Mugen Senshi Valis (NES) é a trágica adaptação de uma obra-prima no console da Nintendo

Mesmo com um comercial impressionante para a época, o jogo não fez jus à série, mas serviu como o pontapé para o remake de PC Engine.

em 26/11/2021
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A adaptação para Famicom (nosso NES, aqui no Ocidente) de Mugen Senshi Valis não fez jus à série. Além de uma jogabilidade desastrosa e confusa, o jogo conseguiu destruir toda a história por trás dele, tornando-se mais um action side-scroller genérico e com dificuldade absurdamente elevada. No entanto, é a única aventura de Yuuko no NES e serviu como inspiração para a aclamada versão do PC Engine, que chega em breve ao Switch.

Adaptação desastrosa, mas importante

Valis é uma das primeiras séries de videogame a ser protagonizada por uma mulher. Em plenos anos 80, quando o NES abrigava Mario, Pit, Link e muitos outros nomes de peso, um jogo liderado por uma garota parecia algo inimaginável. Mugen Senshi Valis não apenas colocou uma estudante colegial sob os holofotes, como também foi praticamente o pioneiro no gênero bishoujo — gênero este que, posteriormente, ganharia o mundo com Sailor Moon e ficaria conhecido como mahou shoujo.

Em 1987, a Telenet Japan levou para o NES uma adaptação do primeiro jogo da série Valis, criado para MSX e PC-88 pela Wolf Team. Com um comercial que mais parece um anime da época, a missão de Yuuko para salvar três mundos do megalomaníaco Rogles prometia ser algo épico, mas a execução deixou, e muito, a desejar.


A adaptação para NES trazia uma jogabilidade confusa e labiríntica, em oposição ao lançamento original. O jogo passou a ser uma espécie de exploração na qual precisávamos controlar Yuuko em um backtracking infinito a fim de encontrar o final de cada estágio.

Somando isso à elevada dificuldade do jogo e ao fato de que não existiam checkpoints, Mugen Senshi Valis conseguiu falhar em trazer entretenimento. Power-ups, upgrades e itens de recuperação de vida só podiam ser obtidos ao visitar certos estabelecimentos, às vezes sendo necessário visitá-los repetidas vezes para “estocar” certos itens, e o jogador não tinha acesso aos mapas dos estágios.

Isso se provou bastante dificultoso especialmente durante a exploração do Dream World (Vecanti), já que Yuuko precisava conversar com os habitantes locais para conseguir dicas valiosas de como prosseguir na jornada. Em caso de game over, a heroína voltava para o começo da área em que estava, precisando fazer tudo novamente.


Outro fator decepcionante na versão para NES é a apresentação audiovisual, muito aquém da qualidade de outras produções da mesma época para o console. Todos esses aspectos fizeram com que Mugen Senshi Valis fosse um fiasco total, com cenários e sprites repetidos e músicas cansativas. Se dependesse apenas do Famicom, muito provavelmente a série teria morrido com o console.

No entanto, a versão de NES de Mugen Senshi Valis com certeza foi o pontapé que motivou a Telenet a repensar a adaptação do jogo para Mega Drive e PC Engine, no início dos anos 90, alavancando seu sucesso como um todo. O sucesso rendeu mais dois jogos principais (Valis II e Valis III) e uma sequência (Valis IV), esta também lançada para SNES e atualmente disponível para assinantes do Nintendo Switch Online.

Revisão: Thais Santos
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Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas.
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