Como apelo é o que não falta e o jogo demonstrou ter potencial, é natural esperar atualizações que tragam conteúdos, sejam eles inéditos ou alterações em aspectos já existentes. Baseado nessa expectativa, resolvi listar o que eu acho que elevaria muito a qualidade de All-Star Brawl não só de forma geral, mas como um party game e como uma obra que reflita os pontos fortes que consagraram a Nickelodeon no ramo do entretenimento.
Novos personagens e estágios
Vamos logo tirar o mais óbvio do caminho. Desde que os DLCs viraram uma realidade frequente em videogames, uma das escolhas mais naturais para jogos de luta em particular é acrescentar novos lutadores e arenas de combate para trazer mais variedade de gameplay e introduzir elementos de estratégia — além, é claro, de atender a um desejo ou outro do público para que seus personagens favoritos ainda não incluídos cheguem ao game.
Nickelodeon All-Star Brawl foi lançado com uma respeitável quantidade de 20 personagens, cada qual com sua própria fase, mas nada a ser desbloqueado além de artes e músicas do jogo, e ícones de perfil para usar no modo online. É claro que aqui entra a complicação mencionada na minha análise: ter que lidar com várias propriedades intelectuais, muitas das quais internacionais, pertencentes a diferentes empresas.
A dificuldade e o esforço para incluir Sora em Super Smash Bros. Ultimate (Switch), inclusive com restrições óbvias em relação aos personagens da Disney, é o exemplo perfeito da complicação que esse tipo de conteúdo envolve. Porém, nesse quesito, já temos boas notícias iniciais, considerando que o CEO da Ludosity, uma das desenvolvedoras do jogo, já confirmou em entrevista pelo menos dois novos combatentes chegando em breve.
Especulações e dataminers apontam para o Destruidor, das Tartarugas Ninja, e Garfield como os primeiros DLCs a ser lançados. Seja como for, dependendo do sucesso de All-Star Brawl, podemos (e queremos) ver muito mais ao longo do tempo, contribuindo para um elenco ainda mais rico e representativo do que são os Nicktoons.
Itens
O terror dos jogadores mais tryhard de Super Smash Bros. Sim, os itens são um recurso que claramente apela para o lado casual de qualquer jogo, não só de party games e party brawlers em geral, mas eles são parte integral do sucesso da franquia SSB e do gênero dos platform fighters. A diversão e a imprevisibilidade de algumas situações criadas pelo seu uso certamente atrai e cativa muita gente.
Os motivos para os itens desagradarem à parcela competitiva do público desses games são compreensíveis, já que eles representam um fator de equilíbrio bem aleatório no nível de jogo, dando a um jogador menos habilidoso mais chance de triunfar sobre um oponente superior. Porém, isso não significa que incluir itens seja obrigatoriamente uma decisão ruim de game design, até porque dar a escolha de desabilitá-los é algo que praticamente não requer esforço para se implementar.
Além disso, itens são mais um recurso que, dependendo do material-base de onde eles vierem, traz charme e personalidade à caracterização do seu game, e nesse departamento nós sabemos que a Nickelodeon tem um potencial virtualmente ilimitado. Uma prova disso está no próprio All-Star Brawl: a icônica bola com estrela do Tommy Pickles, dos Anjinhos, que figura como uma das opções de bola no modo Esporte.
Cores alternativas e skins
O ponto negativo que mais me deixou surpreso em Nickelodeon All-Star Brawl, ainda que não seja o mais grave, foi a completa ausência de cores alternativas para os personagens. Caso duas pessoas ou mais escolham o mesmo lutador, ele simplesmente terá seu esquema de cores original para todo mundo. É uma receita quase certa para a confusão, e não do tipo bom.
A solução é bem direta e relativamente simples, e também é uma prática comum em jogos de luta: lançar não apenas cores diferentes, mas também uniformes alternativos, as chamadas skins. Assim como no caso dos itens, aqui há criatividade suficiente entre os vários universos dos Nicktoons para introduzir roupas e fazer alusões bem nostálgicas, assim como já acontece com os golpes usados nas batalhas.
Mais uma vez, os dataminers foram ao resgate, e um vídeo publicado no YouTube alguns dias depois do lançamento do jogo pelo usuário GhostsPumpkinSoup revelou pelo menos uma skin alternativa para cada personagem. Um bom começo para corrigir um problema que nem deveria ter existido.
Uma história para o modo Arcade
Esse é um detalhe secundário, mas que certamente ajuda a evitar o tom genérico que permeia o aspecto narrativo (a completa inexistência dele, melhor dizendo) de Nickelodeon All-Star Brawl.
Um fiapinho de enredo que fosse já ajudaria, alguma explicação coerente para essa reunião de personagens, quem sabe até uma trama envolvendo a quebra da quarta parede, algo que se passe no nosso mundo, no qual a Nick de fato existe como um canal infantil. Pano pra manga é o que não falta.
Talvez essa seja mais uma questão que esbarre em problemas de direitos autorais e negociações envolvendo propriedades intelectuais, mas é realmente frustrante e desestimulante meramente passar por sete lutas sem qualquer explicação do porquê de aqueles personagens estarem ali.
Aquela repaginada nos menus
Outro ponto que grita uma falta de criatividade (ou de vontade) na caracterização de All-Star Brawl são a interface e o visual completamente genéricos dos seus menus. Quem acompanha ou já acompanhou a Nickelodeon como canal e marca sabe o que ela representa em termos de identidade visual e sonora, da sua icônica mancha laranja às variações da sua curta música-tema que tocam durante os intervalos comerciais.
Uma extreme makeover na UI e UX (interface e experiência de usuário, respectivamente) para refletir melhor o que é uma autêntica reunião de Nicktoons seria uma mudança de quality of life muito bem-vinda, se possível incluindo uma solução para a falta de dublagem, apesar de essa ser mais uma questão delicada para os desenvolvedores do game.
Cross-play
Por último, mas com certeza não menos importante, temos o tradicional recurso de cross-play entre plataformas, que até o momento não está disponível para Nickelodeon All-Star Brawl, seja apenas entre consoles ou entre consoles e PC. O usuário de uma plataforma pode se conectar e jogar online apenas contra adversários do mesmo sistema, o que obviamente limita o alcance de jogadores e impacta negativamente no tempo de espera para achar uma partida, por exemplo.
Sabemos que o cross-play é um recurso que exige esforço para ser implementado, que não basta estalar os dedos para fazer uma conexão estável entre múltiplas plataformas. Esse ponto é mais uma esperança do que uma reclamação — afinal, quanto mais pessoas puderem se conectar para jogar, melhor.
E você, o que espera para o futuro de Nickelodeon All-Star Brawl? Que personagem, fase ou funcionalidade você gostaria de ver no game? Conta nos comentários e vamos juntos alimentar esperanças — que muito provavelmente não serão correspondidas — de um dia ter uma trocação de socos entre iCarly e os Padrinhos Mágicos.
Revisão: João Gabriel Haddad