Um dos mais aguardados JRPGs do ano, em especial para os fãs do primeiro game, Blue Reflection: Second Light (Switch), chega em breve ao híbrido da Nintendo. Contando com altas expectativas para acompanhar o desenrolar de uma história aparentemente confusa, o game — que já recebeu até demo na eShop — chega na semana que vem (9) para tirar as dúvidas dos fãs mais ferrenhos.
A origem da reflexão
O Blue Reflection original, lançado em 2017, centrou-se num trio de garotas mágicas que defendiam uma escola e protegiam as emoções das suas colegas estudantes. O projeto ganhou também um anime, e agora os fãs de ambas as histórias anteriores podem reconhecer algumas caras familiares nos trailers do novo jogo.
Já Second Light contará a história de um outro grupo de garotas que acordam em um mundo solitário, despojadas das suas memórias, mas a quem foram concedidos poderes misteriosos. Cabe a elas explorar a escola do local — que também funciona como base e ponto de apoio — enquanto também recolhem materiais, lutam contra demônios e recuperam as suas memórias ao longo do caminho.
O game inicia com Ao, a protagonista desta sequência, sendo misteriosamente transportada para um lugar esquisito que parece ser uma escola de ensino médio japonesa, mas rodeada por um oceano azul sem fim. Tal como as outras garotas encontradas que também vivem nesta realidade, Ao não tem qualquer recordação de como foi para ali ou qualquer maior conhecimento do seu passado.
A narrativa daí se preocupa em desvendar estas memórias e forjar laços com as outras moças, que carregam as mesmas dúvidas. Tais relações parecem se correlacionar com as mecânicas do jogo de forma clara, pois o aprofundamento da sua ligação com Ren, Kokoro, e Yuri, de origens desconhecidas, recompensa o jogador com bônus que podem ser gastos para atualizar movimentos passivos chamados Talents, que funcionam para cada personagem individualmente.
Assim, o game buscará encorajar os jogadores a aceitarem missões de busca e demais sidequests, que normalmente se resumem a recolher itens ou lutar contra uma certa quantidade de um inimigo designado para serem completas.
Belo e novo
Second Light aparenta ter melhorias em quase todas as frentes, em especial na direção das cutscenes, que já era um ponto forte do jogo original, mas que aqui se mostram ainda melhores. De ângulos e movimentos de câmara aliados a expressões faciais detalhadas e dublagens críveis, tudo acrescenta vida e personalidade a cada cena.
Mesmo as simples sequências de diálogo, é sentido que estão bem orientadas e animadas do ponto de vista da apresentação. O jogador nunca verá apenas os rostos estáticos, embora ainda haja alguma comunicação através de caixas de texto — tradição de muitos RPGs.
Como os games clássicos do gênero, há também a exploração de ambientes, agora mais detalhados e variados do que no jogo original. Espalhados ao longo de cada mapa estão vários materiais para a confecção de novos ítens, mecânica que a sequência também expandiu e bebe das fontes de Atelier Ryza: Ever Darkness & the Secret Hideout (Switch) .
Os mapas já apresentados oferecem mais interatividade, permitindo ao jogador subir escadas para tomar atalhos, escalar pequenos penhascos, rastejar por fendas e debaixo de edifícios e atravessar vigas perigosas, tudo enquanto se esgueira em torno de inimigos e alcança lugares fora do caminho principal para encontrar novos materiais. O modo furtivo, recentemente introduzido, permite o jogador se aproximar sorrateiramente dos inimigos para atacá-los em batalha ou evitá-los por completo.
A apresentação visual dispensa comentários. A interface do usuário é elegante e minimalista de uma forma que funciona bem sem ser ilegível ou extremamente carregada de informações. Embora tenham uma superabundância de espaços brancos em certos casos, o estilo dos menus dá um toque encantador e a transição gráfica em movimento é suave, com um esquema de cores que complementa bem o design geral.
Falando especialmente sobre os modelos das personagens, ainda que muito mais orientados para um estilo próprio de Anime ao invés de pessoas reais, eles exibem agora uma gama muito mais ampla de expressões quando as garotas interagem umas com as outras, por exemplo, o que faz com que os laços gerados entre elas pareçam mais sinceros.
Batalhas com garotas mágicas, as Reflections
O jogo original possuía um sistema de batalha que seguia um molde de linha do tempo em que ações diversas, como gastos de poder e força variáveis, determinariam o lugar da ação de um personagem na cronologia de execução. Heroínas e inimigos também podiam ser “empurrados” para a frente e para trás ao longo da linha, como reflexo do uso de habilidades.
Mesmo com a manutenção dessa linha, Blue Reflection:Second Light traz algumas alterações a este sistema de timeline. Agora, enquanto se escolhe os ataques e os executa, cada combatente continua progredindo na linha do tempo de forma dinâmica.
Isso porque é importante ressaltar que o combate na franquia é construído sobre os conceitos de aceleração e escalada. Assim, à medida que a batalha avança, formam-se combos que se multiplicam a cada ataque, aumentando o dano dos movimentos, o que torna as lutas mais rápidas e frenéticas. Na versão demo, o gostinho deixado é de que será cada vez mais intrigante poder utilizar as garotas na guerra contra os demônios.
Blue Reflection: Second Light é uma boa pedida para os fãs de JRPG, em especial os fãs da série Atelier, e uma ótima escolha para os que já curtiram o primeiro game. Em um mundo onde parece ser maravilhoso simplesmente andar por aí, ver a suave luz do sol pelas folhas de Outono ou ouvir o chilrear dos pássaros acompanhado pela sua linda trilha sonora, é até estranho pensar em como ele se encaixa como um bom RPG.
Por se tratar de uma experiência diferenciada, vale a pena dar uma conferida para entender como um game aparentemente inocente conseguiu angariar tantos fãs e se tornar digno de uma sequência que aparenta melhorar em absolutamente tudo que vimos em seu antecessor.
Blue Reflection: Second Light – SwitchDesenvolvedor: Gust/Koei TecmoGêneros: RPGLançamento: 9 de novembro de 2021Expectativa: 3/5
Fonte: Siliconera, GameRant, RPGFan
Revisão: João Pedro Boaventura