A Nintendo sempre impulsionou o Switch para ser uma plataforma versátil voltada para a função de jogar em qualquer lugar, com foco na experiência da gameplay mais do que sua potência técnica. Com o surgimento da tecnologia do streaming de jogos, a empresa japonesa viu uma oportunidade de trazer títulos AAA de peso para seu pequeno híbrido sem comprometer o hardware. Entretanto, alguns contrapontos impedem que essa ideia, até então genial, seja completamente implementada.
Mas como funciona?
Basicamente, o sistema de streaming de jogos funciona da seguinte maneira: o usuário tem acesso ao jogo, que está completamente na nuvem. Ao jogar, a imagem que vemos é uma transmissão, ou seja, o jogo não está de fato usando as capacidade de hardware da máquina para jogar.
Isso acontece porque servidores estratégicos enviam o sinal do game original para o Switch. No caso, o jogo de fato está rodando em uma máquina mais robusta, o usuário apenas recebe o streaming dela, podendo jogar normalmente como se fosse seu próprio console que estivesse fazendo o trabalho. Mas, como esse processo requer uma série de fatores para funcionar, como a localização dos servidores e a conexão pessoal, nem tudo são flores.
O bom, o feio e o mal do Cloud Gaming
De fato, poder jogar grandes jogos que não rodam nativamente no Switch, como Control (Multi), Resident Evil 7 (Multi) e Assassin's Creed Odyssey (Multi) é um grande trunfo do Cloud Gaming. A ideia é muito bem vinda para qualquer tipo de aparelho pela falta da necessidade de download, tendo acesso instantâneo ao conteúdo, ou pelo menos, quase instantâneo. É aí que entram os contras da tecnologia.
Ao comprar um jogo Cloud Version no Switch, o usuário não está de fato adquirindo aquele título, mas sim, a licença para acessá-lo. O que implica que no futuro, caso a empresa responsável chegue ao fim, ou por algum motivo os servidores sejam destruídos, o jogador perderá o acesso àquele título.
A necessidade de uma conexão de alta velocidade constante também é pouco atrativa, visto que o Switch é um console com a pegada portátil, o que limita suas características , já que utilizar o Cloud Gaming longe do roteador se provou desafiador.
E quais jogos seriam mais apropriados para a tecnologia?
Como já foi dito, o Cloud Gaming permite que máquinas fracas suportem jogos AAA exigentes de hardware. O que torna games de mundo aberto e gráficos pesados seus adeptos ideais. Quem não gostaria de jogar um Far Cry 6 ou Elden Ring no seu Switch, não é mesmo?
O problema vem quando surge o chamado "Input Lag", que é o tempo de resposta entre o seu comando no controle, e o reconhecimento da ação no game. Esse tempo na versão Cloud dos jogos pode chegar até 150ms, o que parece pouco, mas é visivelmente sentido pelos jogadores. Isso acaba afastando a tecnologia de jogos que precisam de mais precisão na jogatina, como FPS, jogos de luta e MMORPGs.
Situação dos streaming de jogos no Brasil
O ano de 2021 foi de revolução para a indústria de jogos no geral, e o Brasil, como maior mercado de games da América Latina, sentiu esse movimento. Chegaram ao país diversas plataformas de streaming de jogos, como o GeForce Now e o Xbox Gaming Cloud (xCloud). Isso trouxe os olhos do público brasileiro para essa tecnologia, que até já tinha representantes no país com o Vortex, mas não tinha caído na boca do povo.
O grande diferencial destes serviços para o Nintendo Switch é talvez o mais crucial: servidores localizados no Brasil. Todos os citados acima garantiram servidores em solo tupiniquim, trazendo mais estabilidade de conexão na hora de jogar, uma imagem mais nítida de qualidade e diminuindo o tão temido Input Lag.
O Cloud Gaming tem futuro na Nintendo?
Para acessar o serviço do Brasil, o jogador deve alterar a sua conta para alguma americana, europeia ou japonesa, e ainda sim, sofrerá com desconexão e filas para acessar as demos gratuitas que a eShop disponibiliza, tudo isso pela falta de servidores dedicados.
Mas no exterior a história não é tão diferente assim. Um teste realizado pela equipe da EuroGamer revelou que nem uma conexão de 100mb de fibra óptica salvou o serviço do Input Lag. Títulos como Kingdom Hearts 3 e Control rodavam em 720p mesmo na dock, apesar de seus instáveis 60fps. O único jogo que parece chegar perto dos desejáveis 1080p é Hitman 3. Ao que parece a versão do Japão é a mais consistente e estável de todos.
A Nintendo deve demorar para expandir seus servidores. Não é difícil perceber o esforço da Big N em trazer títulos AAA para a plataforma através do sistema de streaming, como podemos ver com a chegada, ainda em 2022, de Dying Light 2 Cloud Version para o Switch. Mas existe um longo caminho de investimentos, infraestrutura e apoio da comunidade para que a modalidade voe de vez no pequeno híbrido.
Revisão: Felipe Fina Franco