Cansado de atirar em soldados, monstros, zumbis ou alienígenas? Que tal variar um pouco e substituir os inimigos tradicionais de FPS por lindas garotas apaixonadas? Gal Gun: Double Peace é um rail shooter ecchi single player com uma premissa tão original quanto ousada: derrotar uma horda de colegiais frenéticas nocauteando-as com tiros de feromônio, enquanto você luta pelo seu verdadeiro amor!
É o amor que mexe com minha cabeça e me deixa assim
A história de Gal Gun: Double Peace acontece na fictícia Sakurachi Academy, na qual Ekoro, uma cupido novata, tem como missão atingir o estudante Houdai Kudoki com um tiro que aumentaria sua atratividade com as garotas. Porém, Ekoro é distraída por uma demônia em treinamento chamada Kurona (que participou de Gunvolt Chronicles: Luminous Avenger iX 2 (Switch) como uma personagem de DLC), que tem o mesmo garoto como alvo.Com a distração, Ekoro atinge Houdai com um tiro trinta e duas vezes mais forte do que deveria, transformando o rapaz, que até então era impopular com as mulheres, em uma pessoa irresistivelmente atraente, fazendo com que todas fiquem perdidamente apaixonadas por ele.
Isso é uma boa notícia para Houdai, certo? Não exatamente! A overdose de atração tem efeitos colaterais, e caso ele não se declare para seu verdadeiro amor até o pôr do sol, o efeito será revertido e ele será odiado por todos, até mesmo animais e outros homens.
Declarar-se para seu verdadeiro amor não é uma tarefa exatamente fácil quando hordas de garotas se arremessam em você. Além disso, Kurona usará seus poderes demoníacos para afetar as meninas, fazendo com que tenham tendência a amar Houdai de forma abusiva.
Nem todas foram afetadas pela maldição, entretanto. As irmãs Shinobu e Maya, amigas de infância do garoto, são imunes aos encantos da superatração por pertencerem a uma família de caçadores de demônios. Elas o ajudarão a combater Kurona e, quem sabe, encontrar o amor verdadeiro.
Double Peace é uma continuação do primeiro Gal Gun, lançado originalmente em 2011 para Xbox 360. As mecânicas dos títulos são similares e não é necessário nenhum conhecimento do jogo anterior para curtir esta sequência.
Tiros que só matam de amor
Double Peace segue uma mecânica bem simples de rail shooter, em que o jogador controla apenas a mira dos disparos, com movimentação do personagem automática e pré-definida. Em alguns pontos é possível mudar a direção para onde estamos olhando, usando o D-Pad.
Houdai é atacado por ondas de garotas, que tentam agarrá-lo, entregar cartinhas ou gritar confissões de amor. Todas essas ações causam dano à barra de vida do jogador, e para evitá-las é necessário nocautear suas colegas com tiros de feromônio. Esses tiros as deixarão em êxtase, interrompendo seus ataques.
Cada estudante possui um ponto fraco, que pode estar em uma das quatro áreas disponíveis para atingir: cabeça, peito, cintura ou pernas. Atingi-la no ponto fraco a nocauteará instantaneamente.
Além dos tiros de feromônio, é possível invocar o Doki-Doki Mode, um modo especial em que as oponentes podem ser atacadas de forma mais direta, com o jogador tocando em suas partes sensíveis. O Doki-Doki (que é a onomatopéia japonesa para descrever batidas do coração) proporciona um grande aumento na pontuação, além de ser o único momento em que a tela sensível ao toque do Switch pode ser utilizada para atacar.
Com quem será?
A cada estágio completado, o jogador ganha moedas, que podem ser gastas com a simpática Aoi, que trabalha na loja da academia para juntar dinheiro para a sua banda LOVEHEARTS. Nessa loja é possível comprar itens que aumentam sua energia, dão maior resistência a ataques ou liberam novas poses no Doki-Doki Mode. Você também pode doar diretamente dinheiro para a banda de Aoi.
Algumas transições de estágio oferecem cenas em estilo visual novel, em que podemos escolher frases para interações com as meninas, o que pode intensificar ou esfriar seu relacionamento. Outras contêm ações especiais em situações hilárias, como ajudar Maya a se desprender de uma armadilha adesiva ou ajudar Shinobu a sair de uma janela. Essas situações são resolvidas com minigames absurdos e recheados de fanservice.
Durante a campanha, o jogador tomará decisões que influenciarão com qual garota ele terminará a campanha. Existem finais possíveis com Shinobu, Maya, ambas, Ekoro, Kurona e até mesmo a garota da loja!
Apesar do contexto geral, não existem cenas de nudez ou de “maiores intimidades” com as personagens. O máximo que acontece é ver um relance de lingerie, efeitos de transparência nas roupas e meninas soltando gritinhos. Gal Gun tende muito mais para o lado cômico do que para o erótico.
Ficha completa
Double Peace possui uma quantidade enorme de conteúdo, e a versão para Switch já vem com todos os DLCs e opções de guarda-roupa desbloqueados. Nele, podemos apreciar as personagens em diversos trajes.
Algo que achei bastante positivo foi o cuidado que a desenvolvedora teve para com as NPCs. São mais de setenta personagens, cada uma com aparência e voz próprias, além de uma ficha individual com nome e sobrenome, data de aniversário, tipo sanguíneo, altura, medidas, pontos fracos, pontos fortes e atividades favoritas. Quanto mais você joga, mais aprende sobre cada uma delas, especialmente seus pontos fracos e como nocauteá-las com um único tiro.
A campanha do jogo é bem curtinha, podendo ser terminada em cerca de quatro horas. Como existem múltiplas rotas e finais, além de uma grande quantidade de coletáveis, há bastante incentivo a rejogá-lo múltiplas vezes.
Aaaaa não me toque!!
A versão de Gal Gun: Double Peace para Switch é um port do PS Vita e do PS4, e infelizmente ela herdou o sistema de mira desses consoles. Não é possível tocar na tela ou usar o sensor giroscópico para fazer a mira dos tiros: o jogador movimenta um crosshair controlado pelo analógico esquerdo, não aproveitando recursos do console da Nintendo que tornariam a jogatina bem mais interessante.
Por outro lado, durante as cenas de ação Doki-Doki é possível usar a tela sensível ao toque para interagir com as garotas, o que é bem intuitivo e faz muito sentido no gameplay. Se você estiver jogando no modo TV, essa ação é controlada segurando o botão R e o analógico direito. Por essa razão, Gal Gun é muito mais divertido quando jogado no modo portátil.
Infelizmente, como jogo de tiro, Gal Gun não é grande coisa. A mira é ruim de controlar, os carregamentos são demorados e a jogabilidade fica repetitiva após um tempo. Seu verdadeiro chamariz está na ambientação provocante e nas situações engraçadas e absurdas que aparecem no roteiro.
Eu quero você como eu quero!
Gal Gun: Double Peace é um shooter com uma premissa curiosa, que oferece a fantasia de um mundo em que todas as garotas se apaixonam loucamente pelo jogador. Como jogo de tiro em si, ele não é particularmente grandioso ou inovador, mas a temática hilária e o fanservice assumido, cheio de humor pastelão e situações malucas, além da grande quantidade de conteúdo, fazem com que este seja um título interessante para quem quiser jogar um FPS fora do convencional com uma pegada mais “apimentada”.
Prós
- Ambientação divertida, com fanservice assumido e situações absurdas engraçadas;
- Personagens bonitas e interessantes;
- As NPCs não são genéricas, cada uma possui características únicas e detalhadas;
- Múltiplos finais, dependendo da preferência romântica do jogador;
- Ótimo fator de rejogabilidade devido aos colecionáveis e diversas opções de rota.
Contras
- Não permite a mira com o sensor de movimento ou a tela sensível ao toque do Switch;
- Jogabilidade repetitiva.
Gal Gun: Double Peace - Switch/PS4/PS Vita - Nota: 7.0Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela PQube