável exige uma constante participação ativa. Não deixe a atmosfera relaxante, o visual agradável aos olhos e a trilha sonora suave de Mini Motorways te enganarem: você definitivamente não pode apenas conectar estradas e deixar o tempo passar. É preciso ter atenção para identificar, por exemplo, pontos em que estão começando a se formar engarrafamentos que podem atrapalhar bastante a longo prazo.

Por outro lado, não há nenhuma necessidade de entrar em pânico e encarar o ofício de planejador com uma urgência descabida, pois Mini Motorways permite que desfrutemos da tarefa no nosso próprio ritmo, fazendo, desfazendo e refazendo ruas conforme o trânsito necessitar.




Graças a um regulador de velocidade, podemos inclusive parar completamente o tempo sempre que quisermos para pensar com toda a calma no que fazer, e caso tudo esteja aparentemente sob controle, há a opção de acelerar o ritmo. Só tome cuidado para não deixar passar algumas garagens sem rumo.

Engenharias viárias malucas e rinhas de planejadores urbanos

O roteiro de Mini Motorways não tem muita variação além das formações geográficas de cada cidade e de alguns desafios alternativos sobre os quais eu vou falar mais adiante. Definitivamente seria ótimo ter um número maior de metrópoles disponíveis, mas o que temos aqui passa longe de ser tedioso ou ter uma curta duração.

A já citada combinação inusitada entre tranquilidade, desafio e competitividade é a principal responsável por garantir uma excelente jogabilidade e estender um gameplay que poderia muito bem não passar de uma única tentativa por metrópole. Somando a isso um robusto conteúdo extra, o tempo de jogo para um título com um escopo tão modesto é surpreendente.




Além das versões básicas, cada fase tem uma variedade de desafios que oferecem um conjunto de modificadores, como não poder construir estradas por cima de árvores ou começar com uma determinada quantidade de pontes e não receber mais nenhuma. Caso ainda não seja o bastante para os mais exigentes, restam os desafios diários e semanais, que fazem um rodízio de cidades com modificadores únicos.

Todos esses estágios e desafios têm rankings globais separados, inclusive os sazonais, garantindo que os mais competitivos possam se pôr à prova contra rivais do mundo todo. Por mais secundário e irrelevante que possa ser, não pude evitar sentir um pouquinho de satisfação ao ver que eu fiquei “entre os melhores x%” no ranking de uma cidade.



Planejamento bom é o que atende às necessidades de todo mundo

Mini Motorways se sai muito bem nos quesitos acessibilidade e recursos de qualidade de vida, começando pelo modo daltônico, que padroniza alguns esquemas de cores dos menus e mapas e nos dá a possibilidade de personalizar as cores dos veículos, garagens e construções que aparecem nos mapas. Temos também diferentes opções de iluminação, que incluem um modo noturno (que eu recomendo).

Uma funcionalidade que me fez abrir um largo sorriso é o salvamento automático da sua partida atual, permitindo que você continue de onde parou até no caso de um erro que force o fechamento do jogo — e digo isso por experiência própria, pois a enorme frustração de perder uma run muito promissora se transformou em um imensurável alívio de ver que eu não perdi nenhum progresso.




Fiquei positivamente surpreso ao perceber que tanto o modo portátil quanto a jogatina na TV proporcionam um gameplay igualmente funcional. Por ter experimentado o jogo primeiro na tela do próprio Switch, que faz um uso primoroso da tela tátil do console, cheguei a pensar que usar o controle para arrastar um cursor pela televisão pudesse ser maçante, mas o benefício de poder enxergar as cidades em uma tela muito maior certamente compensou a praticidade dos controles de toque.

Deixo aqui a leve ressalva da confusa navegação no menu de opções de cada cidade, que não deixa muito claro para onde o cursor vai e me fez penar um pouco em algumas ocasiões para chegar aonde eu queria. Felizmente, é algo totalmente alheio ao gameplay em si e não passa nem perto de incomodar muito.

Posso dizer que fiquei plenamente satisfeito com Mini Motorways. É divertido ver como ele consegue misturar uma ambientação pacífica e cadenciada com um quê de puzzle de gerenciamento que requer concentração e atenção dignas dos melhores engenheiros urbanos.

Prós:

  • Excelentes desafios estratégicos de construção de estradas;
  • Um harmonioso, belo e limpo design minimalista;
  • Mescla com competência um ritmo de jogo relaxante e descompromissado com a necessidade de estar atento e saber planejar suas estratégias;
  • Faz um ótimo uso da tela tátil do Switch, sem deixar de lado um gameplay igualmente funcional na TV;
  • Variedade de conteúdo com os desafios extras, diários e semanais;
  • Aquela pitada de competitividade, graças aos rankings globais.
  • Recursos de acessibilidade e qualidade de vida, como os modos daltônico e noturno, e a funcionalidade de salvar o progresso inclusive após um fechamento involuntário do jogo.

Contras:

  • A quantidade de cidades deixa a desejar;
  • A navegação pelos menus das cidades é confusa.
Mini Motorways - Switch/PC - Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Dinosaur Polo Club
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Apaixonado por jogos desde criança, principalmente pela Nintendo. Seja Indie ou AAA, os videogames vão estar sempre no meu coraçãozinho, com um espaço especial para multiplayers!
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