Triangle Strategy (Switch): Dicas para tática e exploração

Confira algumas dicas para se tornar um excelente enxadrista no mais novo RPG tático da Square Enix.

em 11/03/2022



Como complemento à minha futura análise de Triangle Strategy, desenvolvido e publicado pela Square Enix, este artigo abordará a parte mecânica desse título em seus três níveis de gameplay: interação de diálogo, exploração e batalhas de RPG tático. A ideia é não só descrever quais mecânicas existem no jogo e como são implementadas, mas também fornecer algumas dicas e truques para quem queira aproveitá-las no decorrer da sua jogatina.


Em Triangle Strategy, sempre que o jogador inicia um capítulo, esses três níveis de gameplay são implementados seguindo uma fórmula bastante consistente que mescla exploração e combate. O momento de exploração consiste basicamente em andar livremente por um pequeno cenário novo (normalmente um pedaço de uma cidade), onde o jogador encontrará itens escondidos e NPCs, sendo possível interagir com caixas de texto, e em alguns casos, podendo haver opções de diálogo.

Quando o jogador estiver satisfeito, basta clicar em “end exploration” (terminar exploração) e prosseguir a história com narrador e atuação de personagens até eventualmente terminar em uma batalha tática, podendo também ter momentos de votação entre os membros do grupo para decidir sobre o rumo da história.

Não ignore diálogos e momentos de exploração

Uma parte fundamental em RPGs se encontra fora dos campos de batalha, se fazendo presente na exploração, uma dinâmica de game design que esse gênero tem em comum com os jogos de aventura desde a origem de ambos, pois foram inspirados pelo clássico RPG de mesa Dungeons & Dragons, de 1974. A Exploração está presente nesses gêneros desde sempre, e não poderia ser diferente em Triangle Strategy.

Acontece que o conceito de exploração é muito amplo, havendo muitas aplicações de exploração em RPGs e jogos de aventura, e Triangle Strategy usa dois artifícios básicos nesse sentido: coleta de itens escondidos e conversas com NPCs em cenários pequenos e bem delimitados. Por essa razão, pode parecer que se trata de um recurso negligenciável durante o jogo, mas isso é um erro. Explorar nesse jogo é importantíssimo para a evolução dos personagens na narrativa e no gameplay.

Do ponto de vista da evolução dos personagens no gameplay, é importante explorar os itens escondidos na cidade, pois eles geralmente consistem em um montante de dinheiro, de consumíveis ou de recursos como pedra e ferro, com os quais se pode aprimorar os equipamentos dos personagens da party. A qualquer momento fora da batalha o jogador pode ir a um acampamento, onde é possível usar dinheiro e recursos para comprar ou aprimorar equipamentos. E os consumíveis podem ser úteis também para algumas batalhas mais difíceis, muito embora este jogo seja, na verdade, um TRPG bastante fácil e amigável para novatos no gênero. Por isso, lembre-se de girar a câmera em 3D e fique de olho em brilhos discretos pelo cenário (tomando cuidado para não se confundir com o brilho de chamas ou do reflexo da água).


Por sua vez, do ponto de vista da narrativa, é importante conversar com os NPCs a fim de entender o que está acontecendo no contexto social em questão, e tomar como base para suas escolhas morais e políticas. Além disso, esse artifício serve também para que o jogador possa obter informações úteis para persuadir membros do seu grupo.

Em alguns momentos da trama, haverá votações para o grupo decidir fazer uma ação, momentos esses que ramificam a história. Se você quer que o seu grupo vote majoritariamente a favor de uma ação X em vez de Y, será útil que você tenha informações que poderão ser utilizadas para persuadi-los em diálogo. Fique atento especialmente aos NPCs com um símbolo verde de exclamação sobre suas cabeças e, durante os momentos de persuasão, aproveite as opções de diálogo desbloqueáveis (com ícone de cadeado).



Prepare-se bem antes das batalhas

RPGs táticos ou TRPGs basicamente mesclam mecânicas de estratégia tática (estratégia militar por turnos em cenários de pequena escala) com mecânicas de RPG, tais como de evolução de level de personagens, sistema de classes, aprimoramento de equipamentos, uso de habilidades individuais e gerenciamento de equipamentos e consumíveis. Todas essas coisas estão presentes em Triangle Strategy, e algumas dicas podem ser bastante úteis para aproveitar os elementos de RPG em favor da sua tática em batalha.

A primeira dica está na escalação e na formação do time. Assim como no futebol, essas duas coisas podem ser decisivas para decidir o resultado do jogo que se seguirá. Frequentemente, há muitos personagens disponíveis para o jogador, mas nem sempre poderão ser todos simultaneamente escaláveis para um combate, pois isso dependerá do limite de unidades naquela batalha. Então, quais escolher? Para além da “recomendação” de alguns personagens que o próprio jogo indica, tal escolha dependerá principalmente de quatro fatores, na seguinte ordem de importância: harmonia do time, estado de evolução do personagem, topologia do cenário e tipos de inimigos.

O fator mais importante é o equilíbrio entre os personagens. Como cada um possui uma classe fixa em Triangle Strategy, é importante escolher classes que se complementam, como um arqueiro para atacar à longa distância; um escudeiro para bloquear o avanço dos inimigos ou empurrá-los; um piromante para feri-los com ataque mágico em área; alguém para curar seus personagens, e um ladrão para atacar um alvo estratégico desprevenido. Evite utilizar muitas classes semelhantes e priorize diversificar unidades à curta, média e longa distância, bem como de ataque físico e mágico, e no mínimo uma unidade de suporte. Complementarmente, procure utilizar personagens do nível recomendado para a batalha.




Quanto ao cenário, após os primeiros capítulos estará disponível a opção de “overview” (panorama), para poder ver o campo de batalha antes de entrar nele. Faça isso sempre e observe os obstáculos e elevações do cenário. Pode ser útil priorizar cavalaria para avançar rápido até um certo local, unidades fortes para derrubar barricadas ou arqueiros e outras classes que podem se beneficiar ao atacar inimigos estando em um local alto e seguro.

Ademais, use o mecanismo de fazer simulações com os inimigos. Vários deles possuem pontos fracos claros, Se há muitos arqueiros ou magos, por exemplo, unidades rápidas de ataque físico são as mais recomendadas. Porém, essa é só uma dica complementar, pois não há como saber se entrarão ou não mais inimigos no meio da batalha. Uma última dica complementar é da posição das unidades para iniciar a partida. Geralmente isso não é algo tão decisivo, já que as opções não são muitas, mas procure manter unidades com maior defesa física na frente, com menor defesa em geral atrás, e com maior defesa mágica entre elas.

O xadrez de Triangle Strategy

Por fim, chegamos ao coração de Triangle Strategy: as batalhas por turno, tanto em sentido temporal (de RPGs tradicionais) quanto em sentido espacial (de jogos de estratégia tática). Todos os elementos que citamos de RPG, e outros mais, além do cenário em si, influem para uma boa tática de batalha. Comecemos pelos elementos de RPG, no que eu acho que, tal qual em um jogo de xadrez, vale destacar sobretudo o uso de classes e suas habilidades específicas em relação à dinâmica de posicionamento do grupo em batalha.

Procure usar os pontos fortes de suas classes contra os pontos fracos das classes adversárias. Darei apenas dois exemplos, mas sugiro que experimente com as demais classes para aprender sobre suas vantagens e desvantagens. No caso do ladrão, este possui a habilidade de ficar invisível por dois turnos, mas sua posição será revelada quando atacar. Ao atacar, poderá fazê-lo duas vezes, devido à sua agilidade. Minha dica é: tome cuidado para não ser revelado no meio de muitos inimigos, e use a invisibilidade para chegar em alvos estratégicos, pelas costas (o que lhe concederá bônus de dano), e ataque-os com veneno; depois de envenenados, com ataque comum.

Já no caso do cavaleiro, além de se movimentar rapidamente, este possui habilidades de ataque com lança que alcançam inimigos a duas ou mais células/quadrados de distância, podendo às vezes dar dano em área em direção horizontal ou vertical, e até atravessar os alvos, percorrendo as células de ataque e parando na última célula. Minha dica é usá-lo para atravessar obstáculos, como barricadas, que são muito resistentes — levando alguns turnos para quebrar —, mas convém tomar cuidado para não ser cercado pelos inimigos. Salvo exceções, como para avançar rapidamente em cima de uma mago sozinho, procure deixá-lo nem muito na frente nem muito atrás, mas no centro do seu grupo, para que possa alcançar, em seu turno, posições estratégicas por todos os ângulos e atacar vários inimigos de uma vez ou inimigos que estão com alguém ou algo na frente, bloqueando um ataque direto.


Passemos agora aos comentários de uso do cenário. Os campos de batalha de Triangle Strategy não são grandes como os de Fire Emblem, e nem costumam ter muitos objetos interativos, como balistas, armadilhas ou pontos de cura. Seguindo a tradição dos RPGs táticos da Square Enix, existem cenários menores e com menos objetos, mas com variáveis topológicas, o que inclui elevações como escadarias, colinas, telhados, torres etc. Esses elementos podem ser usados para proteger unidades atrás de construções ou em cima de torres, e utilizar pontos elevados para posicionar personagens de ataque à longa distância.

Outra coisa a se notar é o fato de os turnos dos personagens serem alternados em uma timeline oculta. Você não move todas suas unidades seguido da vez do oponente, mas há uma alternância entre jogadas suas e dele, a depender da classe e dos equipamentos. Use isso a seu favor para ocupar locais estratégicos do cenário rapidamente com suas unidades que agem primeiro. Não fique apenas retraído em defesa, pois isso pode fazer você perder tempo (turnos) e espaço (pontos estratégicos no cenário), elementos vitais para uma boa performance de batalha em um jogo tático. Vá atrás daqueles movimentos que dão mais pontos no final. Por exemplo:



Dicas extras

Muito bem, essas foram as minhas dicas sobre o jogo. Acredito que elas poderão ajudar sobremaneira a avançar na história, embora, como já dito, não se trata de um RPG tático difícil. Pelo contrário, é bastante acessível, provavelmente um dos melhores TRPGs para novatos, sejam pelas facilidades ou porque também é um ótimo jogo em outros aspectos (mas para isso você terá que esperar nossa review). Por fim, vou deixar umas “dicas extras” de ações que não são obrigatórias no jogo, mas que podem ajudar você, dependendo da situação:
  • A qualquer momento você pode ir até o acampamento e upar seu time. Faça isso para alcançar o level recomendado para a próxima fase com seus personagens, caso esteja difícil, e não esqueça de promover as classes (assim como em Fire Emblem);
  • Salve o estado do seu jogo em slots diferentes após votações, pois você pode querer retornar para ver o que acontece de diferente na narrativa;
  • Procure ver os eventos paralelos (com marcação verde) no mapa-mundi antes de entrar em uma missão principal (com marcação vermelha). Isso ajudará na compreensão da intenção dos personagens na história;
  • Sempre recrute personagens opcionais para o grupo quando houver opção, o que será indicado no canto inferior direito da tela (enquanto no mapa-mundi).
  • Priorize as classes indicadas como “Recomended” em cada partida.
Revisão: Janderson Silva

Doutorando em Filosofia que passa seu tempo livre com piano, livros, PC e portáteis. No Twitter, também é conhecido como Vivi. Interessa-se especialmente por narrativas de ficção científica, realismo mágico e alta fantasia política, e aprecia mecânicas de puzzle, stealth, estratégia e RPG. Seu histórico de análises pode ser conferido no OpenCritic e suas reflexões sobre RPG e game design encontram-se na SUPERJUMP (textos em inglês), bem como no Podcast do Vivi e em seu canal no YouTube.
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