Xenoblade Chronicles (Wii) completa 10 anos nas Américas

Uma grande aventura dentro e fora das telas.

em 30/04/2022
Os jogos podem se tornar memoráveis por diversos motivos. Alguns possuem uma arte fantástica, outros possuem uma mecânica inventiva, uns têm personagens cativantes e há aqueles que nos pegam pela sua história envolvente. Xenoblade Chronicles, além de ser um bom jogo, também está marcado pela saga que ocorreu nos bastidores de sua produção, com um tortuoso trajeto para chegar ao Ocidente.


A própria série Xeno, que dá origem a este título, trilhou seu caminho enfrentando alguns percalços por duas grandes companhias até aportar e se estabelecer nos consoles Nintendo. Embarque neste texto para conhecer a história deste RPG que mistura aventura, fantasia e ficção científica.

Uma era de conflitos

Em tempos imemoriais, os dois gigantes Mechonis e Bionis se enfrentaram numa luta até a morte. Isso, no entanto, não significou o fim dos conflitos. A guerra perpétua continuou agora sobre os corpos desses seres ancestrais. Criaturas mecânicas conhecidas como Mechon passaram a atacar diretamente o local conhecido como Bionis, lar de várias criaturas orgânicas, incluindo humanos chamados de Homs.
Fúria de titãs
Um elemento importante na luta pela humanidade é a espada Monado, supostamente empunhada por Bionis em sua época. Shulk, um jovem cientista Homs que é o protagonista da história, descobre ser capaz de empunhar a arma durante um ataque à sua colônia. Shulk então vai aprender a controlar os poderes especiais da Monado, reunindo seus amigos para defender suas terras.

E as terras aqui vão muito além da Colônia 9, onde ele mora. O mundo de Xenoblade é gigantesco como os corpos dos antigos titãs onde ele se passa, e abriga uma variedade de seres que dão vida ao ambiente. Os mais frequentes, além dos Homs, são os pequenos e peludos Nopons, mas cada área oferece vários pequenos nichos para explorar, cada um com monstros e estruturas próprias.

Uma aventura estratégica por um mundo gigantesco

Xenoblade Chronicles é um RPG de ação que recompensa a exploração de seu vasto mundo aberto. Conhecer novas localidades implica em ganho de experiência e pontos para novas habilidades. A jornada é trilhada com um grupo composto por três personagens e recebe o auxílio de áreas chamadas de Marcos, que servem de pontos de viagem rápida, permitindo que o jogador volte para aquele local instantaneamente em qualquer momento.
Um visão do mapa apenas da Colônia 9
Existe um ciclo de dia e noite, com o horário do dia frequentemente afetando eventos, missões, força dos inimigos e itens disponíveis. Por exemplo, inimigos mais fortes geralmente aparecem de noite. O tempo flui automaticamente e o ciclo se repete aproximadamente a cada dez minutos na vida real.

Existe também uma grande quantidade de sidequests para realizar e assim conseguir dinheiro, itens e experiência. A exploração é valorizada pelos achievements internos: conforme realiza certos feitos, o jogador é recompensado com conquistas variadas. Além disso, há a Collectopedia, uma enciclopédia de itens do jogo. Quando uma certa quantidade é coletada, o jogador é recompensado com mais itens e equipamentos. Isso tudo oferece uma sensação prática de recompensa por explorar o jogo.

Porém, é preciso traçar estratégias na hora de visitar as localidades para que seja mais fácil lidar com os combates. As criaturas possuem marcadores que indicam o nível de força e o que faz elas atacarem. Um marcador vermelho, por exemplo, é mais forte do que o jogador, enquanto um olho indica “estar no campo de visão do bicho”. Dessa maneira, é possível lidar com situações mais complexas com uma boa estratégia pré-batalha.
Encontrar a posição certa traz vantagens
O combate em si acontece em tempo real, mas não funciona como um RPG de ação. O jogador controla apenas o líder da equipe, que pode ser alterado a qualquer momento fora das batalhas. Se os personagens estiverem próximos ao inimigo selecionado, os ataques básicos são executados automaticamente.

O principal recurso nas batalhas são as habilidades chamadas Arts, que variam desde ataques simples com vantagens de acordo com posicionamento (por exemplo, atrás do inimigo) a técnicas de cura ou auras que fortalecem atributos. Com essa variedade, é possível criar combos específicos. Este é um elemento que pode fazer muita diferença, especialmente se o jogador aprender as fraquezas do inimigo e usar isso a seu favor.

Batalha por trás da jogatina

O roteiro cheio de reviravoltas de Xenoblade foi escrito pelo diretor-executivo Tetsuya Takahashi. A vida real, por sua vez, também se mostrou cheia de reviravoltas para este título ser lançado.
O precursor
  A experiência de Takahashi vem de trabalhos em obras importantes como a série Final Fantasy e os clássicos de Super Nintendo Chrono Trigger e Secret of Mana. Depois de anos na Square, ele propôs um conceito para Final Fantasy VII, que acabou recebendo permissão para virar um projeto próprio. A princípio foi repensado como uma sequência para Chrono Trigger, mas tomou forma e foi lançado em 1998 como um título original chamado Xenogears (PS).

Apesar da excelente recepção ao seu projeto, atritos e insatisfações com algumas políticas internas da Square levaram Takahashi a sair da empresa e fundar seu próprio estúdio. Assim, em 1999 Tetsuya Takahashi e Hirohide Sugiura fundaram a Monolith Soft, abrigando outros ex-empregados da casa de Final Fantasy.

Graças a uma boa relação com Masaya Nakamura, fundador da Namco, a Monolith ganhou uma nova casa para trabalhar os conceitos introduzidos em Xenogears. Nos anos 2000, o estúdio lançou a série que seria a sucessora espiritual daquela história. Xenosaga ganhou títulos no PlayStation 2 e Nintendo DS, além de um anime pelo renomado estúdio Toei Animation.



Após a aposentadoria de Nakamura, a Monolith sentiu uma mudança de atmosfera dentro da Namco e, em 2007, o estúdio se tornou uma subsidiária da Nintendo, sua casa até hoje. Com liberdade para investir em ideias originais, Takahashi e sua equipe iniciaram os trabalhos de desenvolvimento de Monado: The Beginning of the World, que acabaria sendo lançado em 2010 no Japão com o nome Xenoblade Chronicles (Wii).

Nesta terceira “encarnação”, a saga Xeno já havia alcançado o sucesso e havia jogadores ansiosos por colocar as mãos no novo título. Contudo, numa época em que a trava de região ainda era uma realidade, a decisão de manter o jogo restrito ao território asiático prejudicou o acesso de muitos interessados. Nesse contexto, ocorreu a Operação Rainfall.

Donos de Wii espalhados pelo mundo iniciaram em 2011 uma campanha para que títulos exclusivos do console e que haviam sido lançados apenas no Japão fossem localizados para o Ocidente. Três RPGs, Xenoblade Chronicles, The Last Story e Pandora's Tower, eram os games que os fãs pediam e a campanha ganhou força, obrigando a Nintendo a se pronunciar.

A princípio afirmando que não havia planos para uma localização para o Ocidente, a Big N acabou publicando Xenoblade na Europa em agosto de 2011, o que deu ainda mais impulso à campanha. No fim os três títulos chegaram ao Ocidente, mas o jogo da Monolith só chegou às Américas em abril de 2012, quase dois anos após seu lançamento original e com o Wii U já anunciado.

Antes tarde do que nunca



10 anos depois de seu lançamento em território americano, é inegável que a luta dos fãs valeu a pena. Com um sistema de combate inventivo, um mundo atraente e com belos cenários que valem a ser explorados, um roteiro bem escrito e nota 92 no Metacritic, Xenoblade Chronicles é um dos melhores RPGs já lançados. Se você por algum motivo não pode experimentá-lo no Wii, desde 2020 o jogo está disponível em sua versão definitiva com melhorias e um epílogo extra no Switch.

Revisão: Cristiane Amarante

Siga o Blast nas Redes Sociais

Nascido no mesmo dia que Manoel Bandeira (mas com alguns anos de distância), perdido em Angra dos Reis (dos pobres e dos bobos da corte também), sob a influência da MPB, do rock e de coisas esquisitas como a Björk. Professor de história, acostumado a estar à margem de tudo e de todos por ser fora de moda. Gamer velho de guerra, comecei no Atari e até hoje não largo os mascotes - antes rivais - Mario e Sonic.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).