Os últimos dez anos passaram voando. Até me arrisco a dizer que eles correram com uma velocidade tão alta quanto a dos carros da turma do Reino do Cogumelo em Mario Kart 7, lançado para o Nintendo 3DS em dezembro de 2011.
Completando uma década de vida, o título ficou conhecido por misturar elementos clássicos da série, como as famosas moedas nas pistas e uma garagem formada apenas por carros, com a introdução de aspectos frescos, como a possibilidade de customizar os karts, a habilidade de dirigir embaixo d’água e o uso de asa-delta no ar.
Diante disso, o spin-off se tornou um dos lançamentos mais bem-sucedidos do portátil, conquistando ótimos números comerciais e uma recepção positiva. Para relembrar desses e de outros feitos, preparamos uma matéria festiva dos dez anos de vida de Mario Kart 7. Apertem os cintos, pois foi dada a largada para mais uma edição do Blast From The Past.
A construção mecânica de um grande jogo de kart
Em 2011, nem tudo era um mar de rosas para o 3DS, portátil que fez sua estreia nas prateleiras no primeiro trimestre daquele ano. Apesar de seus conceitos inovadores e surpreendentes, o novo console enfrentava um número relativamente baixo de vendas, muito em função de seu preço e de sua escassa biblioteca de jogos.
Eis que Mario Kart 7 chegou para mudar tudo isso em dezembro de 2011, trazendo a promessa de oferecer corridas emocionantes entre os personagens do Reino do Cogumelo. Entre suas características de produção, temos o fato de que se trata do primeiro título da série a ser desenvolvido por duas empresas, Nintendo e Retro Studios, em uma parceria longeva que já podia ser vista em outras franquias, como Metroid Prime e Donkey Kong.
Por trás da construção do jogo, o desejo era de aproveitar ao máximo as capacidades do 3DS. Entre elas, tínhamos a possibilidade de se jogar com gráficos tridimensionais sem a necessidade de óculos, o uso do giroscópio para movimentar os karts em primeira pessoa, uma estética quase tão robusta quanto a de Mario Kart Wii e diversos recursos de conexão sem fio, com funcionalidades para competir em multiplayer local e on-line, além das interações via StreetPass e SpotPass.
Com esses atrativos, Mario Kart 7 foi crucial no processo de impulsionar a trajetória do Nintendo 3DS em seu primeiro ano de vida. Não à toa, o título viria a atingir a marca de 18,95 milhões de unidades comercializadas, tornando-se eventualmente o jogo mais vendido do portátil. Todavia, engana-se quem pensa que esse sucesso foi possibilitado exclusivamente pelas modernidades do console, uma vez que essa foi uma das edições da franquia a apresentar mais novidades dentro e fora das pistas.
Entre novidades ligeiras e retornos bem-vindos
Mesmo mantendo o tradicional esqueleto competitivo entre personagens da franquia do bigodudo, com modalidades clássicas como Grand Prix e Battle Mode, Mario Kart 7 conseguiu se tornar um marco precursor para a série em determinados aspectos, a começar pelo seu nome, que foi a primeira edição a figurar com um número.
Em termos de jogabilidade, curiosamente a maior novidade não se deu no chão das pistas, mas sim no ar: ao saltar pelas rampas dos cenários, uma asa-delta retrátil era ativada automaticamente nos karts, dando aos jogadores a possibilidade de planar por alguns segundos. Com isso, surgiram múltiplas situações de gameplay inéditas, como a capacidade de atravessar anéis de velocidade, de coletar itens e de percorrer atalhos marotos.
Outro conceito fresco de Mario Kart 7 pode ser encontrado embaixo d’água, uma vez que os carros se tornaram submersíveis. Isso influenciou no processo de criação das pistas inéditas, que ganhariam trechos completamente aquáticos, assim como repaginou velhos circuitos ao trazer áreas que seguem o mesmo estilo.
Na garagem do jogo, que passou a ser formada apenas por veículos de quatro rodas, deixando as motos de Mario Kart Wii de lado, uma outra mecânica fez sua estreia: a customização dos karts. Ao dividir os veículos em três segmentos (corpo, rodas e asa-delta), os jogadores ganharam a possibilidade de realizar combinações, com escolhas capazes de influenciar na condução ao modificar o peso e a velocidade dos carros.
Enquanto isso, pode-se dizer que houve um retorno conceitual com peso de ouro para Mario Kart 7, que foi a disponibilização das tradicionais moedas ao longo das pistas. O recurso, que não aparecia na série desde Mario Kart: Super Circuit (GBA), passou a integrar uma parte importante do gameplay, na medida em que ele influencia na velocidade dos corredores e é usado para desbloquear itens customizáveis.
Entre esses conceitos mencionados, podemos observar que todos voltariam a aparecer no próximo lançamento do spin-off, que foi Mario Kart 8, para o Wii U; ou seja, Mario Kart 7 realmente trouxe muitas contribuições ao universo da franquia, indicando possíveis permanências dentro da série mais veloz do encanador italiano.
Eis os pilotos, as pistas e os itens
Seguindo a tradição, Mario Kart 7 trouxe novos competidores e um apanhado de pistas inéditas, divididas em quatro copas do modo Grand Prix. Tratando-se dos personagens, o título conta com um elenco de 17 participantes, com oito disponíveis desde o início da jogatina, e outros nove desbloqueáveis mediante o progresso.
Dentro das novidades, os seguintes personagens fizeram suas estreias nas pistas: Metal Mario, Honey Queen, Wiggler e Lakitu. De certa forma, Shy Guy também surgiu pela primeira vez na sétima edição do spin-off, dado que em Mario Kart DS ele só figurava como opção em partidas disputadas através do recurso Download Play.
Contando com 32 pistas ao todo, Mario Kart 7 trouxe 16 estágios completamente novos. Embora todos tenham se destacado, com temáticas que representavam jogos notáveis, como Donkey Kong Country Returns (Wii) e Wii Sports Resort, alguns circuitos ganharam mais evidência com o tempo.
Para nomear alguns deles, temos Wuhu Loop, DK Jungle, Daisy Hills, Cheep Cheep Lagoon, Music Park, Neo Bowser City, Rock Rock Mountain e a Rainbow Road, que figura como uma das versões mais malucas da pista intergalática.
No setor dos itens, tivemos três estreias: a Fire Flower, que concede ao jogador o poder temporário de lançar bolas de fogo; a Super Leaf, que faz surgir uma cauda de tanooki no kart, capaz de golpear adversários; e o Lucky Seven, que disponibiliza sete poderes de uma só vez, seguindo, portanto, o número temático do título.
Cabe lembrar que o odiado Spiny Shell, conhecido por aqui como “Casco Azul”, ganhou algumas características em Mario Kart 7. Entre seus novos e temidos poderes, pode-se notar que o item ficou um tanto maior, perdeu suas asas e passou a circular pelo chão, dispondo da capacidade de atacar qualquer competidor no caminho até chegar ao primeiro colocado.
Assim, esses traços foram os responsáveis por construir a identidade de Mario Kart 7, que buscava se diferenciar de seus antepassados, mas sem deixar de lado algumas tradições. A verdade é que o título do 3DS conseguiu se destacar ao trazer uma experiência bastante robusta, equiparando-se até mesmo ao quilate dos jogos da série lançados para os consoles de mesa. Todavia, aqui Mario e sua turma apresentaram-se com todas as glórias da portabilidade do aparelho tridimensional da Nintendo.
Um clássico para levar no bolso
Embora não pareça, Mario Kart 7 está completando uma década de vida. Além de ser um dos melhores exemplos do potencial do Nintendo 3DS, o spin-off também inovou em termos de gameplay, trazendo novidades significativas à franquia. Desse modo, temos um jogo que já conquistou seu status de clássico portátil, sendo capaz de brilhar em todo e qualquer lugar — assim como seus karts, que passaram a acelerar com muita velocidade na terra, na água e até no ar.
Revisão: Davi Sousa