Análise: Danganronpa S: Ultimate Summer Camp (Switch) seria melhor aproveitado em dispositivos móveis

De nada adianta apresentar uma proposta interessante se o jogo não pode ser aproveitado ao máximo.

em 07/12/2021
danganronpa s ultimate summer camp switch
Danganronpa S: Ultimate Summer Camp tinha tudo para ser um agrado aos fãs. Neste jogo que lembra bastante o bônus de Danganronpa V3: Killing Harmony (Multi), podemos ver interações entre nossos personagens favoritos, sem nos preocuparmos se eles vivem ou morrem em seus jogos de origem, enquanto participam do Ultimate Summer Camp. Contudo, a ilha tropical não é tão agradável quanto a premissa faz parecer.

Um jogo de tabuleiro temático

Ultimate Summer Camp lembra bastante o pós-jogo de Killing Harmony, mas com personagens dos quatro jogos da franquia Danganronpa (Trigger Happy Havoc, Goodbye Despair, Ultra Despair Girls e Killing Harmony). Sejam eles estudantes da Hope's Peak Academy ou seus familiares, todos foram convocados para participar do Talent Development Camp na Jabberwock Island, uma ilha tropical. A partir daqui, o próprio jogo se encarrega de situar o jogador sobre o que está por vir.

Dependendo da casa na qual o personagem parou, podemos enfrentar inimigos, ver interações entre outros participantes do acampamento de verão, ganhar níveis e muito mais. Como a movimentação é livre, o jogo nos dá a regalia de ficar dando voltas no mesmo lugar, dependendo do propósito que queremos para aquele personagem.

Dados certos momentos, podemos ganhar bônus, como cartas com os mais variados efeitos, Talent Fragments (necessários para aprender habilidades) ou até mesmo a possibilidade de ser teleportado ao objetivo da área em que estamos — ou seja, derrotar o chefe e prosseguir para a próxima.

Talvez o ponto mais interessante disso tudo seja ver as interações únicas entre personagens que jamais teriam como se encontrar em circunstâncias normais. O melhor de tudo: todos estão vivos.

Repetitivo, entediante e pouco otimizado

Para fãs de jogos de tabuleiro, Ultimate Summer Camp até se prova divertido no começo, com cada uma das áreas representando os cenários dos três jogos em questão. Se por um lado esse aspecto é agradável de certa forma, por outro, o conceito de RPG ficou perdido.

As batalhas contra as Monobeasts são relativamente fáceis demais, especialmente se conseguirmos deixar o personagem em nível alto para aquela área. Outro aspecto muito negativo, referente ao sistema de afinidades, é que ele é muito mal explorado durante os combates. De nada adianta termos acesso a habilidades elementais se não temos como conferir em momento algum qual a fraqueza dos inimigos.

De início, até chega a ser divertido fazer uni-duni-tê e tentar descobrir como derrotar uma Monobeast de maneira eficiente, mas passado um tempo, é menos enjoativo apenas ligar o modo automático e esperar alguns turnos. Se o personagem for derrotado, não existe outra penalidade a não ser voltar ao início da área.

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Pode-se treinar um mesmo personagem mais de uma vez, porém seu nível é revertido para 1 e, ao final dessa nova rodada, o jogador deve escolher qual versão quer priorizar — ou seja, fazer e refazer a mesma coisa repetidas vezes apenas para tentar melhorar seu personagem favorito acaba sendo uma atividade maçante demais.

A cereja do bolo fica por conta da inexistência do suporte à tela de toque do Switch, algo que deixaria a jogatina menos "engessada", por assim dizer, já que é bastante chato escolher a qual casa ir com o uso dos direcionais ou da alavanca esquerda. Juntando isso à falta de movimentação automática nos tabuleiros, completar uma sessão de desenvolvimento parece uma tarefa hercúlea. Contudo, a jogabilidade está longe de ser o maior dos problemas, infelizmente.

Gacha no Switch

Muitos jogos, sobretudo os mobile, apostam no sistema de gacha para prender os jogadores. Em Ultimate Summer Camp, é por meio dele que adquirimos novos personagens para desenvolver. Os participantes do acampamento de verão têm um entre quatro ranks de raridade: N, R, S e UR. Cada um deles influencia nos parâmetros dos personagens ao subir de nível e também na quantidade de habilidades que eles podem aprender.

Obviamente, é bem mais vantajoso treinar personagens UR, mas, como de praxe, a porcentagem de eles saírem no gacha é mínima. Junto às Character Cards também estão Hype Cards, habilidades exclusivas de cada personagem, e Presents, itens que podem ser atribuídos a um dos participantes para melhorar seu desempenho durante o desenvolvimento.

Conseguir as moedas necessárias para cada uma das três máquinas de gacha baseia-se no famigerado grindfest, seja tentando cumprir os objetivos de cada um dos andares da Tower of Despair — destaco que inimigos podem derrubar Monocoins aleatoriamente ao serem derrotados nesta modalidade — ou completando as variadas missões da Monomi.

Para um jogo cujo atrativo é justamente esse sistema de gacha, juntar moedas é uma tarefa excruciante e que chega a ser pior que em outros gachas. Os mais impacientes até podem comprar cartas avulsas na eShop, porém reforçar microtransações em um jogo que já é pago, seja de modo avulso ou como bônus em Danganronpa Decadence (Switch), chega a ser contraprodutivo.

Seria melhor em dispositivos móveis

Danganronpa S: Ultimate Summer Camp tem uma proposta de jogo interessante, mas que infelizmente não se adéqua aos padrões do Switch. Dadas as suas características, tanto de jogabilidade quanto de sistema de gacha, ele teria maior apelo como um dos diversos "freemiums" disponíveis para dispositivos móveis. Infelizmente, nem mesmo ver seus personagens favoritos trajando roupas de banho consegue tornar o jogo mais atrativo.

Prós

  • Interações únicas entre personagens da série;
  • Representação fiel de cenários dos jogos;
  • Proposta interessante para um jogo do gênero.

Contras

  • Sistema de gacha predatório, baseado em grindfest e com microtransações opcionais;
  • Jogo pago, repetitivo e maçante;
  • Jogabilidade engessada e sem suporte à tela de toque do Switch;
  • História fraca e pouco desenvolvida.
Danganronpa S: Ultimate Summer Camp — Switch — Nota 5.0
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Spike Chunsoft
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Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas.
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