Em dezembro de 1986, o Japão conheceu a mais nova heroína dos videogames, Yuuko Asou. A garota protagonizou Mugen Senshi Valis, conhecido no Ocidente como Valis: The Fantasm Soldier, um action platformer side-scrolling desenvolvido pela Telenet (e suas empresas subsidiárias), que alguns anos depois ganharia o mundo. Confira a seguir por que a franquia é uma das mais importantes no mundo dos jogos.
1986, o começo de tudo
Na década de 80, a indústria de videogames, sobretudo no Japão, estava a todo vapor. Dentre muitos títulos que surgiam e outros que se firmavam, as desenvolvedoras precisavam buscar meios de inovar no mercado. Frente a isso, a Wolf Team desenvolveu a primeira versão de Mugen Senshi Valis, disponível inicialmente para PC-88, mas que logo se estendeu para os outros computadores da época, como o MSX.
PC-88 |
A bem da verdade, a jogabilidade do primeiro Valis era terrível — e o port para NES manteve essa característica —, mas o que fez a aventura decolar foi a presença de cutscenes estáticas em algumas versões para os PCs dos anos 80. Foi graças a essas pequenas artes que contavam a história do jogo que Mugen Senshi Valis decolou no mercado, não apenas trazendo uma figura feminina como protagonista, como também uma trama interessante e bem desenvolvida, algo um tanto quanto inédito para a época.
Os anos 90 e a versão de PC Engine
Em 1991, já com Valis II e Valis III disponíveis para computadores, a Riot decidiu criar um remake do primeiro jogo para Mega Drive. Essa nova versão contava com uma jogabilidade melhorada e pequenas modificações na história, deixando-a mais interessante de certa forma.
As cutscenes estáticas continuavam presentes em momentos-chave do jogo, agora contando com um breve texto para contextualizar melhor o enredo e o que estava prestes a acontecer na campanha. Se Valis para Mega Drive já era considerado um título relativamente bom na época, a Laser Soft conseguiu melhorar ainda mais: surgia a versão de Mugen Senshi Valis para PC Engine, em 1992, que se firmou como referência para a franquia.
Como era comum cada versão do jogo ter pequenas modificações em sua história, a Laser Soft não apenas conseguiu melhorar a trama de maneira exponencial — adaptando-a para ser a base para os acontecimentos em Valis II e Valis III —, como também incluiu cutscenes totalmente dubladas e animadas. A jogabilidade estava mais polida e possuía gráficos melhorados, mas a cereja do bolo ficou por conta do áudio, que contava com toda a capacidade da tecnologia dos CD-ROMs.
Valis II e Valis III também receberam port para Mega Drive, mas, devido às capacidades dos cartuchos da era 16-bit, as cutscenes continuaram estáticas e com uma porção textual para explicar o desenrolar da trama. Por fim, em 1991, a Laser Soft criou Valis IV para PC Engine, uma sequência dos três jogos principais e que reconta as histórias de seus predecessores sob a ótica da nova Guerreira Valis, Lena Brande.
Anos 2000 e a queda de Valis
Depois do lançamento de Valis IV, a franquia caiu no esquecimento, sobretudo no Ocidente, embora no Japão algumas versões dos jogos de PC Engine (em especial Valis I) tenham sido relançadas para outras plataformas ao longo dos anos 2000.
A queda da série se deu em 2006 com o lançamento de Valis X, uma visual novel erótica produzida pela Eants com total apoio da Telenet. Obviamente, o jogo não vingou e, em 2007, a Telenet finalmente declarou falência.
Em 2009, a Sunsoft comprou algumas propriedades intelectuais da Telenet, incluindo os jogos da série Valis, e começaram a surgir burburinhos sobre um possível lançamento da franquia no Virtual Console do Wii, mas a expectativa nunca se tornou realidade.
Mega Drive |
Linha do tempo dos jogos principais, 2021 e renascimento da franquia
Em junho de 2021, a empresa japonesa Edia adquiriu os direitos autorais da série Valis e anunciou que um port dos três primeiros jogos para PC Engine estava em planejamento para o Switch, mas ainda sem data de lançamento, como comemoração do 35º aniversário da franquia; inclusive, foi iniciado um financiamento coletivo para que o projeto fosse adiante.Em novembro, a Edia confirmou que a coletânea, intitulada Valis: The Fantasm Soldier, finalmente seria lançada no dia 9 de dezembro em mídia física e digital no Japão. No entanto, a empresa, devido aos inúmeros pedidos dos fãs ocidentais, fechou parceria com a Limited Run Games, que ficará a cargo da localização da coletânea no Ocidente em 2022.
Mugen Senshi Valis é uma das primeiras séries de videogame a ser protagonizada por uma mulher, não apenas colocando uma estudante colegial sob os holofotes, como também foi praticamente a pioneira no gênero bishoujo — gênero este que, posteriormente, ganharia o mundo com Sailor Moon e ficaria conhecido como mahou shoujo.
Revisão: Thais Santos