Quando analisei Death end re;Quest no ano passado, levantei alguns problemas em relação à portabilidade feita para o Switch, porém a jogabilidade inovativa e uma história que quebra a quarta parede conseguiam compensar as falhas de otimização. Confesso que estava ansiosa para a chegada de Death end re;Quest 2, mas infelizmente a continuação dessa saga deixou muito a desejar.
Em busca da irmã perdida
Quando seus pais se divorciaram, Mai Toyama e sua irmã, Sanae Toyama, foram separadas. Enquanto a protagonista passou a morar com seu pai abusivo, a outra vive uma vida relativamente confortável com a mãe, e a troca de e-mails entre as irmãs é a única forma de conforto de Mai.
Depois de um incidente envolvendo Mai e seu pai, a garota acaba indo para o internato feminino Wordsworth, em uma cidadezinha remota chamada Le Choara. Contudo, ela não está lá por acaso: Wordsworth foi o último lugar em que, aparentemente, Sanae estava.
Junto a personalidades excêntricas, como a enérgica Rottie e a tímida Lilliana, Mai resolve juntar pistas sobre o paradeiro de sua irmã, mas ninguém esperava que uma cidadezinha remota escondesse grotescos segredos. Quando o relógio marca meia-noite, Le Choara vira palco de aparições monstruosas e Mai acredita que Midra, a diretora de Wordsworth, esteja envolvida — sobretudo no sumiço de Sanae e de outras garotas do internato.
Mais erros que acertos
Em relação ao sistema de combates, Death end re;Quest 2 não traz muitas novidades em relação ao antecessor. O jogo segue a fórmula de ataques em turnos, com a ordem dos atacantes se baseando na agilidade de cada um. O sistema de elementos (Star, Moon e Sun) também retorna ao campo, completando a fórmula que deu certo em Death end re;Quest.
Contudo, Death end re;Quest conseguiu melhorar alguns aspectos do combate, a começar por um sistema de batalha automática funcional que, inclusive, explora as fraquezas dos inimigos. Outro grande acerto foi o aprendizado de habilidades ao subir de nível, fazendo com que as garotas não fiquem dependentes apenas do sistema de combinação de skills para desbloquear novas habilidades.
Os bugs em campo agora garantem buffs diversos e não drenam o HP das personagens que pisarem neles, o que pode ser algo positivo ou negativo, a depender do nível de desafio que o jogador espera de um RPG um tanto quanto complexo como Death end re;Quest. Esses bugs, bem como os ataques desferidos pelos inimigos, ainda contribuem para o nível de corrupção das garotas, que, ao atingir ao menos 80%, entram no Glitch Mode, aumentando seus stats e permitindo o uso de suas Glitch Skills.
Outra modificação em relação ao combate é a ativação do knockback. Agora, ele só é ativado caso as personagens usem algum ataque capaz de desencadear o efeito e, caso mais monstros sejam empurrados de uma só vez, acontece o super knockback, causando ainda mais dano aos oponentes. O knock blow continua funcionando da mesma maneira: caso um inimigo ricocheteado chegue a outra personagem do grupo, esta desferirá o golpe.
Os bônus de experiência e o Eni, a moeda do jogo, também foram adicionados caso os inimigos sejam derrotados com overkill, isto é, receber mais dano do que seu HP total. A experiência que as garotas ganham também não é a mesma, variando de acordo com o dano desferido por elas e também sua performance em batalha.
Infelizmente, os acertos acabam aí. Um dos maiores defeitos que identifiquei foi a remoção do indicador de quais habilidades combinadas resultam em uma nova; no primeiro, para efeitos de comparação, um ícone aparecia juntamente com a porcentagem de sucesso de aprender a nova habilidade. Falando por mim, mesmo que eu adore grinding em RPGs, detesto uma mecânica baseada em tentativa e erro; nesse quesito, treinar as personagens em Death end re;Quest 2 perdeu totalmente a diversão.
Outro problema que persiste desde o primeiro jogo é a falta de um glossário ou compêndio que catalogue as fraquezas elementais dos oponentes. Mais uma vez, precisamos recorrer à nossa memória ou fazer anotações à parte para saber o que é efetivo contra quem.
Também senti falta de uma conexão maior entre história, personagens e combate como um todo. A meu ver, não existe a mesma imersão que o primeiro jogo traz. Não que a trama aqui seja pobre ou ruim, porém ela simplesmente nos apresenta as personagens praticamente já capazes de fazer tudo o que no antecessor teve todo um processo de desenvolvimento, desde entender o funcionamento das Buggy Skills até o uso do Glitch Mode.
As porções de visual novel do primeiro jogo, com toda a intervenção do mundo real no virtual (e vice-versa), foram trocadas por um Event Mode em Wordsworth, no qual Mai, Rottie e outras garotas do internato interagem entre si. É até divertido ver como elas se relacionam umas com as outras, mas os diálogos não parecem estar tão de acordo com a investigação que acontece a partir da meia-noite.
Também senti que Death end re;Quest 2 tem menos partes dubladas em inglês se comparado ao material anterior. Como de costume, a dublagem em japonês é integral, mas a ocidental é parcial. Isso não quer dizer que o elenco entregou uma atuação ruim — muito pelo contrário: mais uma vez, a equipe de localização conseguiu fazer um ótimo trabalho com os dubladores escolhidos.
Os males da portabilidade moderna
Assim como o primeiro jogo, Death end re;Quest 2 é pouco otimizado para o modo portátil do Switch, com gráficos borrados durante a exploração de dungeons e batalhas; os ícones, menus e mapas continuam com uma visualização dificultada nesse modo.
A minha surpresa — negativa, por sinal — veio quando experimentei o jogo no modo TV. Enquanto o antecessor tinha uma jogabilidade boa com o Switch conectado à TV, Death end re;Quest 2 se supera com diversos problemas de lag durante a exploração e batalhas, e as telas de carregamento são extremamente demoradas sem necessidade alguma.
É com muito pesar que digo que isso me desanimou completamente em relação a continuar ou não jogando, e me senti na obrigação de desistir, por mais que a história tenha me intrigado. Toda a ação, que deveria ser a parte mais dinâmica do gameplay, se tornou a mais demorada e arrastada, me tirando toda a vontade de explorar as dungeons e experimentar as diferentes combinações de combate das garotas.
Mesmo com o modo de batalha automática, há uma demora impressionante entre ataques e animações. Até fiz um comparativo entre os dois jogos para ver se não era exagero da minha parte, mas infelizmente parece que a desenvolvedora simplesmente pegou o arquivo de PC/PS4 e converteu para o Switch sem nem ao menos realizar algum tipo de teste de qualidade.
Sentença de morte no Switch
Death end re;Quest 2 traz uma história instigante e faz modificações bem-vindas no combate, sobretudo com um modo automático funcional. No entanto, enquanto há acertos, o jogo repete os erros de seu antecessor, agravando-os ainda mais, principalmente na parte gráfica. Entre a versão de PC/PS4 e a de Switch, infelizmente não consigo recomendar a jogatina no console híbrido.
Prós
- Reinvenção da fórmula dos RPGs graças à mescla com outros gêneros;
- História instigante;
- Sistema de combate e habilidades completo e interessante, incluindo aprendizado de skills por level up;
- O conteúdo adicional incluso é muito satisfatório;
- Melhorias no combate, como bonificação de EXP e dinheiro e um sistema de auto-battle funcional;
- A interação entre personagens é divertida;
- Ótima localização para o Ocidente, apesar da dublagem parcial em inglês.
Contras
- Discrepância de gráficos entre os modos TV e portátil do Switch;
- Péssima jogabilidade e presença de lag nas partes de combate e exploração, mesmo no modo TV;
- Telas de carregamento excessivamente longas em alguns momentos;
- Porções do jogo desconexas entre si (ação, história e eventos);
- História menos imersiva se comparada à do primeiro jogo;
- Menos partes dubladas em inglês.
Death end re;Quest 2 — PC/PS4/Switch — Nota: 7.0Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Idea Factory International