Que o 3DS foi um ótimo portátil para RPGs não dá para negar. Entre títulos como Tales of the Abyss e outros nomes de peso, como Bravely Default e Fire Emblem Awakening, também podemos mencionar 7th Dragon III: Code VFD, a quarta entrada de uma série que, até então, estava restrita ao Japão. Desenvolvido e publicado pela SEGA, o jogo é o primeiro da franquia a ser lançado no Ocidente, mas pode ser aproveitado até mesmo por quem nunca teve contato com os títulos lançados anteriormente.
Um dungeon com infinitas possibilidades
Code VFD se passa no ano de 2100, e os dragões ameaçam a humanidade mais uma vez. Quando tudo parece estar perdido, a empresa de videogames Nodens Enterprises desenvolve um plano mirabolante para exterminar essas temíveis criaturas e fazer com que a paz reine soberana mais uma vez. Para isso, a ideia é viajar no tempo a fim de erradicar os True Dragons de cada era, destruir o sétimo deles, VFD, e restaurar o equilíbrio original do mundo.
Contudo, a Nodens Enterprises precisa de exímios exterminadores para a missão e, frente a isso, lança um simulador de realidade virtual chamado 7th Encounter, a fim de testar o potencial de seus futuros contratados. Apesar de ser uma premissa um tanto quanto boba ou até mesmo clichê, a trama se desenvolve de maneira sólida com direito a reviravoltas, mas Code VFD se destaca por sua jogabilidade, especialmente por contar com oito classes variadas — Samurai, God Hand, Agent, Duelist, Rune Knight, Fortuner, Mage e Banisher — com estilos de combate únicos.
Nem todas estão disponíveis no início do jogo, mas as restantes são desbloqueadas conforme se avança na campanha. Além da diversidade de combate, as classes também contam com uma grande gama de customização, de aparência e até de vozes.
Ao todo, são quatro tipos diferentes de sprites (dois masculinos e dois femininos), 96 cores diferentes (12 para cada classe) e 40 opções de vozes (20 masculinas e 20 femininas). Existem, ainda, aparências desbloqueadas via DLC, baseadas nas classes dos jogos anteriores e que aumentam ainda mais o leque de opções.
A criação de personagens é livre e o jogador pode ter controle sobre até nove simultaneamente, divididos em três times. Nas dungeons, trocar a ordem dos times também adiciona uma camada a mais à estratégia de jogo, mas mover membros de uma equipe para outra só pode ser feito na sede da Nodens.
Por ser um RPG estilo dungeon crawler, os mapas de Code VFD são revelados aos poucos, conforme o jogador os explora. Durante as expedições, a tela superior do 3DS mostra os sprites dos componentes do grupo controlado naquele momento, enquanto a inferior exibe a configuração do mapa, sinalizando pontos de interesse, como localização de itens e até mesmo save points. Os confrontos são aleatórios e acontecem quando o medidor de perigo presente na tela superior fica completamente vermelho.
As batalhas são dadas em turnos e, como em diversos outros RPGs com esse sistema, os personagens podem atacar regularmente, usar habilidades, usar consumíveis, defender-se dos inimigos, usar a habilidade Exhaust (EX) caso disponível ou tentar fugir do combate. Os membros dos grupos que não estão sendo usados, ao final de um número pré-definido de turnos que varia de acordo com suas classes, ganham uma barra de ação.
Quando pelo menos três integrantes de um mesmo grupo ficam com uma barra de ação disponível, o jogador tem a opção de usar a assistência daqueles personagens ao final do seu turno e, dependendo das classes, os efeitos variam de remoção de buffs até a ressurreição de aliados derrotados. Porém, os benefícios de ter o máximo de personagens em jogo não acabam aí: se todos os outros seis estiverem com as três barras de ação disponíveis, o jogador pode realizar um Unison Attack.
Durante o Unison Attack, todos os nove personagens podem realizar ações naquele turno, porém os membros de backup têm algumas restrições. De todo modo, as diferentes combinações de classes e estilos de combate contribuem de maneira positiva durante as batalhas mais longas — e o melhor de tudo é que os nove personagens ganham experiência ao derrotar os inimigos.
Personagens que atingiram o nível 30 podem realizar mudança de classe em troca de 10 níveis. Esse sistema adiciona bônus nos parâmetros (stats) desses personagens e os skill points (SP) são restituídos para que possam ser investidos nas habilidades das novas classes. Como não existe limite para fazer class change desde que as condições sejam respeitadas, então um personagem em nível máximo pode se beneficiar desse sistema até nove vezes seguidas, acumulando bônus diversos em stats.
Por fim, outro grande destaque de Code VFD é a trilha sonora. Todas as músicas são excelentes e acompanham de maneira excepcional a progressão do jogo, respeitando os momentos de tensão, comédia etc. Além disso, os DLC opcionais contribuem para um aproveitamento ainda maior deste sensacional RPG, servindo, em sua maioria, como um conteúdo pós-jogo.
Vários conceitos em um único RPG
7th Dragon III: Code VFD é um dos melhores RPGs na biblioteca do portátil da Nintendo. Em meio a diversos outros jogos do gênero, este dungeon crawler apresenta uma variedade ímpar de customização e jogabilidade, unindo excelentes características de vários RPGs em um único jogo e oferecendo horas e mais horas de conteúdos e estratégias diferentes. Além de tudo, a história e trilha sonora se complementam de modo incrível, fazendo com que a jogatina seja sempre uma caixinha de surpresas.
Revisão: Thais Santos