Um mundo simples e cativante
Card Fighters’ Clash é um TCG (Trading Card Game) em que é possível montar decks com personagens da SNK e da Capcom. Originalmente, foram lançadas duas versões (SNK e Capcom) e ambas estão disponíveis na versão de Switch com saves próprios. Cada um deles conta com personagens jogáveis diferentes e algumas poucas cartas exclusivas.
Visualmente, o jogo é bem colorido e cada área tem um estilo próprio, apesar de haver um certo nível de repetição. Existem até mesmo algumas referências a jogos específicos, como uma área especial para Resident Evil em meio a um festival japonês. Um dos personagens lá se chama Mikami, sendo provavelmente inspirado no diretor e produtor Shinji Mikami, que teve enorme importância para a franquia.
Além disso, há representantes até mesmo de séries menos conhecidas ao invés de simplesmente pegar as obras mais populares. O resultado é um jogo que realmente usa suas 300 cartas para celebrar as produções de ambas as empresas.
Cartas, personagens e ações
O jogo de cartas é bem simples e fácil de aprender. Temos dois tipos de cartas: personagens e ações. Cada jogador tem um campo em que é possível colocar três personagens, que servirão como formas de ataque e defesa do jogador. Essas cartas possuem pontos de batalha (BP), um valor que serve tanto como ataque quanto como vida daquele indivíduo. Quando uma carta com 700 BP luta contra outra de 400 BP, a primeira sobrevive e continua com 300 BP.Porém, não é apenas o BP que define o valor de uma carta de personagem. Primeiramente, é importante destacar que colocar uma delas em campo é uma forma de aumentar o SP (Soul Points) do jogador. Esses pontos variam de carta para carta e são necessários para usar as cartas de ação.
Nem sempre esses efeitos são positivos, podendo também funcionar como limitadores para uma carta com alto BP. Um exemplo é Blodia, de Cyberbots: Full Metal Madness (Arcade), que tem 1000 de ataque, mas consome 10 pontos de SP para não ser destruído ao entrar em campo. Há também habilidades que podem ser boas ou ruins dependendo do contexto, como a carta Chun-Li, que reduz o BP de todos os personagens para 100, exceto o dela.
Já em relação às cartas de ação, elas funcionam apenas como magias instantâneas. Elas podem servir para fortalecer aliados, causar dano aos oponentes, comprar cartas ou realizar outras tarefas. Porém, a grosso modo, elas acabam sendo majoritariamente um complemento no baralho.
O conceito de turno
Como um jogo simples de cartas, SNK vs. Capcom: Card Fighters’ Clash também apresenta um sistema de turnos bastante simplificado. Após comprar uma carta, o jogador pode colocar um personagem em campo. Na rodada em que entra, ele não poderá atacar, porém já serve para a defesa quando for o turno do oponente. Nesse momento, também não será possível colocar um Back-up ainda.
Após escolher quem ataca, o jogador obrigatoriamente passará o turno para o adversário. Isso significa que Back-ups, habilidades e ações precisam ser usadas antes de você entrar na ofensiva. Caso o jogador não queira atacar, também é possível simplesmente encerrar o turno. Em circunstâncias em que é preciso tomar mais cuidado com a defesa, isso pode ser bem importante. Afinal, uma vez que o personagem ataca, ele fica impossibilitado de defender até a sua próxima rodada, a menos que alguma habilidade específica esteja em efeito.
Um jogo que mostra as fraquezas da Neo Geo Pocket Selection
Infelizmente, apesar de ser bem agradável e uma boa porta de entrada ao mundo dos TCGs, Card Fighters’ Clash não está em sua melhor forma no Switch. Um elemento fundamental do jogo é a sua conectividade, sendo possível realizar trocas ou jogar partidas contra outros jogadores com seus próprios baralhos. Essas mecânicas ainda estão presentes, mas de forma reduzida.
Por outro lado, o modo Versus sofre com uma escolha um tanto estranha. Ao invés de pelo menos permitir que ambas as versões fossem utilizadas para a competição, só é possível duelar contra si mesmo, com o mesmo nome, mesma imagem e mesmo deck. O resultado é a retirada de praticamente toda a graça desse modo.
Esses elementos, que funcionavam para outros títulos da Neo Geo Pocket Selection, simplesmente não são adequados para Card Fighters’ Clash. Tentar forçar o mesmo padrão acaba fazendo dele simplesmente o pior lançamento até o momento em termos de port, apesar de ser um jogo de alta qualidade do sistema original. Apesar disso, vale destacar que a presença do manual digital e de skins variadas para o Neo Geo Pocket são elementos agradáveis da versão de Switch, mas que estão longe de ter o mesmo peso para o gameplay que os erros mencionados.
Um clássico nostálgico porém enfraquecido
De forma geral, SNK vs. Capcom: Card Fighters’ Clash é um jogo cativante com um sistema simples que pode ser uma porta de entrada muito boa no gênero dos TCGs. Infelizmente, a emulação desse clássico do Neo Geo Pocket não leva em conta as unicidades da versão original e acaba enfraquecendo o que poderia até mesmo ter sido o melhor relançamento do portátil para o Switch.Prós
- Jogo de cartas simples que serve como boa porta de entrada no gênero;
- 300 cartas que representam tanto obras populares de SNK e Capcom quanto as mais de nicho;
- Visualmente colorido, ele aproveita bem a identidade visual do Neo Geo Pocket;
- A boa variedade de habilidades e a mecânica de Back-up influenciam a criação de bons decks.
Contras
- Conexão restrita a uma segunda tela interna de jogo;
- Modo Versus em que é necessário que ambos jogadores usem o mesmo baralho, nome e visual;
- Sistema de rewind praticamente inútil devido ao ritmo lento do jogo.
SNK vs Capcom: Card Fighters' Clash — Switch — Nota: 6.5
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela SNK