Análise: COGEN: Sword of Rewind (Switch) é mais um ótimo platformer sádico na biblioteca do console

O que não te mata te deixa mais forte — ou te mata te novo.

em 12/03/2022
cogen sword of rewind switch
Gosto de jogos de plataforma desde que me entendo por gente e, estranhamente, quanto mais difícil e desafiador um platformer parecer ser, mais atraída por ele me sinto. Foi assim com Prinny 1•2: Exploded and ReloadedBloodRayne Betrayal: Fresh Bites e, recentemente, COGEN: Sword of Rewind, título desenvolvido pela Gemdrops e que está longe de ser "mais um clone de Mega Man”.

Pane no sistema

A história começa quando a protagonista, Kohaku Otori, acorda em Cogen City, apenas para descobrir que sua cidade-natal está em ruínas. Não bastasse isso, ela ainda encontra uma espada com inteligência artificial, ExeBreaker, que garante que a garota supere os obstáculos em seu caminho, além de conferir a ela o poder de voltar até três segundos no tempo e sobreviver a um golpe fatal.

Kohaku e EB, como ela apelida tal espada, logo percebem que tem algo muito errado acontecendo em Cogen. Robôs estão fora de controle e atacam a protagonista sem dó nem piedade, tratando-a como uma anomalia no sistema. Para descobrir o que de fato está alterando as máquinas dessa cidade tecnológica, Kohaku precisa se reencontrar com seu pai, o cientista Yuji Otori, e colocar um fim no que EB chama de "simulação" — uma tarefa que está longe de ser tranquila.

cogen sword of rewind switch

Prepare a paciência

Ser fã de jogos "sádicos" não significa que eu seja boa neles. Assim como em BloodRayne, tentativa e erro são os carros-chefes da jogabilidade em COGEN — em outras palavras, a grande sacada aqui é morrer, voltar no tempo e morrer de novo até entender como lidar com aquela seção de plataforma tortuosa ou aprender os padrões de ataque dos chefes.

A curva de dificuldade cresce de maneira exponencial, assim como o ritmo da ação, compondo uma jogabilidade frenética e passível de erros a cada milissegundo. Curiosamente, existe aquela sensação de alívio ao chegar a um checkpoint ou derrotar aquele chefe que insistia em nos aniquilar mais de 100 vezes.

Além disso, diferentemente de Gunvolt e do próprio Mega Man, Kohaku só consegue desferir ataques básicos nos inimigos. Claro, a heroína também pode realizar pulos duplos, dashes e esquivas, além da já citada possibilidade de voltar no tempo. No fim das contas, podemos tratar COGEN como o típico "morreu, já era", porque nem sempre três segundos são o suficiente para consertarmos um pequeno erro de cálculo durante um pulo.

Design impecável em todos os sentidos

Conforme mencionei, o level design do jogo pode parecer injusto devido à sua desproporcional curva de dificuldade, mas não significa que ele seja ruim — pelo contrário: apesar de curta em termos de duração, a aventura de Kohaku apresenta praticamente todos os elementos que um platformer que se preze tenha, de seções de pulos ininterruptos a uma corrida contra o tempo para não ser carbonizado por lava fumegante.

COGEN também conta com um sistema de conquistas para os tryhards de plantão. Quando um estágio é concluído, ele pode ser desafiado novamente quantas vezes forem necessárias, seja para encontrar segredos escondidos ou simplesmente tentar obter ranque S nele.

cogen sword of rewind switch
Por falar em ranques, cada fase tem um tempo sugerido para ser concluída e uma quantidade de mortes proporcional ao seu desafio. Isso não quer dizer que estourar esses limites implique em game over, mas afeta significativamente a pontuação final. 

Por mais que o jogo pareça ter mais pontos negativos que positivos, já deixo avisado que é a dificuldade que o torna tão (estranhamente) incrível. Somada à jogabilidade desafiadora, está a apresentação audiovisual, com CGs belíssimas, sprites em pixel art, trilha sonora condizente com cada estágio e, ainda por cima, dublagem integral em japonês.

cogen sword of rewind switch

COGEN também conta com a possibilidade de configurar controles e possui opções de acessibilidade para jogadores daltônicos. Infelizmente, o idioma da interface está atrelado ao do console; ou seja, para jogar com textos em português, o Switch deve estar configurado no idioma.

A única — e principal — ressalva que tenho a fazer em relação à jogabilidade é a dificuldade de realizar comandos tão precisos e frenéticos nos Joy-Con, sem mencionar a fragilidade de seus botões. Por isso, minha recomendação é jogar no modo TV (ou retrato) com um controle confortável que seja compatível com o Switch, mas em termos de gráficos e performance no geral, tanto na dock quanto fora dela COGEN traz uma experiência incrível.

Reiniciando o sistema

COGEN: Sword of Rewind não é um platformer para jogadores casuais, mas com certeza traz um excelente apelo a quem gosta de se sentir desafiado a cada segundo. A história, apesar de simples, instiga a curiosidade, e a jogabilidade é sólida o suficiente para fazer valer cada momento de paciência perdida durante a campanha de Kohaku, com destaque para sua belíssima apresentação audiovisual.

O fator de rejogabilidade conferido pelas conquistas é um prato cheio para fãs de desafios, e certamente jogadores old school sentirão toda a dor e o prazer de mais um título que faz jus à lista dos games mais sádicos até hoje, junto com os clássicos imortais The Prince of Persia e The Lion King.

Prós

  • Jogabilidade frenética, fluida e completa em termos de platformers;
  • Excelente apresentação audiovisual, com destaque para a dublagem integral em japonês;
  • Possibilidade de configurar os controles;
  • Opção de esquemas de cores diferenciados para contemplar jogadores daltônicos;
  • Fator de rejogabilidade presente com o sistema de conquistas;
  • Dificuldade similar à de clássicos imortais, como The Prince of Persia e The Lion King.

Contras

  • Jogatina fortemente baseada em tentativa e erro, desaconselhável a jogadores extremamente casuais;
  • O idioma da interface está atrelado ao do console;
  • História pouco desenvolvida, apesar de instigante;
  • Pouco aproveitado no modo portátil do Switch, dada a complexidade dos controles.
COGEN: Sword of Rewind — PC/PS5/PS4/XBX/XBO/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Gemdrops

Também conhecida como Lilac, é fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas. Icon por 0range0ceans
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.