De volta a Inaba
Após os eventos de Persona 4, o protagonista (aqui chamado de Yu Narukami) saiu da cidadezinha de Inaba. Porém, Persona 4 Arena Ultimax mostra que pouco tempo depois ele decide revisitar os amigos. Infelizmente, o que era para ser um reencontro feliz acaba se mostrando o início de um novo conflito inesperado. O Midnight Channel, que deveria ter sido totalmente desativado, anuncia um torneio de luta.
Agora o protagonista e seus amigos terão que investigar o que está acontecendo. Porém, eles não são os únicos envolvidos nessa confusão, com vários personagens de Persona 3 também se envolvendo na história. Vale ainda destacar que a história apresenta dois novos personagens: Labrys, uma arma Anti-Shadow, e o misterioso Sho Minazuki.
A obra utiliza um formato de visual novel para apresentar a narrativa com uma caixa de diálogo similar à de Persona 4. A trama é um tanto longa e discute elementos relevantes das histórias dos RPGs, em particular sendo bem-desenvolvido o aspecto de criação das armas Anti-Shadow, com uma história emocionante do passado de Labrys.
Porém, algumas decisões de roteiro fazem os personagens agir de uma forma que parece simplificar demais e até contradizer o que já havia sido estabelecido nos jogos-base. Como fã da série, foi o suficiente para me causar um pouco de estranheza, apesar de eu adorar o elenco.
A arena da meia-noite
Em termos dos combates, Persona 4 Arena Ultimax faz um esforço claro em se apropriar do universo dos RPGs da série original. Em particular, chama a atenção o sistema de Personas, que permite invocar as criaturas durante a luta. Na prática, isso funciona como um golpe simples, mas com um risco particular: eles também podem receber ataques.
Ao tomar dano, a Persona irá perder uma carta de sua barra de invocações. Ao ficar sem cartas, o jogador não poderá usar mais os poderes desse aliado até recuperar a barra toda. Essa vulnerabilidade é um fator interessante de se explorar durante o combate.
Além disso, cada personagem tem áreas de ataque e habilidades bastante diferentes. Por exemplo: Yu Narukami pode usar magias de eletricidade (a família Zio) com o seu Persona, sendo possível deixar o inimigo em choque, o que bloqueia opções de movimento. Já Mitsuru pode congelar os adversários com seus golpes da família Bufu. Yukari é uma personagem mais adequada para ataques à distância, enquanto Chie é uma lutadora de estilo rushdown com muitos golpes de curto alcance. Vários outros membros do elenco também possuem seus próprios estilos que encaixam com a personalidade de cada um e se aproveitam da base de habilidades dos jogos de onde vieram.
É importante frisar que os movimentos e combos podem ser um tanto complexos para quem nunca jogou um jogo de luta antes. Mesmo havendo um combo simples baseado em apenas repetir o ataque mais fraco até ativar o especial, outros golpes como as habilidades de Persona têm um timing próprio, não tendo uma transição ágil de um para outro.
Felizmente, Persona 4 Arena Ultimax conta com tutoriais bastante detalhados. Eles cobrem todos os aspectos necessários para jogar com os personagens, indo desde a movimentação mais básica até os golpes de cada um. Aproveitando-se deles, é possível acelerar bastante o aprendizado, e a partir daí é questão de dedicação para perceber o timing dos combos mais avançados.
Além desses tutoriais, o título possui vários outros modos. Como esperado do gênero, é possível jogar online contra outras pessoas, o que, no caso do Switch, depende de uma conta do Switch Online. Também é possível jogar em versus local ou em partidas rápidas contra a CPU.
Há também os tradicionais Arcade, que apresenta uma sequência de lutas como nas cabines de arcade sem a extensa narrativa; e Score Attack, focado em competir por pontuação. Porém, o que mais chama atenção é o Golden Arena, que funciona de forma similar ao Abyss Mode da franquia Blazblue.
Importando conceitos de RPG, esse modo força o jogador a participar de várias batalhas consecutivas. A cada luta, o personagem escolhido irá ganhar experiência, sendo possível aumentar seus parâmetros de força, magia, resistência, agilidade e sorte ao subir de nível.
Novas habilidades passivas também são desbloqueadas, sendo necessário escolher apenas quatro delas para auxiliar no combate. Junta-se a isso a escolha de um parceiro, cuja habilidade individual pode curar o personagem, alterar seus parâmetros ou proteger o jogador contra efeitos especiais, como charme. O resultado é um modo viciante que adiciona mais elementos estratégicos ao combate.
No mais, também vale destacar que a trilha sonora inclui faixas de Persona 3 e 4, além de músicas originais que seguem à risca o estilo desses jogos. Como a ambiência sonora é um dos grandes charmes da franquia, a escolha de aproveitá-las no jogo é fantástica. Isso ajuda também a fazer com que os trechos de história remetam fortemente à experiência dos originais.
Um jogo de luta feito com muito esmero
Para fãs da franquia que gostariam de revisitar os universos de Persona 3 e 4 de uma forma diferente, Persona 4 Arena Ultimax é uma excelente pedida. Além de adaptar com bastante esmero elementos dos RPGs que deram origem a ele, trata-se de um jogo de luta de alta qualidade, e mesmo quem não conhece a série e quer apenas um novo título do gênero irá apreciá-lo.Prós
- Personagens bastante diferentes entre si;
- O sistema de Personas adiciona um interessante elemento de risco ao combate;
- Boa variedade de modos, incluindo um modo Golden Arena que explora elementos de RPG;
- Tutoriais bastante detalhados, cobrindo desde a movimentação mais básica até os golpes especiais de cada um;
- Além de faixas originais no espírito da franquia, a trilha sonora inclui várias músicas de Persona 3 e Persona 4.
Contras
- Alguns movimentos e combos podem ser complexos para novatos do gênero;
- Ocasionalmente, os personagens parecem agir de forma atípica ou exagerada quando comparados às obras originais.
Persona 4 Arena Ultimax — Switch/PC/PS4 — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Sega