Pokémon Brilliant Diamond/Shining Pearl (Switch) chega em breve ao Nintendo Switch e dá continuidade à oitava geração dos monstrinhos de bolso. Seguindo a velha tradição da série, a dupla é mais um remake de jogos clássicos da franquia, sendo os repaginados da vez o par da quarta geração: Pokémon Diamond/Pearl (DS).
Diferentemente de Pokémon Omega Ruby/Alpha Sapphire (3DS) e outros remakes, no entanto, as aventuras reimaginadas da região de Sinnoh causaram polêmica em seu anúncio por terem sido colocadas como recriações totalmente fiéis de seus jogos base, tendo até mesmo um estilo gráfico totalmente diferente do utilizado por Pokémon Sword/Shield (Switch). Partindo disso, iremos discutir um pouco sobre o que podemos esperar dessas “novas” adições à série e se a preocupação inicial da base de fãs é ainda justificada.
O retorno de Sinnoh
Sinnoh retorna como plano de fundo e é a região onde a trama dos jogos ocorre. Este continente, baseado na área de Hokkaido no Japão, é mais gélido, porém ainda próximo em localização de Kanto, Johto e Hoenn. Temos o Mount Coronet como cadeia de montanhas que divide a região em duas partes, e outros locais interessantes como o Great Marsh, Eterna Forest e Iron Island fazendo seu retorno.
Tudo começa como qualquer jornada tradicional de Pokémon: você escolhe seu gênero, seu tom de pele (uma novidade trazida dos jogos mais recentes), e tem então de realizar a difícil escolha de seu monstrinho inicial: Turtwig, Chimchar ou Piplup, as opções de Pokémon do tipo grama, fogo e água, respectivamente. Ao fazer amizade com um deles, seu rival Barry também pegará um monstrinho de tipo superefetivo ao seu.
Não só a região, personagens e Pokémon são os mesmos de outrora vistos em Pokémon Diamond/Pearl, como Brilliant Diamond/Shining Pearl também tornam a aventura nostálgica ao trazerem um estilo visual mais próximo dos originais. Ao invés de termos personagens em escala real e um mundo tridimensional mais aberto, com a câmera fixa ou atrás do jogador como feito em Sword/Shield, retornamos a uma visão áerea e um visual “chibi” a fim de recriar a escala dos sprites e mundo da Sinnoh de 2006. Levando isso em consideração, o layout de cidades, cavernas, florestas, etc, está totalmente intacto, desde a geometria até à posição de NPCs e objetos.
Um remake fiel
O padrão de remakes da série Pokémon foi sempre bem claro: utilizar os originais como base e atualizá-los com os visuais, mecânicas e elenco de monstrinhos da geração atual. Desde Pokémon Let’s Go, Pikachu/Let’s, Go Eevee (Switch), entretanto, vimos uma quebra desse paradigma, já que a dupla de jogos do Switch seguiu uma linha de remake mais fiel aos originais e ao mesmo tempo tentou implementar mecânicas totalmente novas, como a captura inspirada no jogo de celular Pokémon Go.
Brilliant Diamond/Shining Pearl levam isso a um outro patamar, para além de apenas visuais mais “nostálgicos”. A dupla de remakes promete não trazer uma Sinnoh muito atualizada e adaptada à oitava geração, e sim quase que um repeteco da jornada de Diamond/Pearl por completo.
A primeira amostra disso é em como teremos provavelmente o mesmo elenco de Pokémon da antiga Sinnoh: apenas os monstrinhos existentes até então daquela época estarão presentes nestes remakes. Infelizmente, os fãs de criaturas introduzidas em Pokémon Black/White (DS) e adiante não poderão utilizar seus amigos aqui, tendo que se contentar com a Pokédex limitada dos jogos.
Por outro lado, isso também garantiu que mecânicas de Diamond/Pearl se tornassem presença garantida. Os Contests estão confirmados e um pouco repaginados trazendo um minigame rítmico, assim como o acessório Pokétch, utilizado originalmente na tela com toque do DS. A trama também segue fielmente a original, trazendo de volta os conflitos entre a Team Galactic e o lendário Dialga ou Palkia, a depender da versão.
Nem todas as mecânicas retornantes podem agradar a muitos, entretanto. Há uma possibilidade alta dos times de treinadores e líderes de ginásios serem fiéis aos de Diamond/Pearl, conhecidos por serem consideravelmente menos interessantes que os apresentados em Platinum, boa parte devido à Pokédex regional mais limitada do primeiro par da geração. Além disso, os TMs não infinitos foram confirmados e vão contra a melhoria realizada pela série na quinta geração, em que cada item de ensinamento de golpe havia se tornado infinito.
Melhorias e mudanças
Embora Brilliant Diamond/Shining Pearl estejam mirando em uma direção mais fiel de remake, felizmente não fomos privados da presença de algumas melhorias e novidades. A principal delas é o fim dos HMs: Sinnoh era conhecida por ter em sua região um abuso no uso destes golpes de overworld para progresso na história, tendo até mesmo a maior quantidade de HMs da história da franquia. Os remakes seguiram a trend iniciada por Pokémon Sun/Moon (3DS) e delegaram a antiga função dos golpes ao Pokétch, sendo agora possível, por exemplo, cortar uma árvore que exigia Cut chamando um Pokémon selvagem pelo relógio multiuso.
A Pokédex pode não ter tido uma expansão para abranger monstrinhos de gerações posteriores, porém isso não impediu que trouxessem o tipo Fairy, originalmente introduzido em Pokémon X/Y (3DS). Também podemos esperar que alguns golpes modernos, como Volt Switch, de gerações pós-Sinnoh também estejam presentes, o que possibilita que os movesets dos Pokémon sejam mais atualizados.
Quanto à distribuição de monstrinhos, outra adição bem-vinda foi a expansão do Underground. Antes um local apenas para construir Secret Bases, brincar com amigos em alguns minigames e cavar itens, agora a função também conterá as Pokémon Hideaways: várias pequenas áreas onde monstrinhos não presentes na Pokédex regional de Sinnoh podem aparecer, dependendo das estátuas posicionadas pelo jogador em sua Secret Base. Uma adição muito bem vinda considerando o quão limitada era a seleção de Pokémon em Diamond/Pearl, contendo apenas 151 criaturas antes do pós-jogo.
Outras mecânicas já presentes em Pokémon Sword/Shield, como o Exp. Share obrigatório e a PC Box móvel, fazem seu retorno, facilitando e agilizando o treinamento de monstrinhos. Fica a ressalva, todavia, de que não sabemos o quão balanceada a campanha será levando em conta estas duas novas features, já que podem facilmente deixar os jogos muito mais fáceis do que o habitual.
Fidelidade e seu preço
Os remakes de Sinnoh podem pagar um certo preço com sua mentalidade de focar apenas em seus jogos base. Sabemos que Diamond/Pearl não são jogos perfeitos, tendo muitas melhorias implementadas em Pokémon Platinum (DS), portanto fica o receio de que a aventura, mesmo com certos upgrades vindos dos jogos modernos, acabe perdendo muitas oportunidades de ter sido algo melhor elaborado.
Sabemos que a Battle Frontier dificilmente terá um retorno, por exemplo, e há também uma chance de não vermos nenhuma adaptação em termos de trama à Giratina, como outrora foi feito em Omega Ruby/Alpha Sapphire com Rayquaza. Além disso, seu escopo menor e isolado, bem como ter sido desenvolvido de forma terceirizada, fez com que os jogos perdessem certo charme que remakes anteriores possuíam: como redesigns de personagens e Pokémon de gerações mais atuais.
As melhorias propostas por Brilliant Diamond/Shining Pearl podem melhorar a aventura original, facilmente, puramente no quesito dos HMs e da velocidade com que as batalhas parecem ter ganho, um problema notável nos jogos originais. Todavia, fica aqui a preocupação de que fidelidade extrema nem sempre é o melhor caminho, principalmente quando isso acaba resultando em ignorar melhorias da anterior versão definitiva de Sinnoh. A resposta disso saberemos em breve, mais especificamente no próximo dia 19 de novembro, data de lançamento do par de remakes.
Pokémon Brilliant Diamond/Shining Pearl - Nintendo SwitchDesenvolvimento: ILCAGênero: RPGLançamento: 19 de Novembro de 2021Expectativa: 3/5
Revisão: João Gabriel Haddad